Parque Estadual do Desengano
Localizado no Norte do Estado, o Parque Estadual do Desengano (PED) abrange parte dos municípios de Santa Maria Madalena, São Fidélis e Campos dos Goytacazes. A Pedra do Desengano é seu principal atrativo e ponto culminante, com 1.761 metros de altitude. Além da grande relevância ecológica dessa unidade de conservação, uma rica cultura no seu entorno e a diversidade de seus atrativos naturais possibilitam a recreação e o turismo ecológico.
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Parque Estadual do Desengano |
Esfera Administrativa: Estadual |
Estado: Rio de Janeiro |
Município: Santa Maria Madalena, São Fidélis e Campos dos Goytacazes. |
Categoria: Parque |
Bioma: Mata Atlântica |
Área: 25.000 hectares |
Diploma legal de criação: Criado pelo Decreto-lei Estadual nº 250 de 13 de abril de 1970. |
Coordenação regional / Vinculação: Inea - Instituto Estadual do Ambiente / Dibap - Diretoria de Biodiversidade e Áreas Protegidas |
Contatos: Telefones: (22) 2561-3072 / 2561-1378 |
Índice
Localização
Localizado no Norte do Estado, o Parque Estadual do Desengano (PED) abrange parte dos municípios de Santa Maria Madalena, São Fidélis e Campos dos Goytacazes.
Sede administrativa: Avenida José Dantas dos Santos, 35 – Itaporanga – Santa Maria Madalena – RJ – entrada pelo Horto Florestal Santos Lima.
Como chegar
A partir do Rio de Janeiro existem duas rotas possíveis: Após a Ponte Rio-Niterói, seguir pela rodovia BR-101 passando por fora do município de Itaboraí. Em seguida, utilizar a saída 283 para a rodovia RJ-116, em direção à cidade de Nova Friburgo. É preciso permanecer nela até o município de Macuco, onde haverá um entroncamento para acessar a rodovia RJ-172. Nesta via, seguir por mais 35 km até Santa Maria Madalena, onde fica o parque. A segunda opção é um pouco mais distante, cerca de 260 km. Após a Ponte Rio-Niterói, seguir pela rodovia BR-101, em que passará pelos municípios de Tanguá, Rio Bonito e Casimiro de Abreu. Após este último, é preciso seguir por mais 70 km até chegar ao trevo de acesso à rodovia RJ-182, no sentido em direção ao município de Conceição de Macabu. Na RJ-182, seguir por mais 40 km até Santa Maria Madalena, onde fica o parque.
Existem linhas diárias que saem da rodoviária da cidade do Rio e de Nova Friburgo em direção a Santa Maria Madalena. O tempo estimado de viagem a partir do Rio é de seis horas. De Nova Friburgo para Santa Maria Madalena, o tempo estimado é de três horas. Na cidade de Macaé também há ônibus para Santa Maria Madalena, com tempo estimado de duas horas.
Ingressos
Horário de visitação: de terça a domingo, das 8h às 17h.
A entrada é gratuita.
Onde ficar
Nos municípios de Santa Maria Madalena e em Campo dos Goytacazes há diversas opções de hospedagem.
Objetivos específicos da unidade
Preservar os ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica; Possibilitar a realização de pequisas cientificas e proporcionar o desenvolvimento de educação e interpretação ambiental, de recreação e contato com a natureza e de turismo ecológico.
Histórico
A Serra do Desengano, localizada no noroeste fluminense, inspirou a criação do primeiro parque estadual do Rio de Janeiro, em 1970. O seu nome vem justamente do nome de sua maior elevação, a Pedra do Desengano, que possui 1.761 metros de altitude.
A região foi alvo da colonização portuguesa, principalmente no início do século XVII, que intensificou o povoamento das regiões norte e serrana a partir dos caminhos abertos por índios, bandeirantes e aventureiros, desenvolvendo-se ao redor das igrejas erguidas. Porém, só durante o século XIX, deu-se o apogeu da produção agrícola, com grandes plantações de milho, feijão, cana-de-açúcar, mandioca e, principalmente, café, cuja produção e importância econômica caracterizavam-se pelo espaço ocupado nas grandes fazendas.
As primeiras notícias sobre o município de Santa Maria Madalena estão relacionadas às atividades de José Vicente, um mateiro, que a procura de escravos fugitivos, desbravou suas matas, fixando-se onde hoje se localiza a Igreja Matriz. Depois de certo tempo de moradia José Vicente foi visitado por um padre francês aposentado, de nome José Frouthé, que procurava nativos necessitados de suas mensagens religiosas. José Vicente propôs ao religioso a troca de suas terras por uma espingarda, que o padre aceitou.
