Boa notícia: Parques conservam a biodiversidade


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Em um mundo com uma crescente população humana e crescente demanda por recursos naturais, é um desafio advogar pela criação de mais zonas protegidas ou apoiar a proteção mais rigorosa de tais áreas, se não pudermos provar que os parques estão realmente protegem a vida selvagem e outras espécies.

É por isso que um estudo recente publicado na revista Nature Communications, liderado por Claudia Gray da Universidade de Sussex, Reino Unido, é tão importante. Ele dá aos conservacionistas uma nova arma em seu arsenal — ao afirmar que a natureza realmente tem se saído melhor dentro de parques do que fora.

Gray e seus colegas descobriram que os locais dentro de áreas protegidas tinham 11% (onze por cento) mais espécies que locais desprotegidos. Além disso, parques tinham 15% (quinze por cento) mais indivíduos do que áreas fora dos parques.

Parques protegem a vida

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À primeira vista, os resultados não parecem tão surpreendentes. Os conservadores há muito acreditam que parques são importantes para abrigar biodiversidade, e alguns estudos anteriores chegaram a conclusões semelhantes.

Mas a pesquisa de Gray e seus colegas se destaca por sua notável amplitude e rigor.

Usando um banco de dados chamado PREDICTS (“PREVÊ”, em português), Gray e sua equipe foram capazes de examinar levantamentos de 13.699 espécies de vertebrados (anfíbios, répteis, aves e mamíferos), bem como invertebrados (insetos, aranhas, e assim por diante) e espécies de plantas.

O âmbito do estudo foi enorme: eles examinaram as tendências de espécies em 1.939 locais dentro de 359 áreas protegidas diferentes. Eles compararam estes resultados com dados de espécies de 4.592 locais fora de áreas protegidas.

Big Data

A pesquisa de Gray e seus colegas utiliza big data (“megadados”, em português) da melhor forma possível.

PREDICTS — sigla para Projecting Responses of Ecological Diversity In Changing Terrestrial Systems (“Projetando Respostas de Diversidade Ecológica em Sistemas Terrestres Dinâmicos”) — coleta dados de pesquisas publicadas, bem como cientistas que trabalham na área, para avaliar como a biodiversidade tem mudado a nível local.

Os resultados da pesquisa também foram controlados por fatores que podem influenciar a biodiversidade local, como a elevação, o declive e a adequação para agricultura de cada local.

Indo mais fundo, os pesquisadores descobriram que há pouca diferença entre as áreas protegidas e desprotegidas em florestas primárias ou secundárias pouco impactadas – o que significa que, enquanto uma área permanecer sem ação humana, ela manterá muito de sua biodiversidade.

Mas áreas protegidas reservadas em regiões agrícolas ou de plantações tinham biodiversidade significativamente maior do que nas paisagem circundante, especialmente nos trópicos.

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No entanto, Gray e sua equipe descobriram que áreas protegidas não podem fazer tudo.

Por exemplo, os parques não demostram aumento de nichos ecológicos para a biodiversidade. Em vez disso, sua maior biodiversidade simplesmente surgiu porque mantêm populações maiores de espécies.

Parques também não abrigam muitas mais espécies endêmicas do que áreas não protegidas — algo que surpreendeu os pesquisadores.

Mas, no geral, eles ainda se saem muito melhor do que terras dominadas pelo homem, quando se trata de proteger a natureza.

Mais parques ou parques melhores?

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Atualmente, cerca de 15% (quinze por cento) da área terrestre do planeta é reservada para áreas protegidas. A Convenção sobre Diversidade Biológica se comprometeu a elevar este número para 17% (dezessete por cento) até 2020.

No entanto, os pesquisadores argumentam que simplesmente aumentar o número e a extensão dos parques pode não ser o melhor caminho a seguir. Em vez disso, eles sugerem, pode ser melhor aumentar a proteção de parques já estabelecidos — embora acrescentem que mais dados são necessários antes que recomendações mais definitivas possam ser feitas.

Seja qual for o caminho a seguir, o estudo de Gray e seus colegas significa que será um pouco mais fácil justificar as áreas protegidas do que era antes.

Eles não são perfeitos, mas, de um modo geral, os parques funcionam muito melhor do que áreas não protegidas na conservação da biodiversidade ameaçada da Terra.

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*Matéria publicada originalmente no site ALERT em 15 de agosto de 2016 alert-logo

 

 

 

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