Rastros na Caatinga: Serpenteando


Foto: © Joaquim Neto
Foto: © Joaquim Neto

Serpentes são os animais que mais me fascinam desde que comecei a fotografar a natureza do Sertão brasileiro. Por esta razão, as dicas deste artigo são para quem não quer perder um bom registro desses animais, num possível encontro nas matas da Caatinga. Além disso, Maio é o mês em que as serpentes se acasalam, oferecendo assim uma maior probabilidade de serem observadas na natureza.

Para fotografar serpentes é essencial um estudo mais aprofundado do seu comportamento. São animais sorrateiros, capazes de se camuflar na natureza e, por isso, podem ser muito perigosos. Entender os fatores para identificação de quais espécies são peçonhentas (ou não) é fundamental.

Quando decidi fotografar serpentes, queria obter o máximo de detalhes nas imagens. Logo, pensei: “Para isso, eu terei que usar uma lente macro e, consequentemente, estar bem próximo do animal.” O ajuste do ISO para um valor um pouco elevado e da abertura da lente (diafragma) para f/4.0 fazem com que a velocidade do obturador seja mais rápida, o que resulta num melhor congelamento da cena – o efeito que procurava.   

Foto: © Joaquim Neto
Foto: © Joaquim Neto

Além da técnica, também passei um ano lendo sobre espécies de serpentes brasileiras. Saí a campo à procura do meu próprio conhecimento, já que não encontrei muito material de estudo sobre serpentes na Caatinga. Com toda esta pesquisa descobri que, no Brasil, a maioria das espécies de serpentes não são peçonhentas, ou têm peçonhas pouco agressivas. A coral-verdadeira é um exemplo das peçonhas mais mortais que temos por aqui.

Aliás, é bom estar sempre acompanhado. É muito perigoso um encontro desavisado com uma serpente peçonhenta. Siga o exemplo de  pesquisadores e fotógrafos especialistas que lidam com estes bichos em segurança, mantendo por perto socorro, e um soro antiofídico.

As serpentes mantêm um espaço de segurança de cerca de 2 metros de distância. Se observada de longe, além deste limite, elas não tentarão atacar. O ideal para uma foto dinâmica é deixar o animal sentir a sua presença e se afastar, aproveitando esse momento em que ela irá permanecer parada em posição de defesa. Faça seus “cliques” rapidamente e dê espaço para que o animal, siga seu caminho e você, o seu. Ao fotógrafo, é bom sempre ter em mente que há um risco, as dicas aqui são baseadas nas minhas experiências apenas.

Foto: © Joaquim Neto
Foto: © Joaquim Neto

Estude o comportamento dos animais. Estude muito até se sentir confiante, antes de sair fotografando animais silvestres. Por trás de uma boa imagem de natureza, há também um árduo trabalho de pesquisa. Mesmo assim, com todas as precauções, a busca por bons resultados algumas vezes pode acabar causando acidentes.

Certa vez, estava fotografando uma Salamanta, ou jiboia arco-íris da Caatinga (Epicrates cenchria assisi), e queria ter um registro que me desse noção de movimento na fotografia. Segurei a câmera na mão direita e passei a fazer movimentos com a esquerda, utilizando a onda de calor da minha mão – pois sabia que elas “enxergam” por ondas de calor –  para que ela atacasse. E foi o que ela fez: abocanhou a minha mão. Ainda assim continuei a fotografar, mesmo com a ferida deixando a câmera toda ensanguentada.

Assim que terminei a sessão, lavei o ferimento com água fria e sabão neutro para estancar o sangramento. Chegando à cidade, logo procurei um pronto socorro em busca de um anti-inflamatório, pois sabia que mesmo não sendo peçonhenta, a saliva tinha bactérias que iriam inflamar o local da mordida.

No próximo mês vamos conversar sobre a saída fotográfica: como montar um roteiro através de programas que facilitam a vida de um fotografo. Algo para se preparar antes de sair para fotografar, um auxílio para obter o melhor resultado a depender da hora do dia e o posicionamento em relação à luz solar.

Veja mais registros

Foto: © Joaquim Neto
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