No terreno trocado com o religioso, desenvolveu-se o município de Santa Maria Madalena. Esta área na realidade foi desbravada por Manoel Teixeira Portugal, que depois deslocou-se para a região de São Fidelis, tendo criado em 1877 a fazenda São José do Bonsucesso, em local tido como com poucas chances de sucesso, e que hoje e por este motivo, dá nome ao Parque do Desengano.
Existe uma lenda sobre um contrabandista e salteador que operava nestas paragens, conhecido como Mão de Luva, que fugindo de intensa perseguição policial, embrenhou-se nos sertões da Serra do Imbé, seguindo depois em direção a forquilha. Segundo a lenda, deixou grande tesouro enterrado junto a uma tradicional figueira que tomou seu nome. Sugere-se também que o fato de nunca haver sido encontrado tão fabuloso tesouro seja o motivo do nome Desengano.
Atrações
Pedra do Desengano
Com 1.761 metros de altitude, é o ponto culminante do parque e um dos atrativos mais procurados. A trilha de acesso tem 3,6 km, com alto grau de dificuldade, devido, principalmente, à declividade do percurso. O tempo estimado de subida é de 4 horas. O caminho percorre a Serra dos Marreiros por trechos íngremes dentro da floresta, com passagem sobre lajes de pedra, cobertas de bromélias e orquídeas. Ao chegar ao cume, a vista é privilegiada. É possível ver a Serra da Morumbeca e a Serra Grande, que formam a paisagem conhecida como “mar dos morros”, compondo parte do Vale do Paraíba do Sul. Em dias de boa visibilidade, pode-se avistar também a baixada litorânea.
Cachoeiras Tombo d'água e Maracanã
Com mais de 70 metros de altura, a Cachoeira Tombo d’Água impressiona pela imponente queda e grande beleza. A Cachoeira Maracanã, com cerca de 5 metros de altura, forma uma piscina natural propícia para banho, tendo formação curiosa, como um anfiteatro, contendo em volta estruturas geológicas que lembram claramente as arquibancadas de um estádio, o que remete ao monumental estádio do Maracanã. As duas cachoeiras estão muito próximas, com menos de 10 minutos de caminhada entre os dois atrativos.
Mina
É composta por três pequenas cavidades abandonadas, resquícios de antiga exploração mineral, no alto da serra, junto a córregos e riachos. Mesmo após seu esgotamento, ainda é possível encontrar lâminas de Mica no local; este mineral ocorre associado à Gnaisse, sua rocha de origem.
A trilha de acesso apresenta trechos com subidas acentuadas, tornando o percurso de grau moderado de dificuldade, mesmo com a curta extensão de 520 metros. Vale ressaltar que duas das cavidades conectam-se, permitindo ao visitante o deslocamento no interior da mina.
Poço do Padre
Situado no Setor Morumbeca, o Poço do Padre é uma pequena queda-d’água que forma, em seguida, uma piscina natural, muito procurada, sobretudo no verão. O poço é cercado de uma floresta exuberante, e a trilha de acesso tem nível de dificuldade leve. O percurso totaliza aproximadamente 1.000 metros, sendo predominantemente plano, com tempo estimado de caminhada de 30 minutos.
Cachoeira Bonita
É formada por um afluente do Córrego Morumbeca e se destaca pela grande beleza cênica. O local fica situando logo abaixo do Poço Bonito, atrativo muito procurado pelos visitantes para banho.
No caminho até os dois atrativos é possível visualizar as corredeiras do rio que divide os municípios de Santa Maria Madalena e Campos dos Goytacazes, além das diversas piscinas naturais que se formam.
A trilha de acesso para a cachoeira tem 3,2 km, em que a maior parte pode ser realizada de moto ou carro, restando os últimos 500 metros de caminhada, aproximadamente. Considerando exclusivamente o trecho de caminhada, a trilha é considerada de grau de dificuldade leve, com tempo estimado de cerca de 20 minutos.
Travessia Poço Parado - Mocotó
Maior travessia do parque, com declive um pouco acentuado, apresentando diversos tipos de vegetação: mata fechada e em regeneração, pasto e capoeiras. No caminho ainda há pinguelas de madeira sobre o Rio Mocotó, com passagem por córregos, várias quedas-d’água e piscinas naturais de diferentes tamanhos. O trajeto percorre em grande parte o fundo do vale junto ao rio principal (Rio Mocotó), desde sua nascente, conhecido como Córrego da Malhada Branca, até a foz junto ao Rio Imbé. Esta trilha é bem singular pois cruza transversalmente o parque e oferece inúmeros atrativos naturais, cuja base reside na diversidade topográfica, vegetal, de recursos hídricos e, principalmente, de grande beleza paisagística, vista de seus mirantes. Como chegar: inicia na localidade conhecida como Poço Parado, em São Fidélis. O acesso à região se dá por estrada de terra, via Itacolomi.
O percurso total possui aproximadamente 17 quilômetros com duração estimada de 9 horas. A travessia é considerada de alto grau de dificuldade.
