Em Mambaí (GO), a 500 km de Goiânia e na divisa com a Bahia, está a décima primeira maior caverna do Brasil: a Gruna da Tarimba. Seus dez quilômetros de belas paisagens protegem espécies ainda desconhecidas, mas estão ameaçados pela pressão agropecuária. A criação de uma nova unidade de conservação (UC) na região pode ser a sua salvação.
Os pesticidas utilizados nas culturas de algodão e soja, bem como o assoreamento gerado pelo manejo precário das pastagens na criação de gado, prejudicam o ambiente subterrâneo e, por consequência, as espécies que dele dependem. Outro fator prejudicial é a própria população local, cujo costume de jogar lixo na caverna impacta diretamente a região.
Com o objetivo de proteger a biodiversidade local, uma iniciativa da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) propõe a criação de uma UC na área da gruna, por meio de uma caracterização ambiental da área e elaboração da proposta para criação de um Monumento Natural. Esta categoria de UC de proteção integral tem por objetivo conservar um elemento natural único, de extrema raridade ou beleza cênica. Seus recursos naturais da área só podem ser utilizados de forma indireta, sem extração, dano ou consumo desse patrimônio, conservando-os de forma mais efetiva.
Além da relevância ambiental, a Gruna da Tarimba e a região como um todo têm enorme potencial turístico que é pouco aproveitado. Com rios que permitem a prática de rafting, cachoeiras e cavernas prontas à visitação por toda a região, o ecoturismo pode ser grande vetor de desenvolvimento para a região de Mambaí. O comércio de restaurantes, artesanato, hotéis e pousadas, gerarão mais renda para o município.
Esta iniciativa para criação da UC é coordenada pela União Paulista de Espeleologia (UPE), com apoio do Grupo Espeleológico Goiano (GREGO), da Sociedade Brasileira de Espeleologia (SBE) e UFSCar. A Fundação Grupo Boticário de Proteção a Natureza tambémparticipa do projeto. “As cavernas são ambientes naturais bastante sensíveis, com biodiversidade muito rica e própria. Protegê-las é conservar parte da história natural do país e contribuir para que essas espécies continuem ocorrendo na região”, afirma Malu Nunes, diretora executiva da Fundação Grupo Boticário.
O processo 13898/2015 para criação do Monumento Natural pode ser acompanhado aqui. Ele ainda está em fase inicial e pode levar cinco ou seis anos para que se concretize. O diálogo com a comunidade local, bem como o apoio da sociedade como um todo são fundamentais para que esse processo seja mais ágil e dinâmico .
*Com informações da NQM Comunicação