Área de Proteção Ambiental de Macaé de Cima

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Área de Proteção Ambiental de Macaé de Cima
Esfera Administrativa: Estadual
Estado: Rio de Janeiro
Município: Nova Friburgo
Categoria: Área de Proteção Ambiental
Bioma: Mata Atlântica
Área: 35.038 hectares
Diploma legal de criação: Decreto Estadual n°29.213, de 14 de setembro de 2001.
Coordenação regional / Vinculação: Instituto Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro - Inea
Contatos: Telefone: (22) 2542-9530

E-mail: apamacaedecima@gmail.com

Localização

A APA de Macaé de Cima, com uma área de 35.037 hectares, localiza-se na porção sul do município de Nova Friburgo e na porção norte do município de Casimiro de Abreu, na região serrana do estado do Rio de Janeiro. Distribui-se nos distritos de Lumiar, São Pedro da Serra e parte de Mury, 5º, 7º e 8º distritos de Nova Friburgo, constituindo 97,02% da área da APA. Em Casimiro de Abreu os 2,98% restantes da APA estão no distrito-bairro de Villa São Romão. A APA faz fronteira com cinco municípios: Macaé, Trajano de Morais, Bom Jardim, Cachoeiras de Macacu e Silva Jardim e estende-se pelas serras do Taquaruçu, São Bernardo, Macaé de Cima, Rio Bonito e Boa Vista e engloba o alto curso da Bacia Hidrográfica do Rio Macaé.

Como chegar

Ingressos

Não há cobrança de ingresso

Onde ficar

Em Nova Friburgo há inúmeras opções de hospedagem.

Objetivos específicos da unidade

A APA Estadual de Macaé de Cima, Unidade de Uso Sustentável, criada pelo decreto 29.213 de 14 de setembro de 2001, tem como objetivos assegurar a preservação dos remanescentes de Floresta Ombrófila Densa e as inúmeras espécies da fauna e da flora nativas, bem como a proteção das bacias dos mananciais do Rio Macaé, Rio Bonito, Rio das Flores, Rio Santo Antônio e demais afluentes garantindo a manutenção da qualidade da água.

Histórico

A APA apresenta uma diversidade cultural formada a partir de suas raízes históricas. Embora a sua colonização oficial remonte ao início do século XIX quando em 1818 D. João VI autorizou a vinda de 100 famílias de colonos suíços para fundar a Vila que deu origem ao município de Nova Friburgo, essas terras possuem indícios de ocupação anterior por populações indígenas e quilombolas. Essa importante herança se faz presente até hoje nos produtos típicos da agricultura familiar local com o plantio de inhame (de origem africana) e aipim (de origem indígena).

Atualmente as principais atividades econômicas da área da APA de Macaé de Cima são a agricultura, o turismo e pequenas confecções. A área também possui alto potencial para a introdução de alternativas econômicas, pautadas no uso de recursos naturais de forma sustentável, como é o caso de manejo de espécies vegetais de interesse econômico e produtos florestais não madeireiros que trarão melhoria da qualidade ambiental e das condições sociais da população residente no interior da UC.

A APA de Macaé de Cima pode ser considerada como estratégica na proteção de uma significativa porção da Mata Atlântica dentro do Estado do Rio de Janeiro, representando área importante para a conservação de espécies da fauna e flora, além de ecossistemas únicos na região sendo considerada pelo Ministério de Meio Ambiente, uma das áreas com Prioridade de Ação e Importância para Biodiversidade – Extremamente Alta (Código Ma756). Além da proteção à flora e à fauna, a Unidade é de essencial importância para a conservação dos recursos hídricos, compreendendo um grande número de nascentes que propiciam uma complexa rede de drenagem que compõe a bacia do Rio Macaé e suas sub-bacias. Os aspectos físicos da APA, pelo que lhe confere seu conjunto serrano, talvez seja um dos seus maiores atributos para a conservação.

Atrações

As serras e escarpas cobertas por densa vegetação, e os picos e cachoeiras compõem um cenário de rara beleza através de paisagens únicas. Essas características fazem da APA um local atrativo para a visitação pública e representa uma oportunidade de lazer para a comunidade do entorno. Para o turismo e ecoturismo, a APA é igualmente importante, pois proporciona locais perfeitos para a prática de esportes radicais e de aventura aliados a pousadas tranquilas e a uma gastronomia diferenciada.

A área possui uma grande riqueza histórica, resultante dos quase 200 anos de colonização europeia. A diversidade cultural também é peculiar, oriunda das influências portuguesas, suíço-germânicas, africanas e indígenas e que está expressa não só em seus habitantes nativos mas também em suas construções e costumes. Neste contexto, destacam-se a Capela de São Pedro, igreja mais antiga do município de Nova Friburgo, a igreja velha ou “igreja- mãe” de Lumiar, o Casarão de Lumiar e as moradias típicas dos agricultores da região.

Aspectos naturais

A APA abrange 8% da área total da Bacia do Rio Macaé, onde estão situadas as nascentes dos rios Bonito, das Flores, São Romão, Boa Esperança e do próprio rio Macaé. Esta bacia hidrográfica é uma das principais bacias do estado do Rio de Janeiro, com área de drenagem de 1.765 km2 , contando com importantes rios que abastecem diversas cidades.

