O turismo representa um fenômeno com fortes implicações econômicas, sociais, ambientais, éticas e políticas, principalmente no caso de alguns países em desenvolvimento sujeitos a fortes desigualdades sociais mas detentores de elevados níveis de biodiversidade, como é o caso do Brasil. Com base neste contexto, a Professora Titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro Marta de Azevedo Irving e uma equipe multidisciplinar de pesquisadores analisou de que forma o turismo em áreas protegidas foi interpretado pelas políticas públicas setoriais, entre 1999 e 2014, período estratégico na definição de diretrizes nacionais para proteção da natureza e também para o desenvolvimento turístico em território nacional.
O resultado desta pesquisa é o livro Turismo, Áreas Protegidas e Inclusão Social: Diálogos entre saberes e fazeres, cujo lançamento acontece nesta terça-feira (15/12), às 19h, na livraria Prefácio, localizada na Rua Voluntários da Pátria nº 39, Botafogo, no Rio de Janeiro.
Leia abaixo a uma breve entrevista com a autora/organizadora:
WikiParques: Qual a proposta do livro? Como surgiu a ideia de produzi-lo?
O livro surgiu de uma proposta de uma rede de pesquisadores, gestores públicos e lideranças do movimento social, que coordeno, intitulada Rede Tapis – Turismo, Áreas Protegidas e Inclusão Social. Desde 2005/2006, este movimento vem se mobilizando para gerar reflexões, difundir e compartilhar com a sociedade novas propostas para o planejamento e gestão do turismo em bases sustentáveis, este entendido como fenômeno contemporâneo complexo e polissêmico. Ele resulta de um esforço de pesquisadores de varias universidades públicas e também da interlocução dos mesmos com experiências em curso, a praxis [prática] em projetos e em parceria com a gestão pública.
Quanto tempo levou para a realização desse trabalho? Como foi essa experiência?
A produção do livro representou um processo muito longo, trabalhoso e por vezes muito cansativo. Foram pelo menos 30 meses entre a elaboração do primeiro projeto e a versão final. O projeto inicial envolveu 4 organizadoras de diferentes universidades. Em um segundo momento foi lançada uma chamada para artigos. Estes foram avaliados quanto à sua procedência e qualidade. Em seguida um grande esforço foi dirigido à captação de recursos para a edição e contatos com editoras. E foram necessárias inúmeras e incansáveis revisões texto a texto para harmonização de estilo e redação e conteúdo final. E muitas foram também as reuniões e revisões da própria editora ( a excelente Letra e Imagem/Folio) para que o projeto fosse viabilizado.
Qual o público alvo da obra?
O publico que se quer atingir é muito variado, envolvendo estudantes, pesquisadores, interlocutores da gestão pública, dos movimentos sociais e do setor privado. A inspiração do livro foi trazer uma informação qualificada mas também capaz de ser assimilada pelo público não acadêmico.
Como essas três palavras estão ligadas: turismo, áreas protegidas e inclusão social?
O turismo – entendido como fenômeno contemporâneo complexo e planejado segundo os princípios de sustentabilidade – , por pressuposto, deve assegurar os compromissos de conservação da biodiversidade (e portanto, a internalização da importância das áreas protegidas com este objetivo), de inclusão social (deve ser guiado pela premissa de justiça social), de salvaguarda e proteção da base cultural e de valorização dos saberes locais.
Agradecemos a entrevista e desejamos muito sucesso e um parabéns pelo trabalho realizado.