Na semana passada (04 e 05/05), mais de 20 gestores de unidades de conservação , além de representantes de órgãos ambientais, ONGs, organizações de montanhistas e escaladores se reuniram para debater o uso público nos parques. O principal assunto do 3º Encontro de Parques de Montanhas foi como a visitação pode ser efetivamente uma ferramenta de conservação e de que formas pode ser feito o manejo dessas atividades de uso.
O Encontro marcou a divulgação do manifesto do Movimento Parques para Todos, que foi simbolicamente entregue aos órgãos ambientais responsáveis pela gestão de unidades de conservação: o ICMBio, no âmbito nacional, e o INEA, na esfera estadual do Rio de Janeiro. O texto do documento explica que o objetivo do grupo é “colaborar para que os parques brasileiros cumpram a sua vocação de serem áreas conservadas, na qual as pessoas possam usufruir dos ambientes natural, cultural e histórico por meio da educação para sustentabilidade, da recreação, do lazer e do turismo”.
Fazem parte do grupo: Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (ABETA), Avistar Brasil, Cataratas do Iguaçu SA, Confederação Brasileira de Montanhismo e Escalada (CBME), SOS Mata Atlântica, Instituto Semeia e WWF-Brasil.
A proposta do movimento de alinhar as visões em nome do objetivo comum de conservação aliada ao uso público traduziu o clima do evento como um todo. Ao longo de dois dias, foram realizadas mesas para discutir a visitação e a não-visitação nos parques; e painéis que expuseram casos específicos de ordenamento e desenvolvimento do uso público — os desafios, oportunidades e as soluções encontradas em cada unidade de conservação. Também foram discutidos assuntos como o plano de manejo e o zoneamento das unidades; a educação ambiental; a concessão de serviços; o direito ao risco; e os diferentes perfis de visitante.
A atividade final propôs uma discussão entre todos os participantes sobre de que forma é possível efetivamente transformar a visitação em política de conservação dentro das unidades. Entre as variadas ideias, a conclusão foi de que o visitante não apenas pode, como deve, ser um aliado essencial para os parques, e agir como um monitor voluntário que frequenta a unidade e pode denunciar ou inibir a presença infratores.
O gestor do Parque Nacional da Tijuca (RJ), Ernesto de Castro reforçou que “é preciso trazer a sociedade pro nosso lado”. O parque carioca é a unidade de conservação mais visitada do país e uma referência no que tange o uso público. Um excelente exemplo de como o visitante pode ajudar a fortalecer a gestão, consolidar o parque e ser um aliado da conservação.
O Encontro de Parques de Montanha
O Encontro teve sua primeira edição em 2006 e se consolidou nos últimos anos como um fórum para debater o uso público nos parques. O evento une montanhistas e gestores para um diálogo que permite integrar o ponto de vista do usuário com a experiência de quem está na ponta, responsável pela gestão da unidade. O Encontro, entretanto, não possui uma assiduidade regular. Sua segunda edição foi em 2012, e apenas cinco anos a terceira edição saiu do papel. De acordo com uma das organizadoras do evento, Kika Bradfort, da CBME, “a nossa expectativa é reduzir o intervalo entre os encontros, mas nós dependemos de parceiros e recursos, além do interesse dos órgãos ambientais em discutir essa pauta do uso público para conseguir viabilizar o evento”.
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