A APA abrange uma importante zona de recarga. Áreas de recarga são os pontos de afloramento por onde o aquífero se realimenta com as águas da chuva e a profundidade dos lençóis freáticos diminui. Os processos geológicos e geomorfológicos formam a grande malha de drenagem, rica em rios caudalosos, corredeiras e nascentes límpidas. Esta característica do relevo representa uma configuração extremamente diferenciada, onde processos do meio físico, que remontam a tempos longínquos em escala de centenas de milhões de anos, formam cenários de beleza ímpar, com cachoeiras, panoramas, picos etc. A APA está localizada numa região formada pelas escarpas serranas da Serra de Macaé que apresentam desnivelamentos extremamente elevados, com vertentes rochosas muito íngremes, podendo apresentar altitude superior a 1.500m.

Relevo e clima

O clima é tropical de altitude, cuja temperatura varia entre 9,5 e 27 graus Celsius, com uma temperatura média máxima anual de 24,3°C e uma mínima de 13,8°C. A umidade relativa do ar é bastante alta, permanecendo 9 meses acima de 80%. A média anual de chuvas é de 1.279,8 milímetros, e o período mais chuvoso é de novembro a março, com variação média de 221 a 380 milímetros. A alta pluviosidade proporciona rios caudalosos e contribui para a perenidade dos rios. O rio mais importante da APA é o rio Macaé, cuja nascente fica a 1.560 metros de altitude, próximo ao Pico do Tinguá e tem um percurso de 50km na APA, correspondendo a 36,8% do seu percurso total, até a foz. Uma característica do rio Macaé é a presença de pontos com queda mais abrupta e trechos em corredeira mais forte, fator causado pelo relevo acidentado típico da Serra do Mar.

A feição geológica predominante que ocupa 70,49% do total da área é a Unidade São Fidelis. As outras feições geológicas são: Depósitos aluvionares, Granito Sana, Granito Nova Friburgo, Leucogranito. Estas são típicas de bacias sedimentares em margens continentais que proporcionam relevo acidentado com destaque para os picos montanhosos de grande exuberância, como por exemplo a Pedra Riscada, Pedra da Bicuda e Pedra de São Caetano. As escarpas serranas da Serra de Macaé apresentam desnivelamentos extremamente elevados, com vertentes rochosas muito íngremes, podendo apresentar altitude superior a 1.500m. Os solos predominantes são os Latossolo vermelho amarelo distrófico (51.8%), e Cambissolo Háplico (39.08). Estes dois tipos de solos apresentam suscetibilidade a erosão de moderada a forte, dependendo do relevo e das condições da cobertura vegetal.

Fauna e flora

A APA está incluída em um dos blocos mais representativos de Mata Atlântica do estado do Rio de Janeiro, que ocupa 71,18% de toda a área. Sua Mata Atlântica está representada por:

• Floresta Ombrófila Densa Submontana Ocorre entre 200 e 500 metros de altitude, distribuída em 15% da área, em especial na porção oeste e acompanhando o leito do rio Macaé.

• Floresta Ombrófila Densa Montana Ocorre entre 500 e 1500 metros de altitude, distribuída em toda a área, desde as porções leste até oeste e do norte ao sul, ocupando uma área de 67,82% do total da área da APA.

• Floresta Ombrófila Densa Alto Montana Ocorre acima dos 1500 metros de altitude e ocupa 1,33% da área da APA, distribuindo-se em pequenas porções localizadas na extremidade oeste e noroeste e uma pequena porção na extremidade nordeste.

• Campo de Altitude Ocorre a partir dos 800 metros de altitude e distribui-se em pequenas porções no topo de alguns morros. Localiza-se na extremidade noroeste e sudoeste e, minoritariamente na extremidade nordeste, em 0,53%. No levantamento da vegetação registraram-se 876 espécies de Angiospermas, 2 de Gimnospermas e 86 Pteridófitas, distribuídas em 107, 2 e 18 famílias respetivamente.

As famílias mais representativas entre as Angiospermas foram Melastomataceae, Bromeliaceae e Rubiaceae e os gêneros Leandra, Euterpe e Mariania foram os mais abundantes. Entre as Pteridófitas as famílias mais expressivas foram Dryopteridaceae e Polypodiaceae, sendo os gêneros mais abundantes foram Asplenium e Elaphoglossum. As duas únicas espécies de Gimnospermas encontradas pertencem à família Podocarpaceae. Entre as espécies encontradas 27 são endêmicas do Estado do Rio de Janeiro e 38 são endêmicas especificamente na área da UC. A APA é rica também em espécies de importância econômica, sendo encontradas 38, entre as quais 4 são ameaçadas de extinção. Na APA são encontradas 93 espécies vegetais raras. Outro fator preponderante é a grande quantidade de espécies vegetais ameaçadas de extinção, sendo encontradas 74 entre as quais 6 também são endêmicas.

Quanto à fauna, registraram-se 20 espécies de peixes, 77 de répteis e anfíbios, 525 de aves e 104 de mamíferos. Essa região inclui 2 das 5 espécies endêmicas do Estado também ameaçadas de extinção (Tijuca condita e Myrmtherula fluminensis), além de 144 espécies endêmicas de Mata Atlântica e ameaçadas. Merecem destaque 2 espécies de peixe: o cascudo Pareiorhaphis garbei, que está na lista dos ameaçados de extinção do MMA de 2004 e a piabanha, Brycon insignis, que figurava como espécie de importância econômica da região e que já não é vista pela população local a mais de uma década. Para as aves, a Região Serrana Central, que inclui a área da APA de Macaé de Cima, é uma das áreas com maior concentração de endemismo, totalizando 146 espécies ameaçadas de extinção. Apesar de não terem sido registradas espécies endêmicas de mamíferos para a região, existem 35 espécies ameaçadas de extinção.

Problemas e ameaças

Fontes

Decreto de Criação da APA Macaé de Cima

Plano de Manejo da APA Macaé de Cima

Página do Inea