Entidades brasileiras debatem hoje na COP13 a proteção de áreas marinhas


Parque Nacional Marinho dos Abrolhos. Foto: Marcello Lourenço/ Youtube
Parque Nacional Marinho dos Abrolhos. Foto: Marcello Lourenço/ Youtube

Nesta terça-feira, 13/12, a Rede Pró UC, o Instituto Augusto Carneiro, o Projeto Divers for Sharks e o Instituto Baleia Jubarte organizarão um painel paralelo na 13.ª Cúpula das Nações Unidas para a Biodiversidade (COP 13), no México. A partir das 18h15, 21h15 no horário de Brasília, as entidades de conservação brasileiras debaterão a proteção de áreas marinhas ameaçadas e utilização das mesmas para fins turísticos (link).

Em 2014, durante a COP 10, no Japão, foram estabelecidas metas para a redução da perda de biodiversidade do planeta, as Metas de Aichi. O acordo tem o intuito de proteger pelo menos 10% das áreas marinhas e costeiras mundiais por meio de Unidades de Conservação até 2020. Apesar da extrema importância devido a alterações provocadas pelas mudanças climáticas, o Brasil não trabalha para o cumprimento do acordo. “Nos últimos cinco anos, estabeleceu-se uma corrida mundial e diversos países criaram áreas protegidas marinhas para se adequar ao acordo e frear a degradação dos oceanos. O Brasil, que tem mais de 8.000 Kms de costa e uma biodiversidade impressionante… nada”, declara Angela Kuczach, ambientalista e diretora executiva da Rede Pró UC.

Os cerca de 7.367 quilômetros que compõem a costa brasileira possuem uma das maiores concentrações de espécies marinhas do mundo. Das sete espécies de tartarugas marinhas conhecidas, cinco se encontram no litoral brasileiro e duas das quatro espécies da ordem Sirenia existentes no mundo ocorrem aqui, sendo uma delas o peixe-boi-marinho, o mamífero aquático mais ameaçado de extinção atualmente. No total, são 53 espécies de cetáceos (golfinhos e baleias), 57 espécies de mamíferos marinhos e centenas de espécies de peixes, aves, moluscos e artrópodos.

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Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, o Brasil possui 164 áreas prioritárias marinhas, sendo que dessas, 101 estão desprovidas de Unidades de Conservação e 90 se encontram com prioridade extremamente alta para conservação da biodiversidade. “Regiões como Alcatrazes, Albardão, Babitonga e São Pedro e São Paulo esperam há anos uma decisão do governo brasileiro para serem protegidas, a sociedade precisa se mobilizar para que aconteça”, afirma a diretora executiva. “Além da preservação de espécies, a criação de Unidades de Conservação combate a contaminação das águas e acumulo de lixo, além de outras ameaças diretas às quais os oceanos estão expostos, como o fracking, que é a perfuração do solo para extração de gás”, complementa.

O painel brasileiro na COP 13 pretende apresentar alternativas de uso das áreas marítimas nacionais, para que possam ser protegidas e, ao mesmo tempo, gerar renda para o País. “Mergulho recreativo e ecoturismo, por exemplo, funcionam muito bem neste tipo de área. O turismo nessas áreas gera emprego para as comunidades costeiras e cria um ciclo virtuoso de economia compartilhada que, por sua vez, ajuda na economia nacional. Isso tem sido aplicado com sucesso em outros países, como a África do Sul”, enfatiza a ambientalista.

Já no início da COP 13, o México decretou a proteção da maior extensão de áreas naturais de sua história, 91 milhões de hectares – em sua maioria, marítimos –, o que resultou na duplicação da área com a qual o país havia se comprometido inicialmente. Países como Austrália – que possui a maior barreira de corais do mundo – e Chile também estão fazendo sua parte e aproveitando o potencial de conservação de espécies e turismo de suas áreas marítimas.

Durante o painel serão apresentados cases como o de Palau, um país que possui uma área terrestre três vezes menor que a cidade de São Paulo, mas criou a quinta maior área protegida marinha do mundo. Com uma área de 500.000 km² corresponde ao território dos estados de São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro juntos. “Cerca de 80% do território marinho de Palau está sob proteção integral, enquanto no Brasil apenas 0.14% do território está sob esta modalidade de proteção”.

O painel será transmido ao vivo, à partir das 21h15, e poderá ser acompanhado aqui.

 

*Com informações da 350.org Brasil

 

 

 

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