Rastros na Caatinga: A magia da fotografia noturna no sertão Brasileiro


Mandacaru, símbolo do sertão. Nesta fotografia usei uma lente grande angular, ISO 800, velocidade de obturador 10 seg, diafragma f 7.0. Foto: Joaquim Neto
Mandacaru, símbolo do sertão. Nesta fotografia usei uma lente grande angular, ISO 800, velocidade de obturador 10 seg, diafragma f 7.0. Foto: Joaquim Neto

 

Há dois anos embarquei numa série de investidas fotográficas nas noites da caatinga do Sertão do Piauí, para a pré-produção do “Céus da Caatinga”, um projeto que ousa o registro fotográfico como forma de proteger e preservar o bioma e sua cultura material e imaterial. Assim, a noite se tornou o meu mais novo universo fotográfico, um contato diferente com a natureza.

Por ser um bioma de poucas chuvas, a Caatinga se torna um dos melhores lugares para fotografar o céu noturno. Na maior parte do ano, o céu terá poucas nuvens, o que facilita a visualização das estrelas, sem a interferências da poluição das grandes cidades e dos reflexos de luzes.

Luz de final de tarde no sudeste do estado do Piauí. Foto: Joaquim Neto
Luz de final de tarde no sudeste do estado do Piauí. Foto: Joaquim Neto

 

Importante lembrar, a fotografia à noite requer muito cuidado, muita pesquisa e equipamentos que garantam os melhores resultados. Uma câmera DSLR, um bom tripé, cabo disparador e iluminação. Além disso,  é necessário um bom planejamento nestas saídas noturnas: estar sempre acompanhado de guias e pessoas que entendam sobre esse ambiente.

Na fotografia de paisagens, procuro chegar cedo no local da imagem. Determino o  posicionamento, faço o foco manual – à noite é impossível obter uma focagem nítida – e espero pelo “lusco-fusco”, a hora do dia entre a tarde e anoitecer. Com uma configuração de ISO bem elevada, disparo a câmera, fazendo longas exposições que captam o movimento de rotação da terra em relação às estrelas, além de captar o cenário.

Paredões rochosos no sul do Piauí com longa exposição. Aqui foi usada uma grande angular, com ISO 1200, velocidade de obturador 24 min, diafragma f 4.0. Foto: joaquim Neto
Paredões rochosos no sul do Piauí com longa exposição. Aqui foi usada uma grande angular, com ISO 1200, velocidade de obturador 24 min, diafragma f 4.0. Foto: Joaquim Neto
Vale da Serra Vermelha, no sul do Piauí, com movimento das estrelas ao fundo. Grande angular 18 mm, ISO 1600, velocidade de obturador 5 min, diafragma f 11, fotografia num dia de lua minguante. Foto: Joaquim Neto
Vale da Serra Vermelha, no sul do Piauí, com movimento das estrelas ao fundo. Grande angular 18 mm, ISO 1600, velocidade de obturador 5 min, diafragma f 11, fotografia num dia de lua minguante. Foto: Joaquim Neto
Via Láctea fotografada no sertão do Piauí. Foto: Joaquim Neto
Via Láctea fotografada no sertão do Piauí. Foto: Joaquim Neto

 

Enquanto a câmera faz a longa exposição, aproveito para organizar o pernoite em meio à mata. Sob a noite estrelada da caatinga, descansamos, mas com bastante cuidado: além de insetos, também há o perigo eminente de animais silvestres como onça, porco do mato, raposa e serpentes.

Artrópode em fotografia macro na noite do sertão. Foto: Joaquim Neto
Artrópode em fotografia macro na noite do sertão. Foto: Joaquim Neto
Aranha em sua teia em meio a noite da caatinga. Nas duas imagens usei uma lente macro com ISO 800, velocidade de obturador 80, diafragma f 2.8. Com o auxílio da luz de uma lanterna e de um refletor de LED. Foto: Joaquim Neto
Aranha em sua teia em meio a noite da caatinga. Nas duas imagens usei uma lente macro com ISO 800, velocidade de obturador 80, diafragma f 2.8. Com o auxílio da luz de uma lanterna e de um refletor de LED. Foto: Joaquim Neto

 

Nestas andanças pelo Sertão, aproveito para conhecer nas comunidades que ali habitam. Procuro um contato mais próximo com as pessoas, onde a maioria das vezes me deparo com fazeres noturnos nas comunidades, com a diversidade cultural e religiosa muito forte que trazem uma grande ligação com tradições indígenas e africanas que fazem parte história brasileira no nordeste do país. E por esses contatos, consigo registros como estes.

Dançarinas do reisado cultural em apresentação na comunidade Moiseis (Território quilombola Lagoas). Fotografadas comuma lente 35 mm com ISO 600, velocidade de obturador 125 1/seg, diafragma f 4.0, flash remoto. Foto: Joaquim Neto
Dançarinas do reisado cultural em apresentação na comunidade Moiseis (Território quilombola Lagoas). Fotografadas comuma lente 35 mm com ISO 600, velocidade de obturador 125 1/seg, diafragma f 4.0, flash remoto. Foto: Joaquim Neto
Reza de em homenagem a São Sebastião no território quilombola Lagoas. Na residência de Mãe Preta (em memória). ISO 400, velocidade de obturador 15 seg, diafragma f 8.0 e o uso de um tripé. Foto: Joaquim Neto
Reza de em homenagem a São Sebastião no território quilombola Lagoas. Na residência de Mãe Preta (em memória). ISO 400, velocidade de obturador 15 seg, diafragma f 8.0 e o uso de um tripé. Foto: Joaquim Neto

 

 

 

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