Já na sua primeira participação, Roberto Luiz Dall’Agnol se sagrou vencedor da etapa de outubro do Concurso WikiParques. O engenheiro e consultor em gerenciamento de projetos industriais e ambientais trouxe para a competição um impressionante registro da grandiosidade das araucárias que se erguem ao redor da Trilha das Araucárias, no Parque Estadual de Espigão Alto. A fotografia marcante chamou a atenção dos jurados e garantiu ao fotógrafo o merecido prêmio da etapa.
Para o engenheiro, a fotografia é um hobby levado a sério. São, afinal, mais de 30 anos dedicados à atividade. A paixão começou em 1980, na época da faculdade. O interesse por artes visuais, principalmente o cinema e a fotografia, incentivaram o jovem estagiário a investir na sua primeira câmera: uma Asahi Pentax SP500, um aparelho de destaque para a época. Armado com uma câmera de qualidade, desde então, não parou mais de fotografar.
O Blog do WikiParques conversou com Roberto para saber mais sobre fotografia e a foto que lhe deu a vitória da etapa. Leia:
WikiParques: O que o levou a se interessar pela fotografia de natureza?
Roberto: Aventura, pois adoro trilhas na mata, de carro ou a pé. A beleza da luz e movimentos na natureza proporcionam momentos únicos. E também gosto muito de fotografar aves.
Quais foram as áreas protegidas mais bonitas que você já fotografou?
O impacto de quem chega ao Parque Nacional de Foz de Iguaçu é impressionante: a mata,os animais e o som das cataratas fazem desse lugar uma aventura apaixonante. Outro local muito bonito, pela diversidade de paisagens é o Parque Estadual do Jalapão, em Tocantins. Além dos animais como as araras azuis-grandes, arara canindé, veados, onças pintadas, podemos ver rios cristalinos com corredeiras, paredes de arenito, dunas enormes, buritizais e as famosas veredas.
Qual área protegida você gostaria de fotografar mais ainda não teve a oportunidade? O que você fotografaria por lá?
Quero muito conhecer os Lençóis Maranhenses e o Atol das Rocas. No primeiro quero captar um pouco da vida muito característica do pessoal que mora no local, observar a luz refletida nas lagoas entre os lençóis de areia e o impacto do movimento das dunas. No Atol das Rocas gostaria de registrar os animais endêmicos da região, inclusive embaixo d’água! Acompanhar a força das ondas e da maré e o trabalho dos pesquisadores locais são oportunidades únicas dentro do nosso país.
Conte um pouco sobre a foto vencedora do concurso. Onde ela foi tirada? Foi uma foto difícil de fazer?
A foto foi feita no Parque Estadual do Espigão Alto, no norte do RS, quase fronteira com Santa Catarina. É uma das poucas reservas naturais de araucárias do estado, local de alimentação e nidificação dos raros papagaios-de-peito-roxo.
Faço parte de um grupo de observadores de aves, o Clube de Observadores de Aves de Porto Alegre (COA-POA), cujos membros são na maioria biólogos. Uma das atividades neste local que visitamos era fazer a contagem cruzada de papagaios-de-peito-roxo que estavam na área. Andamos por várias trilhas dentro do parque e, pela primeira vez, entrei nesta onde fiz a foto. Fiquei muito impressionado pelo tamanho das araucárias, algumas certamente com mais de 100 anos! Parei para admirar as árvores e nosso grupo continuou caminhando. Quando percebi, eles estavam afastados de mim uns 200 metros e como eram pequeninos em relação às araucárias! Me ajoelhei e fiz a foto. A maior dificuldade foi balancear a luz mas, como a foto foi feita ao meio dia, os raios do sol conseguiam vencer a altura das arvores. Como fotografo em RAW, no pós-processamento reduzi um pouco a sombra na linha da trilha e aumentei a claridade para realçar a textura das arvores .
Alguma dica para amadores que querem fotografar a natureza?
Paciência gera oportunidade! As melhores fotos a gente faz depois que nos ambientamos ao local, sentimos melhor os sons, movimentos e como a luz se comporta naquele ambiente. Se você gosta de registrar animais uma lente de longo alcance ajuda. Eu uso uma lente intercambiável de 120-400mm, mas várias maquinas já tem um zoom eletrônico incorporado que para fotos amadoras é mais que suficiente.
A natureza é linda no Brasil e temos o dever de ajudar a preservar para gerações futuras, creio que a fotografia auxilia a captar momentos lindos. Fotografar e divulgar ajuda a conscientizar o publico em geral. Muitos amadores já fizeram registros importantes de animais raros na natureza ou de ações que ameaçam o meio-ambiente, portanto, a participação de todos é relevante.
Obrigado, Roberto. Continue participando!