Estação Ecológica de Pirapitinga
A Estação Ecológica de Pirapitinga está localizada no estado de Minas Gerais, no leito do rio São Francisco. Criada em 1987, ela corresponde a uma ilha artificial, criada pela Usina Hidrelétrica de Três Marias.
Estação Ecológica de Pirapitinga |
Esfera Administrativa: Federal |
Estado: Minas Gerais |
Município: Três Marias |
Categoria: Estação Ecológica |
Bioma: Mata Atlântica |
Área: 1.384,49 hectares |
Diploma legal de criação: Decreto nº 94.656, de 20 de julho de 1987 |
Coordenação regional / Vinculação: CR11 - Lagoa Santa |
Contatos: Av. Eng. Julio Augusto nº 3 - Três Marias/MG – CEP: 39.205-000
(38) 3555-6138/ (31) 9744-3359 |
Índice
Localização
Situada na confluência do córrego Riachão com o rio São Francisco(entre as coordenadas 18°20’S -18°23’S e 45°17’W -45°20’W), a Estação Ecológica de Pirapitinga localiza-se numa ilha artificial de 1.090ha, no reservatório da Usina Hidrelétrica de Três Marias, na região central do Estado de Minas Gerais, no Município de Morada Nova de Minas. Localizada na região do Alto Rio São Francisco, fica à montante de Pirapora e a cerca de 270km de Belo Horizonte, 459km de Brasília, 731km do Rio de Janeiro e 847km de São Paulo, principais centros urbanos brasileiros.
Como chegar
O acesso à Estação Ecológica de Pirapitinga dá-se a partir da Cidade de Três Marias por via aquática ou terrestre. A via mais utilizada é o deslocamento aquático, uma vez que o terrestre só ocorre na época da seca, quando o nível do reservatório se encontra abaixo da cota de 560, o que possibilita o acesso por veículo.
Ingressos
Atualmente não ocorrem, na EEP, atividades de visitação com finalidade educacional de forma rotineira e estruturada.
Onde ficar
Objetivos específicos da unidade
• Preservar uma amostra do bioma Cerrado, em todas as suas fitofisionomias, assegurando os processos sucessionais.
• Contribuir para a manutenção da viabilidade ecológica de populações de fauna e flora associadas à ilha, em longo prazo.
• Proteger as espécies de flora ameaçadas de extinção no Estado de Minas Gerais, como a sucupira-branca Pterodon emarginatuse o baru Diptera alata.
• Assegurar a proteção dos ambientes necessários à reprodução do jacaré-do-papo-amarelo Caiman latirostris e do anfíbio Ameerega flavopicta.
• Servir de abrigo para as espécies de fauna ameaçadas de extinção como: onça parda Puma concolor, onça preta Pantera onca, jaguatirica Leopardus pardalis, lobo guará Chrysocyon brachiurus e tatu canastra Priodontes maximus.
• Proteger as aves migratórias, como o cabeça-seca Mycteria americana e a águia-pescadora Pandion haliaetus, assegurando seu pouso e descanso, durante sua passagem pela Estação Ecológica.
• Contribuir para a conservação da bacia do rio do Boi, rio Indaiá e rio Borrachudo, contribuintes do rio São Francisco.
• Incentivar e apoiar a produção de conhecimento científico do meio biótico, abiótico e histórico-cultural direcionado ao manejo, preservação e monitoramento da Estação e sua Região.
• Incentivar e apoiar a realização de pesquisas experimentais voltadas ao desenvolvimento de tecnologias e práticas que visem a recuperação de ecossistemas degradados no Bioma Cerrado.
• Proporcionar oportunidades de interpretação e sensibilização ambiental, em ambiente protegido, levando-se a compreensão da importância da preservação da unidade, e estimulando-se a formação de consciência ambiental.
• Valorizar e difundir a cultura e o conhecimento das comunidades locais sobre a biodiversidade, na região da Estação Ecológica do Pirapitinga.
• Contribuir para o recrutamento natural do estoque pesqueiro das áreas adjacentes à Estação Ecológica do Pirapitinga.
