Um registro inédito foi feito no começo de abril no Parque Estadual Caverna do Diabo (SP). Um monitor ambiental avistou um raro uiraçu-falso (Morphnus guianensis), no interior da unidade de conservação. Registros da espécie na Mata Atlântica são raríssimos e o último avistamento havia sido foi feito em 2015 por um grupo de observadores de aves no Parque Estadual Intervales (SP).
Também conhecido como gavião-real-falso, o uiraçu-falso é uma ave de rapina de grande porte que é estritamente florestal e necessita de extensas áreas de vegetação primária para sobreviver. A espécie que pode ser encontrada em todo o país, principalmente na região Amazônica. Segundo a lista vermelha de espécies ameaçadas da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza, na sigla em inglês), o gavião Morphnus guianensis é considerado “quase ameaçado”. No Brasil, no entanto, é considerado criticamente ameaçado nos estados de São Paulo e Santa Catarina e regionalmente extinto nos estados do Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul.
“O encontro do uiraçu-falso anteriormente no Parque Estadual de Intervales e agora no Parque Estadual Caverna do Diabo vem reforçar a importância da conservação do Continuum Ecológico da Serra de Paranapiacaba para uma série de espécies que necessitam de grandes áreas de vida”, disse o gestor do Parque Estadual Caverna do Diabo, Ives Arnone. A região sul do Estado abriga uma das maiores porções de floresta de São Paulo contando com unidades como o Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (SP), Estação Ecológica do Xitué (SP), Mosaico de Unidades de Conservação do Jacupiranga e Parque Estadual Carlos Botelho (SP).
A ave foi avistada pelo monitor Carlos Roberto da Silva Moraes, quilombola que teve o primeiro contato com o mundo das aves após um curso em 2013 oferecido pela SOS Mata Atlântica no Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira. O número de observadores de aves que visitam a unidade de conservação tem crescido desde o ano passado, quando houve a descoberta de outra espécie rara, o gavião de penacho (Spizaetus ornatos). Durante o Big Day Brasil, em outubro passado, a equipe de observadores de aves registrou 118 espécies na unidade, triplicando em apenas um dia a lista de espécies conhecidas.
*Com informações da Fundação Florestal