A Mata Atlântica é o bioma que mais sofreu com o desmatamento e a ocupação humana desordenada. Concentrado principalmente ao longo da faixa litorânea brasileira na região sudeste-sul do país, seus remanescentes correspondem a meros 22% de sua cobertura original. E desses, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente, apenas 7% estariam bem conservados em áreas acima de 100 hectares. Mesmo fragmentada e reduzida, a riqueza da biodiversidade da Mata Atlântica brasileira é reconhecida mundialmente e há tempos desperta a preocupação internacional por sua preservação.
Uma prova disso veio em 1999, quando a UNESCO reconheceu as Reservas de Mata Atlântica do Sudeste, 25 Unidades de Conservação nos estados de Paraná e São Paulo, como ‘Sítio Mundial do Patrimônio Natural’. A área total dessas reservas, cerca de 470.000 hectares, é um importante remanescente do bioma e um resquício de habitat para fauna e flora nativas. No mesmo ano, a UNESCO também deu o título de Patrimônio Natural para outras oito Unidades de Conservação localizadas na Bahia e no Espírito Santo.
Confira uma lista de 6 destas Unidades de Conservação que preservam a Mata Atlântica brasileira e, por isto, foram consideradas Patrimônios Mundiais pela UNESCO:
Parque Nacional do Pau Brasil (BA)
Localizado na Bahia, este parque nacional foi criado em 1999 para preservar o pau-brasil, árvore que, além de dar nome ao parque, é nativa da Mata Atlântica. No mesmo ano de sua criação, o parque ingressou na lista da UNESCO de Patrimônio Natural Mundial. Além de uma das maiores reservas remanescente de pau-brasil no país, o parque é uma região de intenso endemismo, ou seja, grande número de espécies que só ocorrem na área da Unidade. O Parque foi recém-aberto à visitação, em outubro deste ano.
Parque Nacional do Superagui (PR)
No litoral norte do Paraná, o Parque Nacional do Superagui é uma área reconhecida por sua importância natural antes mesmo na nomeação da UNESCO como Patrimônio Mundial em 1999. No início da década de 70, antes mesmo de sua criação, em 1989, a região do parque havia sido decretada patrimônio paisagístico do estado paranaense. Com quase 34 mil hectares de extensão, o parque protege espécies como o mico-leão-da-cara-preta, endêmico da Mata Atlântica e criticamente ameaçado de extinção.
Parque Estadual da Ilha do Cardoso (SP)
O Parque Estadual da Ilha Cardoso, localizado no extremo sul do litoral paulista, foi criado em 1962 e foi a primeira área insular em São Paulo protegida pela relevância ecossistêmica de sua zona costeira. Os 13.500 hectares do parque protegem paisagens de praias desertas cercadas pela vegetação característica da Mata Atlântica, além de manguezais, costões rochosos, restingas, lagunas, rios e montanhas. Em seu território já foram registradas cerca de mil espécies de plantas e espécies animais ameaçadas de extinção como o papagaio-de-cara-roxa e o jacaré-do-papo-amarelo. Além disso, o parque também é considerado um dos maiores criadouros de espécies marinhas do Atlântico Sul. Ou seja, motivos não faltaram para que o Parque Estadual da Ilha Cardoso fosse reconhecido como Patrimônio Mundial.
Parque Nacional do Monte Pascoal (BA)
“Terra à vista!”, disseram os portugueses quando avistaram o Monte Pascoal no século 16. O cenário mudou bastante desde então, mas o Parque Nacional do Monte Pascoal é um esforço para preservar uma área de 22.500 hectares remanescentes da Mata Atlântica. Criada em 1961, a unidade abriga restingas, mangues, alagados, praias e rios, além de árvores características como o pau-brasil e o jatobá. O Parque Nacional do Monte Pascoal foi oficialmente reconhecido pela UNESCO como Patrimônio Mundial Natural em 1999, junto com outras áreas protegidas da Bahia e do Espírito Santo que juntos compõe um corredor ecológico de Mata Atlântica na Costa do Descobrimento.
Reserva Biológica de Sooretama (ES)
Localizada na região centro-norte do Espírito Santo, a Reserva Biológica de Sooretama é a área protegida mais antiga do estado capixaba. A reserva criada em 1941 corresponde a mais de 27 mil hectares que protegem o habitat de centenas de espécies da fauna e flora nativa da Mata Atlântica. A área está livre de intervenção humana, uma vez que a visitação é permitida apenas para fins educacionais ou de pesquisa científica, mediante autorização prévia da administração da UC. A Reserva Biológica de Sooretama foi reconhecida como Patrimônio Natural pela UNESCO em 1999, junto com outras Unidades de Conservação do Espírito Santo e da Bahia.
Reserva Natural Salto Morato (PR)
A Reserva Natural Salto Morato é uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) gerida pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. Organizada de acordo com as diretrizes de um parque nacional, além de ser aberta ao uso público, ela também representa um importante espaço para pesquisas e atividades de educação ambiental. Criada em 1994, a Reserva Natural Salto Morato ajuda a proteger 2.253 hectares de Mata Atlântica e integra as áreas protegidas reconhecidas pela UNESCO em 1999 por corresponderem a remanescentes importantes do bioma.
