Fotografia na Mata Atlântica: Sempre preparado


Foto: Peterson de Almeida
Foto: Peterson de Almeida

Nesta coluna vamos falar um pouco sobre o equipamento e algumas técnicas que uso para fotografar a natureza. Acho que assim será mais fácil para o leitor entender os próximos textos e descobrir que, mesmo com pouco equipamento, é possível obter imagens bem bacanas.

Um grande problema que enfrento é o espaço e peso na mochila. Além do equipamento fotográfico, normalmente levo outras coisas como, água e comida, já que na maioria das vezes passo horas na floresta. Existem duas situações em que me baseio para saber quais equipamentos levar. A primeira situação é o dia a dia, o equipamento que levo pra todo lugar que vou. A segunda ocorre quando vou fazer uma fotografia específica: planejo a situação, penso antes tudo que vou precisar e levo somente o material necessário.

Material do dia a dia

Quando digo que este é o material que sempre anda comigo, quero dizer sempre! Como disse na entrevista que dei para o WikiParques quando ganhei uma das etapas do concurso fotográfico , de nada adianta estar no lugar certo e na hora certa se você não estiver com a câmera para fazer aquela foto incrível. Assim, carrego sempre comigo:

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  1. Câmera. Minha câmera tem o visor LCD articulado. Este recurso é muito bom para fazer fotos próximas ao chão, pois não preciso ser um acrobata contorcionista para ver o que eu estou fotografando. Basta girar o visor para cima e fico confortável para executar as tarefas.
  2. Duas lentes. Levo uma lente 18-55 mm e outra 55-300 mm, pela versatilidade de ter ao mesmo tempo uma lente mais aberta, e também uma lente zoom. Assim consigo abranger a maior parte das situações que encontrarei no caminho.
  3. Kit limpeza de lente. Andando pela floresta sempre acontece de alguma sujeira ou respingo bater na lente, por isso é sempre bom ter um kit desses à mão. O kit é composto basicamente por pincel, bombinha de ar e um paninho próprio para lente. Esses kits são bem baratos e ter um vale muito a pena.
  4. Duas baterias para a câmera. Ter duas baterias é fundamental. Se a principal acabar ainda tenho a reserva (e não fico sem fotografar).
  5. Cartões de memória reserva. Periodicamente descarrego o cartão de memória da câmera – nunca se sabe quando se terá um dia cheio de fotografias ou se haverá problema no cartão principal. Por isso é sempre bom ter um reserva.

Levo isso em uma pequena bolsa acolchoada, própria para fotografia, e coloco essa bolsa dentro da minha mochila. Isto me deixa com as mãos livres para a caminhada e é muito mais confortável. E ainda posso levar outras coisas.

Material específico

Na segunda situação, saio para fotografar uma coisa já determinada: uma imagem que fui contratado para fazer; ou uma segunda tentativa, quando não consigo fazer uma foto bacana e decido voltar ao local com os equipamentos necessários. Além daquele material que levo sempre, acrescento:

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  1. Tripé grande. Se tem uma coisa que não dá para abrir mão é o tripé. E para o nosso desespero, quanto mais pesado e mais sem jeito para carregar, melhor ele é. Opte por modelos em que os pés são livres, assim você consegue uma amplitude maior de movimentos e, dependendo da situação, consegue apoiar ele em locais de alturas diferentes  como degraus, pedras e até árvores.
  2. Tripé pequeno. Esses ‘tripézinhos’ são muito legais para fotografar coisas perto do chão, como fungos e insetos. Também serve para pendurar a câmera em galhos, pois os pés dele são articulados.
  3. Flash externo. Com poder de iluminação bem maior que o flash da câmera, também possui vários recursos e configurações. Apesar de pequeno é bem pesadinho, por isso não o carrego sempre. Confesso que não me dou muito bem com esses flashes externos, e é por isso que uso mais o próximo item.
  4. Iluminador LED. Para iluminar cenas estáticas e/ou quando não preciso de um flash instantâneo, prefiro o iluminador LED por ser uma luz contínua e móvel. Até é possível que o flash externo seja móvel, mas para isso eu teria que ter um transmissor rádio flash e outros aparatos, o que seria mais caro e dispendioso (em se tratando de peso e volume para transportar).
  5. Pilhas e baterias reserva. Baterias e pilhas reservas são sempre indispensáveis.
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Pelo fato dos pés serem livres, tenho mais mobilidade e opção na hora de montar o tripé.

Mesmo com esses recursos e planejamento sobre o que vou fazer, vez por outra me encontro em uma situação inesperada.  Por exemplo, preciso manter a câmera parada e não estou com o tripé. O jeito é usar todos os ensinamentos que aprendi com o grande mestre MacGyver, e me virar.

Por isso, vou contar um segredo para vocês: sou adepto do que chamo ‘estilo gambiarra’. Use a criatividade e o que estiver à sua volta em seu favor. Não deixe de captar a sua imagem, mesmo na falta de recursos. A “gambiarra” é sempre bem vinda. 

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Uma foto muito próxima do chão e eu não tinha o tripé pequeno aquele dia. Solução: Coloquei a casca de um tronco que estava caído ali perto em cima de duas pedras, que já estavam no local, e apoiei a câmera nela. Gambiarra à esquerda e resultado à direita.

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Quase um equilibrista. Dessa vez eu não estava com o tripé grande. Para resolver o problema, usei três galhos que encontrei na trilha e a bolsa da câmera. Eu poderia usar o flash, mas preferi esperar uma nuvem salvadora para tirar as manchas de sol (que falei no texto passado) e dar destaque para a cor alaranjada dos pés de cambucá. Essa deu trabalho para fazer…

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Por estar constantemente na floresta e algumas vezes sair quando já escureceu, sempre carrego uma lanterna comigo. A lanterna serve também para ajudar na gambiarra. Na imagem acima, a luz natural estava bem baixa e usei a lanterna para iluminar o fungo obliquamente, como se estivesse usando o iluminador de LED. A luz lateral dá uma textura muito legal nas fotos, principalmente nessas ranhuras na parte de baixo do fungo. Nesta imagem também dá pra ver o LCD articulável da câmera, que facilita muito o trabalho.

No mês que vem falaremos mais sobre fotografia de paisagem. Aguardem!

 

 

 

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