Histórico
A criação da Estação Ecológica do Pirapitinga (EEP) é remontada aos estudos com a finalidade de melhorar as condições de navegabilidade do rio São Francisco, que se iniciaram em 1853. A barragem de Três Marias fazia parte do Plano Geral para o Aproveitamento Econômico do Vale do São Francisco, lançado em 1946. Este Plano definia a regularização do fluxo do rio São Francisco como a questão-chave para o desenvolvimento regional, recomendando a construção de uma série de barragens para a melhoria das condições de navegação nas épocas de estiagem, o controle das enchentes que periodicamente assolavam as populações ribeirinhas, a produção de hidroeletricidade, a irrigação, o aproveitamento agrícola das áreas das vazantes e o saneamento urbano. Em 15 de dezembro de 1948 foi criada a Comissão do Vale do São Francisco(CVSF), Lei No 548, visando à execução do Plano, no qual coube às Centrais Elétricas de Minas Gerais (CEMIG) construir e operar a Usina Hidrelétrica de Três Marias (Melo, 2006 apud Giácomo, 2009). As obras da barragem de Três Marias (oficialmente, Usina Bernardo Mascarenhas) iniciaram-se em 14 de setembro de 1956, por meio de convênio da Companhia do Vale do São Francisco (CODEVASF) com a CEMIG, tendo sido inaugurada em 14 de janeiro de 1961.
Com o enchimento do reservatório da Usina de Três Marias, ainda em 1962, a área onde hoje se situa a EEP (que pertencia a uma antiga fazenda desapropriada pela Comissão do Vale do São Francisco para a criação do reservatório) adquiriu a feição de ilha, situação que ocorre quando é atingida a cota 570m, na confluência do córrego Riachão com o rio São Francisco.
Na época residiam na fazenda 77 famílias, cuja principal atividade era a criação de gado, havendo também o sistema de meeira nas plantações às margens do Rio São Francisco e veredas. Foi dessa fazenda que foi retirada a madeira para o fabrico dos dormentes da estrada de ferro até Corinto.
Em 1980, foi celebrado um Contrato de Comodato entre a CODEVASF e a SEMA, para a cessão do imóvel situado na represa de Três Marias, por um prazo de 10 anos, podendo ser prorrogado por igual período, desde que não houvesse manifestação em contrário, por parte de um dos contratantes.
Em 1983, a CODEVASF repassa ao Serviço do Patrimônio da União (SPU) as terras em que hoje se situa a EEP.
Entre os anos de 1984 e 1985 foram construídas as casas que hoje abrigam os alojamentos de funcionários e pesquisadores na área que se tornaria a Estação Ecológica de Pirapitinga e que se encontram lá até hoje.
No ano de 1986 o SPU entrega o título da área para a SEMA e após processo administrativo interno, foi finalmente criada a Estação Ecológica de Pirapitinga pelo Decreto Nº 94.656, na data de 20 de julho de 1987, com tamanho aproximado de 1.090ha.
Cabe informar que medições em campo e com auxílio de software de geoprocessamento apresentaram resultados de que a UC possui uma área total de 1.384ha (ou 13,84km).
Atrações
Aspectos naturais
Relevo e clima
Clima:
O clima da região de Três Marias é dotipo AW de Köppen, isto é, clima quente e úmido, com estação seca de inverno e vegetação de savana.
Na bacia do Alto São Francisco predominam climas tropicais úmidos e subúmido, com temperatura média anual que oscila entre 21ºC e 22ºC. A temperatura média anual varia de acordo com a estação do ano e a localização. Junho e julho exibem as médias térmicas mais baixas do ano, em torno de 17,7°C. Janeiro e Fevereiro apresentam as médias mais altas, que giram em torno de 23,3°C.
A precipitação média anual na bacia do Alto São Francisco é de 1.372mm, mas a chuva anual pode variar desde menos de 600mm, até mais de 1.400mm, nas nascentes localizadas no Alto São Francisco, no Estado de Minas Gerais.
O trimestre mais chuvoso na bacia do Alto São Francisco é de novembro a janeiro, contribuindo com 53% da precipitação anual, enquanto o período mais seco é de junho a agosto.
