Desde que comecei a fotografar em florestas, sempre fico admirado e feliz quando encontro um fungo pelo caminho. É incrível como existem tantos tipos totalmente diferentes e como estão presentes no nosso dia-a-dia. E nem nos damos conta disso.
O reino dos fungos é tão grande e diverso que ainda existem tipos que sequer foram catalogados. É um mundo tão fascinante que pode variar desde aquele minúsculo bolor – que aparece no pão que vez por outra esquecemos por alguns dias no fundo do armário -, até estruturas gigantescas, como o fungo encontrado em Blue Mountains, no Estado do Oregon, EUA. Da espécie A. solidipes, ele mede cerca de 3,8 km de comprimento e cobre uma área estimada de 9,6 km². Com todo este tamanho, é considerado o maior ser vivo do planeta.
Fungos auxiliam a natureza no último estágio de decomposição dos materiais. São eles, por exemplo, que transformam um tronco em partículas muito pequenas, para que o solo possa absorvê-las, transformá-las em adubo e nutrientes e, por fim, fornecer este produto para as plantas vivas. E assim funciona este lindo ciclo que Antoine Lavoisier nos apresentou há mais de 200 anos.
A maior dica que posso dar para que você consiga uma bela fotografia de fungos é que preste atenção por onde anda e nos seus arredores. A maioria dos fungos que encontramos são bem pequenos, podem passar despercebidos se você não estiver atento. Um ponto a favor é que, mesmo sendo pequenos, possuem cores que se destacam no meio das folhagens e troncos: brancos, amarelos, alaranjados. E têm formatos que certamente vão chamar sua atenção.
Outra coisa que devemos levar em consideração é a umidade do local. Fungos precisam de ambientes úmidos para crescer e se desenvolver. Sendo assim, quanto mais úmido maiores serão as chances de encontrá-los. Dias logo após chuvas são excelentes para fotografar e se a umidade ou a chuva se mantiver por mais de um dia, melhor: estes são muito bons para encontrar fungos que decompõem a serapilheira, como os do gênero Marasmius. Fundos de vales ou áreas próximas de rios também são ótimos, pois tem a umidade sempre mais alta que os demais lugares.
Se encontrar um fungo pela frente, não deixe a foto para depois pois alguns têm períodos de vida muito curtos. Certa vez encontrei um fungo amarelo lindo, mas como ele estava bem na beira da estrada e num local que passo várias vezes por dia, decidi voltar outra hora para fotografar. No outro dia, quando fui fazer a foto… Onde estava o fungo!? Ele tinha secado e morrido. Caramba, como lamentei aquele dia… Mas percebi que no mesmo local havia vários pontinhos amarelos e suspeitei que dali sairiam outros. Continuei observando e, no outro dia, pela manhã, lá estavam eles novamente: grandes, lindos e amarelos. Notei então que, para este tipo de fungo, o ciclo de crescimento na superfície durava apenas um dia. Neste curto período, ele crescia, tomava a forma de cogumelo e morria.
Como os fungos decompõem matérias mortas, figurinha carimbada para encontrar eles são troncos, galhos e árvores caídas. Eles são os chamados de fungos lignocelulolíticos, considerados “macrofungos” (cogumelos, orelhas-de-pau, etc.) que podem ter estruturas bem grandes e variadas. No entanto, tenha cuidado! Não saia metendo a mão e revirando qualquer tronco pela floresta, porque ali também é local preferido por cobras, aranhas e escorpiões. Sua saída fotográfica pode acabar antes mesmo de começar!
Independente do que esteja fotografando, seja uma paisagem, sejam fungos ou animais, é fundamental interferir o mínimo possível na natureza. Ali cada planta, pedra ou animal tem sua função determinada. Se você altera aquilo, pode causar um mal desnecessário ao ecossistema local.
Agradecimento especial ao camarada biólogo Samuel Galvão Elias, apaixonado especialista. E corajoso, por estudar este fantástico e difícil mundo dos fungos! Samuel sempre me ajuda na identificação dessa galera e deu maior força nesta matéria.