Aspectos naturais
Este é o último grande remanescente contínuo da Mata Atlântica. O parque estadual abriga paisagens serranas apenas conhecidas para montanhistas experientes. É uma das melhores áreas de observação de aves do estado do Rio, pois está localizada entre o limite norte a sul da Mata Atlântica.
Relevo e clima
O clima da região é tropical e apresenta temperaturas elevadas com chuva no verão e seca no inverno. A temperatura média anual é da ordem de 20°C, sendo que, nos meses mais frios, as mínimas são inferiores a 18°C.
O relevo se caracteriza por cristas de topos aguçados, morros, pontões e escarpas.
Fauna e flora
Fauna
Das 176 espécies de mamíferos encontradas no Estado do Rio, 33 foram identificadas na área do parque, 16 destas ameaçadas de extinção. Veado-mateiro (Mazama americana), a preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus), a onça-parda (Puma concolor) e a jaguatirica (Leopardus pardalis) podem ser citados, entre outros.
Entre os primatas estão o macaco-prego (Cebus apella), o bugio (Alouatta fusca) e o muriqui (Brachyteles arachnoides), escolhido como símbolo do parque. Também habitam a região várias espécies de tatus, a paca (Agouti paca), o quati (Nasua nasua) e a irara (Eira barbara).
Pequenos roedores, como o rato-do-mato (Delomys sublineatus), anfíbios, como a perereca-marsupial (Fritziana goeldi), lagartos (Tropidurus torquatus) e incontáveis insetos polinizadores estão presentes. Já foram identificadas por volta de 167 espécies de aves, muitas destas ameaçadas de extinção, como a jacutinga (Pipile jacutinga) e o macuco (Tinamus solitarius).
Flora
A vegetação característica do bioma Mata Atlântica está presente: floresta ombrófila densa, floresta estacional semidecidual e campos de altitude. A floresta ombrófila atinge em média 25 metros de altura, com espécies como jequitibás (Cariniana spp.), canelas (Ocotea sp., Nectandra sp.), palmáceas (palmiteiro, tucum), pteridófitas (samambaias diversas e xaxim), bromélias e orquídeas.
Já a floresta estacional semidecidual, isolada pela cadeia de montanhas e encontrada em locais de difícil acesso, é representada por espécies como o tamboril (Peltophorum dubium), a garapa (Apuleia leiocarpa), a caviúna (Dalbergia nigra) e o cedro (Cedrela fissilis), dentre outras. Os campos de altitude apresentam vegetação formada por gramíneas, líquens, briófitas, epífitas, bromélias e arbustos isolados, ocorrendo em altitudes acima de 1.600 metros.
Problemas e ameaças
A região do parque sofreu especialmente nos últimos 20 anos ações de desmatamentos no interior do parque e seu entorno. Ainda que o processo de retirada e corte limpo tenha reduzido em muito nos últimos anos, a ocupação humana em áreas prioritárias para conservação onde existem dezenas de espécies ameaçadas pode ser observada com frequência. Na região da Morumbeca a ocupação de sete famílias na década de 80 deu lugar a sítios para veranistas e pousadas informais dentro da área do parque. No mesmo local foram observadas queimadas, retiradas de madeira e implantação e degradação como barragem de nascentes e desvio de riachos. O corte seletivo na área do parque de espécies vegetais de alto valor para conservação foi observado em todas as áreas visitadas. O corte de palmito (Euterpe edulis) foi observado na Morumbeca, São Julião, Opinião, Agulha, rio do Norte e Mocotó. O palmito é alimento fundamental para a manutenção de mais de 30 espécies de frugívoros. Espécies procuradas por madeireiros na região como o vinhático (Platymenia foliolosa) e a massaranduba (Manilkara sp) figuram na alimentação de papagaios e as bicuíbas (Virola sp) na alimentação de macucos e inhambús. Também o desaparecimento dos ipês florestais (Tabebuia sp) contribuem para decrescer populações de beija-flores sendo este impacto difícil de mesurar. A caça foi observada diretamente ou através de indícios (tapirís, mundéus ou cevas) em todos as áreas visitadas. Nas áreas de baixada próximo aos assentamentos do Imbé e Novo Horizonte foi observada a figura do posseiro contratado para manter uma tapera rústica, comida e cevas a fim de receber caçadores oriundos de Campos e Rio de Janeiro.
Fontes
http://www.terrabrasil.org.br/eventos/desengano/desengano.htm
http://www.wikiaves.com.br/areas:pe_do_desengano:inicio
https://www.facebook.com/ParqueEstadualDoDesengano
http://www.inea.rj.gov.br/cs/groups/public/documents/document/zwew/mde5/~edisp/inea0019751.pdf http://infotrilhas.wordpress.com/2011/05/03/631/
http://www.dapweb.org/inea/ped.php
Parque Estadual do Desengano (PED)