Os escaladores são usuários tradicionais das montanhas e, consequentemente, de unidades de conservação. Entretanto, quando o assunto é uso público, a escalada costuma ficar em segundo plano, sem nenhum tipo de controle e de preocupação com o manejo. O objetivo principal do livro Manejo de Escalada: Manual sobre questões atuais e a produção de um Plano de Manejo é reverter esse cenário, traçando diretrizes gerais para o planejamento e o manejo da escalada.
O guia, produzido pela Acesso PanAm, em parceria com a Confederação Brasileira de Montanhismo e Escalada (CBME) e com a WWF-Brasil, foi divulgado em primeira mão para os participantes do 3º Encontro de Parques de Montanha. O evento contou com a participação de mais de 20 gestores, montanhistas (público-alvo principal do manual), e outros responsáveis pelo planejamento da visitação em áreas naturais. A proposta também é mostrar aos órgãos ambientais que é possível desenvolver outros usos dentro das unidades de conservação com um impacto mínimo e que nisto o uso público também é uma ferramenta de conservação.
Diretora executiva do Acesso PanAm e presidente da CBME, Kika Bradfort esteve diretamente envolvida na elaboração do guia. Kika, que também é escaladora, contou que o manual é uma resposta à grande demanda dos montanhistas, “defensores de acesso e conservação de montanhas na América Latina. Por isso ele foi produzido em português e espanhol”. Além disso, o manual também está disponível online no site da WWF-Brasil. Ela acrescentou ainda que, tanto para gestores de áreas protegidas quanto proprietários privados, “o manual oferece uma oportunidade de maior entendimento sobre as necessidades, expectativas, valores e princípios de escaladores, dos potenciais impactos positivos e negativos e as linhas gerais de um plano de manejo de escalada”.
As 140 páginas do livro vão desde detalhamentos básicos, como os diversos perfis de escalada e as demandas de cada um deles, até a elaboração do plano de manejo em si, que deve contemplar a escalada como possibilidade de uso – algo que hoje não acontece. De acordo com o manual: “É necessário entender esses efeitos – causas, potencialidades e soluções – para definir a melhor maneira de otimizar as mudanças benéficas e mitigar ou eliminar as negativas”. Por isso, é essencial que a atividade seja parte do planejamento de gestão da unidade, para estabelecer um padrão de uso e para entender os efeitos da prática, para que ela tenha o mínimo impacto possível.
A coordenadora do Programa Mata Atlântica e Marinho da WWF, Anna Carolina Lobo, conta que “esse projeto nos chamou muita atenção porque ele é uma iniciativa única e ainda pioneira no Brasil”. Carolina ressaltou ainda que uma das diretrizes da ONG, responsável pelo Movimento Borandá, é fomentar a cultura da vida ao livre e “fomentar a atividade da escalada com o manejo e uma atenção de conservar o ambiente que os escaladores utilizam é fundamental”.
Como o próprio manual deixa bem claro: não existe uma fórmula pronta. , mas Seu objetivo é fornecer exemplos – até mesmo de áreas protegidas fora do Brasil – que podem servir como inspiração para o desenvolvimento de uma solução local, adequada ao contexto específico da unidade de conservação. Como concluiu Kika: “esperamos que a escalada seja melhor manejada e os acessos permaneçam abertos”.
Faça aqui o download do manual Manejo de Escalada