As zonas úmidas fornecem serviços ecológicos fundamentais para as espécies de fauna e flora e para o bem-estar de populações humanas, rurais e urbanas. Além de regular o regime hídrico de vastas regiões, funcionam como fonte de biodiversidade em todos os níveis e cumprem um papel vital no processo de adaptação e mitigação das mudanças climáticas, já que, em muitos casos estas áreas são grandes reservatórios de carbono. O colapso dos serviços prestados por estas zonas pode resultar em desastres ambientais com elevados custos em termos econômicos e, mais importantes, humanos. Daí, a sua importância.
Áreas úmidas reconhecidas como sítios Ramsar se beneficiam de prioridade no acesso à cooperação técnica internacional e apoio financeiro para promover projetos que visem a sua proteção e a utilização sustentável dos seus recursos naturais, favorecendo a implantação, em tais áreas, de um modelo de desenvolvimento que proporcione qualidade de vida aos seus habitantes.
O Brasil, desde a sua adesão à Convenção de Ramsar, já conta com 13 de suas áreas protegidas na lista de sítios Ramsar. Conheça-as:
Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá
Clique para ampliar
Mamirauá é a primeira Reserva de Desenvolvimento Sustentável brasileira, criada em 1996 pelo governo do Amazonas. Esse tipo de unidade tem como objetivo conciliar a conservação da biodiversidade com o desenvolvimento sustentável numa unidade habitada também por populações humanas. A reserva Mamirauá está localizada na região do curso médio do rio Solimões e abrange uma área de 1.124.000 hectares, que passa pelos municípios de Uarini, Fonte Boa e Maraã.
A reserva tem um complexo ecossistema de lagos, lagoas, ilhas, restingas, chavascais, paranás e muitas outras formações, que permanece de 7 a 15 metros debaixo d’água por seis meses no ano. A variação sazonal de seca e de cheia é determinante para a flora e a fauna e toda a vida na várzea, que deve se adaptar a essa variação.
Em outubro de 1993 tornou-se, também, um sítio Ramsar.
Parque Nacional do Cabo Orange
Clique para ampliar
Criado em 1980, O Parque Nacional do Cabo Orange protege uma área de aproximadamente 657 327 hectares de manguezal e de campos de planície localizados na foz do rio Oiapoque e na costa norte do Brasil, no estado do Amapá. Aliás, o parque foi a primeira unidade de conservação federal criada no estado, que hoje tem tem 55% de seu território protegido por parques, reservas e terras indígenas.
Eleito sítio Ramsar em fevereiro de 2013, o Parque Nacional do Cabo Orange tem como um de seus maiores atrativos a observação de animais, especialmente de aves. Diversas espécies de aves, répteis e mamíferos, ameaçadas de extinção, sobrevivem no Parque. Entre elas, o peixe-boi-marinho, lontras, guarás, flamingos, garça-branca-grande.
Os campos de planície predominam no Parque e apresentando extensos manguezais com alta taxa de sanilidade nas águas próximas ao Oceano Atlântico. Dois rios cortam a região: o Uaça e o Caciporé, em cuja foz há um trecho de densa floresta tropical, praticamente inacessível.
Clique para ampliar
O segundo parque nacional Marinho criado no país, o Parque Nacional Marinho de Abrolhos está localizado no sul do litoral do estado da Bahia, no arquipélago de Abrolhos. A unidade abriga a maior biodiversidade marinha de todo o Oceano Atlântico Sul.
Com uma área de mais de 90 mil hectares, o Parque abrange o Recife de Timbebas, o Parcel dos Abrolhos e o Arquipélago dos Abrolhos – composto pelas ilhas Redonda, Siriba, Sueste, Guarita e Santa Bárbara (esta sob jurisdição da Marinha).
Designado sítio Ramsar em fevereiro de 2010.
Área de Proteção Ambiental das Reentrâncias Maranhenses
Clique para ampliar
Situada no litoral ocidental do Maranhão, foi designada Sítio Ramsar em 1993. Possui extensos manguezais, favorecidos por uma série de fatores ambientais, como temperatura, alto índice pluviométrico e a presença de dezenas de estuários.
