Amanhã, quarta feira, dia 27/04, a Comissão de Meio Ambiente, Seca e Recursos Hídricos da Assembleia Legislativa da Bahia vai discutir a criação de Mosaico de Unidades de Conservação da Serra da Jiboia. A área é um importante remanescente florestal, com recursos hídricos que alimentam 4 bacias hidrográficas e 30 municípios, e possui uma enorme riqueza de biodiversidade. A conservação da área, já defendida há mais de 20 anos, é bandeira do Projeto Serra da Jiboia que entregou a proposta técnica que será debatida na audiência.
O Projeto, conduzido pelo Grupo Ambientalista da Bahia (Gambá), em parceria com a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), realizou estudos que comprovaram a riqueza biológica da área. Baseado neles, propõe a criação de um Parque para proteger o maciço florestal mais conservado e uma Área de Proteção Ambiental (APA), circundando a área do parque, para potencializar o uso sustentável da terra em seu entorno, formando assim um mosaico de UCs junto com a Reserva Particular do Patrimônio Natural Guarirú, já existente na área.
Alesssandra Caiafa, professora da UFRB, coordenou a equipe multidisciplinar de pesquisadores dos estudos bióticos e abióticos e defende a riqueza encontrada na área: “Durante esses estudos foram várias as espécies novas a serem descritas para a ciência e várias quebras de endemismo. Existem grupos de vertebrados, grupos de invertebrados e de vegetais que foram citados pela primeira vez no estado. E alguns pela primeira vez para o bioma. Ou seja, é um ambiente muito peculiar. Que deve ser efetivamente preservado a todo custo. É importante destacar também toda a geomorfologia da Serra e a fragilidade do seu solo. Isso indica que a Serra não se presta pra cultivo e, sim, para conservação”.
A Serra da Jiboia, no Recôncavo Sul Baiano, é uma zona de transição entre Mata Atlântica e Caatinga. A necessidade de proteção é facilmente notada. Nos últimos anos a Mata Atlântica vem sendo desmatada e substituída por pastagens. A derrubada das matas ciliares diminui sensivelmente a quantidade de água. Há relatos de uso abusivo de agrotóxicos que contaminam água e solo e de que a fauna local é ameaçada pela caça e o tráfico de animais silvestres. Essas ameaças foram identificadas no levantamento socioeconômico da região, que identificou também a necessidade urgente de fornecer assistência técnica aos produtores rurais para que adotem práticas mais sustentáveis.
Para Renato Cunha, coordenador executivo do Gambá, a ação do poder público precisa ser rápida: “Esperamos que os órgãos se sensibilizem sobre a importância de proteger a Serra através da criação dessas Unidades de Conservação, analisem os dados, que são bem consistentes, para viabilizar essa estratégia de conservação que tem sido proposta há cerca de 20 anos. Isso tem que ser organizado de forma rápida para realizar as consultas públicas ainda este ano, enquanto ainda temos a sociedade civil local mobilizada pela ação do projeto”.
Serviço
Audiência sobre a proposta de mosaicos de UCs na Serra da Jiboia
Quando: 27/04 , às 10h00
Onde: Sala da Comissão de Meio Ambiente, Assembleia Legislativa da Bahia, CAB, Salvador