Registro raro: onça-pintada é flagrada no Parque Estadual Serra do Mar


Onça-pintada. Imagem ilustrativa.
Onça-pintada. Imagem ilustrativa.

Uma armadilha fotográfica registrou a presença de uma rara onça-pintada (Panthera onca) no Parque Estadual Serra do Mar (SP). A espécie, ameaçada de extinção, não era avistada na unidade de conservação há muitos anos. A armadilha registrou o animal em duas ocasiões: uma em dezembro de 2015 e outra em janeiro de 2016, ambas do mesmo indivíduo. O registro incomum aconteceu a apenas 200 metros da cidade de São Paulo e animou pesquisadores.

“Isso é que a relevância da informação. Uma cidade com quase 12 milhões de pessoas e que ainda tem uma onça pintada livre na natureza”, afirma o biólogo Peter Crawshaw, uma das maiores autoridades sobre onças-pintadas do mundo.

A onça-pintada que aparece nas imagens aparenta ser um indivíduo adulto, mas ainda não se sabe precisar se o animal é macho ou fêmea. Infelizmente, o vídeo da armadilha foi corrompido e o que aparece são apenas imagens estáticas da onça. Novas armadilhas deverão ser colocadas em locais diferentes dentro do parque para responder essa dúvida.

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Imagens: Henrique Gonçalves / CENAP/ICMBio | Clique para ampliar

 

Crawshaw explica que o sexo faz toda a diferença: machos são mais dispersos e tendem a explorar novas áreas. Já as fêmeas indicam que pode haver uma população residente na área. “Como não temos registros recentes anteriores, pode ser um macho por causa dessa característica deles serem mais dispersos. A minha torcida era que fosse uma fêmea e o início do estabelecimento de uma população ali, mas só poderemos afirmar isso no futuro, não tem como afirmar nada só com as imagens disponíveis (…). O que a gente sabe é que ela [a onça] está ali”, explica.

As armadilhas foram colocadas no Núcleo Curucutu do Parque para serem utilizadas no projeto “Ecologia da onça-parda em remanescentes de Mata Atlântica e Cerrado nas Regiões Metropolitanas de São Paulo e da Baixada Santista”. O projeto coordenado pela analista ambiental Lilian Bonjorne de Almeida, do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros do ICMBio (CENAP/ICMBio), faz parte de seu estudo de doutorado na State University of New York/ College of Environmental Sciences and Forestry (SUNY/ESF).

De acordo com Lilian, projetos anteriores do CENAP/ICMBio realizados no Parque Estadual com foco em registros da onça-pintada não foram bem-sucedidos. “Na época, apesar de todo esforço de campo, não foi realizado um registro fotográfico da onça-pintada, considerando-se, então, baixa a densidade da espécie na Serra do Mar. Estamos animados com as surpresas que encontramos ao longo de nossos estudos”, comenta.

Em 2007, o próprio Peter Crawshaw coordenou dois projetos para monitoramento de onças em São Paulo. O primeiro foi no Parque Nacional da Serra do Bocaina, na divisa entre Rio e São Paulo e o segundo foi no próprio Parque Estadual da Serra do Mar, no núcleo de Santa Virgínia. Mas o único indicativo da presença de onça-pintada que a pesquisa conseguiu registrar foi de uma pegada.

Segundo estimativas, existem menos de 250 onças-pintadas distribuídas em todo o bioma Mata Atlântica, que corre o risco de ser o primeiro bioma tropical a ter extinto seu maior predador de topo.

O Parque

O Parque Estadual Serra do Mar é a maior porção contínua de Mata Atlântica no Estado de São Paulo e a maior UC do bioma. São 332 mil hectares, que abrangem 25 municípios paulistas, conectando as florestas da Serra do Mar desde o Rio de Janeiro e Vale do Ribeira, até o Paraná. Por conta da sua extensão, o parque é gerenciado por meio de núcleos administrativos: Bertioga, Caraguatatuba, Cunha, Curucutu, Itariru, Itutinga Pilões, Padre Dória, Picinguaba, Santa Virgínia e São Sebastião.

O recente registro foi feito no núcleo Curucutu, uma antiga fazenda produtora de carvão que foi adquirida pelo estado em 1958 com o objetivo de ser transformado em uma reserva florestal. Esse núcleo tem 37,5 mil hectares e sua área se estende por parte dos municípios de São Paulo, Juquitiba, Mongaguá e Itanhaém.

 

 

 

 

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