O tempo
Para fotografia de paisagem, a primeira coisa a se atentar é a previsão do tempo. Os melhores dias para fotografar são aqueles seguintes a uma chuva. Isso porque depois de alguns dias sem chover o céu fica embaçado, devido à poluição acumulada no ar (isso aqui na cidade do Rio de Janeiro, que tem muita poluição vinda dos automóveis).
Há também a inversão térmica, um fenômeno atmosférico que dificulta bastante a visibilidade, dependendo de sua intensidade. Ela acontece quando o ar frio (próximo à superfície terrestre) fica preso sob uma camada de ar quente. A poluição da cidade fica “aprisionada” nessa camada de ar frio ali embaixo e não circula, formando uma massa acinzentada de partículas que dificulta a visibilidade. Este é um fenômeno natural que ocorre com mais frequência no inverno e em regiões montanhosas, mas com a poluição da cidade a dificuldade de visibilidade fica maior.
Tanto a poluição quanto a inversão térmica são resolvidos com uma boa chuva, seguida de um dia limpo e claro. Nesses dias as fotos são imbatíveis, já que a chuva leva embora todas as partículas em suspensão acumuladas no céu.
Composição
Uma coisa que deixa a fotografia bem bacana é trabalhar com o desfoque da imagem: escolher uma coisa para o primeiro plano (em foco) e desfocar o fundo. Além do destaque na imagem, chama a atenção para outros detalhes do local. A pessoa que está vendo a fotografia pode até reconhecer o local, mas não de cara. Primeiro ela vai prestar atenção no elemento focado e só depois vai olhar a imagem mais amplamente e se localizar na fotografia. Com essa técnica de desfoque você direciona o olhar do espectador.
O segredo para dar um bom “desfoque” na imagem é trabalhar a abertura do diafragma. Explicação rápido e básica: quanto mais aberto o diafragma mais desfocada ficará a imagem. Mas, como o diafragma é o mecanismo que controla a entrada de luz na câmera, se ele estiver muito fechado entra menos luz e, consequentemente, você terá que usar um tempo de exposição mais lento.
A princípio isso parece meio complicado, mas é questão de costume e, claro, um pouco de estudo para conhecer melhor o mecanismo da câmera e suas técnicas. Não vou entrar nesses detalhes aqui para não tirar o foco da coluna , mas recomendo que leia um pouco sobre ‘abertura do diafragma’, ‘tempo de exposição’ e ‘profundidade de campo’. Assim vai se familiarizar mais com esses temas e aproveitar o máximo da sua câmera.
Veja essas duas fotos que fiz no Parque Nacional do Itatiaia (RJ). Nelas dá para entender um pouco como funciona essa técnica de desfocar a imagem.
Chuva
Voltando a falar de clima, nem só de dias ensolarados vive o amante da fotografia. Dias nebulosos também podem proporcionar belas imagens (que o diga o amigo Marcus Vinícius Lameiras, fotógrafo apaixonado por dias chuvosos). Só que é bom dar uma conferida na previsão do tempo, pois tomar chuva com o equipamento nunca é legal, mesmo ele estando acondicionado. Mas se tiver a certeza que a chuva não voltará, já vale a saída fotográfica.
Já passei por situações em que menos de uma hora depois de uma forte chuva o céu já estava menos carregado e valeu muito a pena ter ido fotografar.
Outra característica bem curiosa da Mata Atlântica é a cerração. Aquela bruma baixa que vez por outra se forma, tornando a floresta misteriosa e sombria. Situações assim podem dar composições bem interessantes.
Muito importante, não só para fotografia de paisagem, é saber a época de floração de árvores que se destacam, como paineira, ipês, quaresmeira e também árvores que não têm flores tão impressionantes vistas de longe, mas se destacam pelas folhas, como a imbaúba, por exemplo.
A mesma paisagem fica totalmente diferente dependendo da estação do ano.
Essa dica vale também para a posição do sol. O mesmo local, que às vezes você não dá nada por ele, pode ficar totalmente diferente e atraente se o sol estiver nascendo ou se pondo para fazer parte da sua composição.
Ponto de referência
Sempre que possível, gosto de colocar alguém na foto, para que o espectador tenha um ponto de referência na imagem.
Em um primeiro momento quem vê a fotografia não repara muito nos detalhes, só observa a paisagem como um todo. Depois que começa olhar com mais atenção, encontra ali uma pessoa e aí se dá conta da grandiosidade do lugar e da dificuldade que foi fazer aquele registro… Uma grata surpresa!