A região é considerada a segunda melhor área de invernada para aves limícolas (que vivem na lama) migratórias. Entre as espécies ameaçadas e vulneráveis presentes na região estão o Maçarico-de-papo-vermelho (Calidris canutus) e o Guará (Eudocimus ruber).
A principal atração turística na região é a Ilha dos Lençóis. Sua beleza exótica oferece praias, dunas e lagoas cristalinas. Seus habitantes acreditam que vive por lá um rei encantado conhecido por Dom Sebastião, que nas noites de lua cheia se transforma em um touro gigante.
Área de Proteção Ambiental da Baixada Maranhense
Clique para ampliar
Parque Estadual Marinho do Parcel de Manuel Luiz
Criado em junho de 1991, o Parque Estadual Marinho do Parcel de Manuel Luís tornou-se Sítio Ramsar em fevereiro de 2000. O Parque localiza-se a cerca de 100 milhas náuticas da capital maranhense, São Luís, com uma área de 45.937,90 hectares que protegem a fauna e flora marinhas e os recifes de corais da região.
Devido à dificuldade de acesso, à distância da costa, a fortes correntes marítimas e, principalmente, por constituir o maior banco de corais da América do Sul, e um dos maiores do mundo, o Parcel de Manuel Luís sempre representou ameaça à navegação. O “Triângulo das bermudas brasileiro” tornou-se um dos maiores cemitérios de embarcações do mundo, com cerca de 200 embarcações naufragadas, entre caravelas e navios de casco de ferro.
O conjunto de formações rochosas, com inúmeros labirintos submersos, mais os destroços das embarcações acabou tornando-se abrigo para diversas espécies marinhas, como cações-lixa, barracudas prateadas, o raro nero (maior peixe de fundo da nossa costa), os exóticos peixe-morcego e peixe-papagaio, o sargentino e o peixe-borboleta, além de transformar o local num paraíso para mergulho.
Clique para ampliar
O Parque Estadual do Rio Doce está situado na porção sudoeste do Estado de Minas Gerais, inserido nos municípios de Marliéria, Dionísio e Timóteo. A unidade de conservação abriga a maior floresta tropical de Minas, em seus 35.970 hectares. Criado oficialmente no dia 14 de julho de 1944, é a primeira unidade de conservação do estado. É só foi designado sítio Ramsar em fevereiro de 2010.
No Rio Doce é possível encontrar espécies da avifauna como o beija-flor besourinho, chauá, jacu-açu, saíra, anumará, entre outros. Animais conhecidos da fauna brasileira também são freqüentes no Parque. A capivara, anta, macacos-prego, sauá, paca e cotia, bem como espécies ameaçadas de extinção como a onça pintada, o macuco e o mono-carvoeiro, maior primata das Américas. Árvores centenárias, madeiras nobres de grande porte e uma infinidade de animais nativos compõem o cenário de um dos poucos remanescentes de Mata Atlântica.
O parque foi atingido pela enxurrada de lama que se desprendeu da barragem da Samarco na sua Zona de Amortecimento. O rio Doce margeia a unidade.
Clique para ampliar
A RPPN Fazenda Rio Negro está localizada na região Centro-Oeste do Brasil, no município de Aquidauna, estado do Mato Grosso do Sul-MS, na chamada região do Pantanal da Nhecolândia. Sua área abriga uma totalidade de 7 mil hectares. A unidade de conservação foi criada em 2001 e representa importante papel na conservação de ecossistemas nativos e proteção das populações de espécies típicas da região, além de fornecer base para pesquisas científicas no Pantanal sul-mato-grossense e para o desenvolvimento do ecoturismo como alternativa de atividade econômica sustentável.
Em maio de 2009, ela recebeu o reconhecimento como sítio de importância internacional, conferido pela Convenção de Ramsar de Áreas Úmidas. Dentre os critérios considerados pela Convenção de Ramsar para conferir o título à RPPN, destaca-se além da presença de áreas úmidas únicas na região, a significativa amostra da biodiversidade do Pantanal, incluindo várias espécies ameaçadas de extinção, como a ariranha, o cervo-do-pantanal e a arara-azul.