A evapotranspiração média é de 1.000mm/ano, apresentando valores elevados em toda região. Os altos valores de evapotranspiração observados na região são função, basicamente, das elevadas temperaturas, da localização geográfica intertropical e da reduzida nebulosidade na maior parte do ano. A evapotranspiração responde, na bacia do Alto São Francisco, por expressivas perdas d’água. A elevada evapotranspiração potencial, na maioria das vezes não compensada pelas chuvas, faz com que sejam observados na região, altos valores de déficit hídrico nos solos que variam de 200 a 400mm na bacia do entorno da usina de Três Marias. Em uma avaliação preliminar de balanço hídrico físico, ou seja, sem a interferência dos usos, estima-se que, dos valores precipitados na bacia, cerca de 84% evaporam-se e se evapotranspiram, 11% escoam por meio de cursos d’água e 5% infiltram-se nas camadas subjacentes do solo, realimentando os aquíferos.
Relevo:
O relevo da EEP é predominantemente plano a suave ondulado, com amplitude da ordem de 50m e altitudes entre 560 e 630m (Azevedo et alii., 1987; Giácomo, 2009). A borda centro-oriental da "ilha" tem declividade mais acentuada e o perfil-longitudinal da rede de drenagem é nitidamente menor do que o da borda centro-ocidental, indicando uma dissimetria do relevo. As áreas planas a suave onduladas predominam nas partes sul e noroeste, com declividade inferior a 10%. Ao contrário, nos setores central e nordeste o relevo varia de ondulado a forte ondulado, apresentando vertentes côncavas e convexas, com declividade entre 10% a 45% (Azevedo et alii., 1987).
Nas áreas com declividade entre 2% e 10%, com cobertura vegetal densa, domina o escoamento do tipo difuso. Nas áreas com declividade entre 10% e 45% o escoamento é predominantemente concentrado e coincide com as áreas de menor cobertura vegetal (Azevedo et alii., 1987).
Fauna e flora
Vegetação:
A vegetação na Estação Ecológica de Pirapitinga e constituída por elementos arbóreos com até 25m de altura e densidade variável. Ocorrem, na EEP, duas fitofisionomias distintas: florestal e savânica, sendo que a primeira predomina em relação à segunda (Azevedo et alii., 1987; Giácomo, 2009). Giácomo (2009) constatou uma correlação espacial entre a vegetação e o tipo de solo encontrados na EEP: nas áreas onde ocorrem o latossolo vermelho a vegetação apresenta porte florestal; nas áreas de cambissolo háplico, a vegetação é do tipo savânica.
Giácomo (2009) constatou uma correlação espacial entre a vegetação e o tipo de solo encontrados na EEP: nas áreas onde ocorrem o latossolo vermelho a vegetação apresenta porte florestal; nas áreas de cambissolo háplico, a vegetação é do tipo savânica.
Em levantamento na EEP, Giácomo (2009) registrou 4.940 indivíduos distribuídos em 117 espécies, 90 gêneros e 44 famílias. As famílias de maior ocorrência foram Fabaceae (21 spp), Vochysiaceae (7 spp) e Bignoniaceae (6 spp). Em todas as áreas amostradas, a curva espécie/área tendeu a estabilização, e nas áreas de mata mesofítica, campo sujo e cerrado sensu stricto ela estabilizou-se completamente, o que demonstra que a amostragem realizada foi suficiente para representar as formações vegetais estudadas.
Oliveira (2009), por ocasião de levantamentos na EEP pelo método de quadrantes com a inclusão, no levantamento, de indivíduos com circunferência à altura do peito (CAP) maior ou igual a 15cm, identificou outras 10 espécies ausentes no estudo de Giácomo (op cit.).
Fauna:
A presença de espécies da fauna é bem rica na EEP, variando de plânctons a mamíferos, passando por zooplânctons, insetos, peixes, anfíbios, répteis e aves. Maior detalhamento do número de espécies descrito no plano de manejo da EEP, disponível na fonte.