Parque Nacional do Pantanal Mato-Grossense
Clique para ampliar
Localizado entre os rios Paraguai e Cuiabá, a criação do Parque veio corresponder às necessidades da sociedade e da comunidade científica, pela importância dessa unidade de conservação na proteção dos ecossistemas do bioma Pantanal. Sua área e o seu entorno correspondem à Área de Conservação Ambiental reconhecida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) como Patrimônio da Humanidade.
O Pantanal como um todo é caracterizado por uma enorme superfície de acumulação, de topografia bastante plana e frequentemente sujeita a inundações, sendo a rede de drenagem comandada pelo rio Paraguai. O Pantanal Mato-Grossense é a maior planície de inundação contínua do planeta. A área foi incluída na Lista Ramsar em maio de 1993.
Clique para ampliar
Localizado no município de Barão de Melgaço, no Mato Grosso, a unidade de conservação é a primeira reserva particular do país a ser denominada como Sítio de RAMSAR – da Convenção de RAMSAR de proteção das zonas úmidas de importância mundial — foi incluída na lista em dezembro de 2002. Criada através da Portaria nº 151-N, de 09/11/1998, seu objetivo é a proteção da biodiversidade ecológica, promovendo a regulação ambiental, a preservação de recursos genéticos, a manutenção dos ciclos sazonais das águas e a proteção da beleza cênica de uma extensão de 1.060 km² de Pantanal.
Parque Nacional do Araguaia – Ilha do bananal
Clique para ampliar
Conhecido por abrigar espécies ligadas ao meio aquático, como o pirarucu, tucunaré e surubim, o Parque Nacional do Araguaia situa-se no norte da Ilha do Bananal, no sudoeste de Tocantins e abrange os municípios de Pium e Lagoa da Confusão.
Sua história remonta o século XVIII, quando a ilha do Bananal foi descoberta no dia 26 de julho de 1773 pelo sertanista José Pinto Fonseca, quando com seus “batedores de mato” campeavam pelos sertões atrás de malocas de índios para abater e vender como mercadoria bastante valorizada àquela época. O sertanista deu o nome da ilha de Santana e, mais tarde, o nome foi mudado para Ilha do Bananal devido aos densos bananais existentes.
A UC foi criada em 1959 para proteger amostra representativa dos ecossistemas de transição entre o Cerrado e a Floresta Amazônica.
Parque Nacional da Lagoa do Peixe
Clique para ampliar
O Parque Nacional da Lagoa do Peixe está situado na península da Lagoa do Patos (RS), no litoral do Rio Grande do Sul e abrange os municípios de Tavares e Mostardas e São José do Norte. A região foi colonizada por açorianos e o nome da unidade se deve à importância da Lagoa dos Peixes, na verdade uma laguna, dentro do ecossistema, a maior e mais procurada pelas aves para a alimentação. Em vista disso, o parque foi criado para a conservação dos recursos naturais voltados para a preservação das aves migratórias da Lagoa do Peixe.
O parque é ótimo lugar para a observação de aves. Centenas delas se amontoam nas águas rasas da Lagoa do Peixe. Pode ser avistada inclusive a baleia franca, entre os meses de julho e outubro, época em que migram para Santa Catarina. As praias desertas escondem preciosidades, como o Farol da Solidão e o Farol de Mostardas, construído em 1858. Por estas características naturais, o parque foi considerado sítio Ramsar em maio de 1993.
Reserva Biológica Atol das Rocas
Clique para ampliar
A Reserva Biológica Atol das Rocas é um recife semicircular, composto por esqueletos calcários de algas, corais e moluscos com uma área de 35 mil hectares (cerca de 360 km²). Localizado a 80 milhas náuticas (cerca de 130 km) do arquipélago de Fernando de Noronha, o único atol do Atlântico Sul é importante por sua alta produtividade biológica: é um dos maiores locais de reprodução da tartaruga-verde, além de ser abrigo para a tartarugas-de-pente, os atobás e as fragatas.
O Atol das Rocas possui duas ilhas, atualmente conhecidas como ilha do Farol e ilha do Cemitério. Antes da construção do primeiro farol, do qual a ilha teve seu nome, a ilha do Farol era chamada pelos franceses e ingleses como ilha de Sable; e a ilha do Cemitério se denominava como ilha de Capim.
O mais novo dos sítios Ramsar brasileiros, o Atol foi acrescido à lista em janeiro de 2016.