Problemas e ameaças
Incêndios:
Desde 1962, com o enchimento do reservatório da Usina Hidrelétrica de Três Marias, não foi registrada a ocorrência de incêndios na área da EEP. Embora nunca tenha havido incêndios na Estação, há preocupação decorrentes do acúmulo de material combustível, que associado às condições climáticas, no período de seca, principalmente entre os meses de junho a agosto, podem levar a incêndios de grande proporção. Com este cenário, existem discussões sobre a melhor forma de se agir em casos de incêndios naturais, em áreas não apresentam histórico frequente de fogo, como a Estação Ecológica.
Nesse contexto, a Unidade de Conservação não possui brigada contratada e nem previsão de contratação. Ao mesmo tempo, a UC possui, atualmente, quatro instrutores de combate a incêndios florestais. Além deles, cinco funcionários terceirizados da EEP foram capacitados brigadistas, sendo essa uma atividade constante.
Além do pessoal da EEP, capaz de fornecer o primeiro combate a incêndios, algumas empresas da região, membros do Conselho Consultivo, possuem brigadistas contratados, que podem ser solicitadas em caso de emergência. Destaca-se também que o Estado de Minas Gerais conta com um sistema de prevenção e combate a incêndios florestais e que possui uma base operacional na Cidade de Curvelo, distando aproximadamente 130km da Cidade de Três Marias. Essa base possui aeronaves que podem ser utilizadas para apoio aéreo.
As pistas de pouso na Ilha do Boi, na Fazenda Morada Bela e o aeroporto da Cidade de Três Marias são os principais pontos de apoio aéreo no combate a possíveis incêndios na EEP. Dessas, a pista da Ilha do Boi é a mais próxima da EEP.
Para organizar e planejar a forma de realizar as ações de prevenção e combate a incêndios, a UC tem um Plano de Proteção que inclui o Plano de Prevenção de Combate aos Incêndios da EEP e que prevê uma série de atividades visando à prevenção, assim como as estruturas e equipamentos necessários ao combate.
Outras Ocorrências:
A represa de Três Marias não conta com sinalização náutica, bem como não apresenta uma rota de navegação definida. Com isso é relativamente fácil se perder durante o trajeto embarcado no lago.
O lago, em função das constantes e imprevisíveis mudanças de correntes de vento, pode apresentar em caso de vento e de chuvas fortes, ondas, localmente denominadas maretas. Essas ondas podem levar a acidentes com embarcações. Ainda pode ocorrer nevoeiro, associado ou não às chuvas, que prejudica a visibilidade e se torna fator complementar para a ocorrência desses acidentes, ou situações em que as embarcações ficam perdidas ou os tripulantes inseguros para continuar a viagem.
Essas ocorrências também têm impacto para os as atividades de visitação, educação ambiental e sensibilização desenvolvidos pela própria UC, uma vez que é necessário observar o tempo para a navegação e a segurança dos envolvidos em embarcações apropriadas para o transporte de passageiros, incluindo seguro da embarcação, que a EEP ainda não possui.
Ameaças à fauna silvestre:
As principais ameaças à fauna da EEP incluem a caça e a presença de espécies exóticas (cão, cavalo e gado), que ocorre no período em que o reservatório de Três Marias, em sua cota mínima, possibilita a ligação da EEP ao continente.
Fora da Estação, as principais ameaças à fauna aquática na represa de Três Marias são as espécies exóticas invasoras e as atividades poluidoras dos recursos hídricos que incluem, nas sub-bacias dos rios Pará e Paraopeba (afluentes da represa), as atividades de mineração, indústrias, horticultura, avicultura, suinocultura, despejo de esgotos sem tratamento, retirada de matas ciliares e destruição de lagoas marginais.
Fontes
Plano de Manejo: Estação Ecológica do Pirapitinga. ICMBio. Disponível em: <http://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/docs-planos-de-manejo/esec_pirapitinga_pm.pdf> Acessado em: 23 de maio de 2016.
Esec de Pirapitinga. ICMBio. Disponível em: <http://www.icmbio.gov.br/portal/unidadesdeconservacao/biomas-brasileiros/cerrado/unidades-de-conservacao-cerrado/2065-esec-de-pirapitinga?highlight=WyJlc2VjIl0=> Acessado em: 23 de maio de 2016.
Todo o texto aqui disponível foi retirado e devidamente adaptado das fontes.