O Parque Estadual da Serra da Tiririca, no Rio e Janeiro, foi palco de um momento histórico para a Mata Atlântica na última quinta-feira (05/05). A equipe da unidade de conservação promoveu o plantio de 28 mudas da Guarajuba (Terminalia acuminata), espécie florestal que ficou desaparecida por mais de 70 anos. Considerada extinta, ela foi redescoberta em 2015 no parque por pesquisadores.
A ação ocorreu no Córrego dos Colibris, território que originou a criação do parque e que possui uma vasta diversidade de fauna e flora. “O trabalho de hoje no Parque Estadual da Serra da Tiririca é de grande importância não só para o Estado do Rio de Janeiro, mas para a ciência em nível internacional. A partir dos esforços na restauração da espécie, geramos estudos e conhecimento que são do interesse de todos nós como população”, celebrou o secretário de Estado do Ambiente e Sustentabilidade, José Ricardo Brito.
Para o presidente do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Philipe Campello, a atividade lança luz ao papel central das unidades de conservação na proteção e recuperação da biodiversidade fluminense. “Um evento com essa dimensão acontecendo em uma das nossas unidades demonstra que, sem elas, não seria possível a construção de um futuro mais sustentável para o estado.”
Próximos passos
De troncos largos na base e mais finos na parte superior, a árvore de grande porte deixou de ser vista na natureza em 1942. A partir de 1998, a guarajuba passou a ser considerada extinta até ser redescoberta por um grupo de pesquisadores. Entre eles, Inara Batista, coordenadora do Plano de Ação Nacional para Conservação da Flora Endêmica Ameaçada de Extinção do Estado do Rio de Janeiro, o PAN Flora Endêmica.
Apelidada pelos colegas de “madrinha da Guarajuba”, Inara explica o processo que resultou na ação da última quinta-feira. “Essas mudas que vamos plantar hoje são de sementes coletadas da mesma planta que foi redescoberta em 2015, no Costão de Itacoatiara. Coletamos as sementes; as levamos para o Horto Florestal de Guaratiba, do Inea; estudamos sua germinação; e agora elas estão aqui, prontas para o plantio”, esclareceu a doutora em Ciências Biológicas.
Os pesquisadores têm enfrentado dificuldades no processo de germinação da Guarajuba, o que colabora para que a espécie integre as listas global, nacional e estadual de perigo de extinção. Atualmente, o Rio de Janeiro conta com cerca de 250 plantas da espécie oficialmente catalogadas. Elas estão distribuídas principalmente na Região Metropolitana da cidade, sendo mais de dez delas dentro do território do Parque Estadual da Serra da Tiririca.
Para Leandro Silva, gestor do parque, o evento é ainda mais especial em vista do envolvimento da equipe do parque desde o início do processo. “É uma experiência muito interessante termos encontrado a espécie aqui, ter colhido suas sementes e agora ela retorna para a unidade. Para nós da equipe é um prazer e um grande orgulho. É uma atividade que só tem a acrescentar ao meio ambiente, à unidade e à população local”, contou o servidor.
O retorno da Guarajuba à natureza contou com a participação de cerca de 20 pessoas. Dentre elas, voluntários e alunos da Escola Estadual Professora Alcina Rodrigues Lima, vizinha da unidade.
Sobre o parque
Criado em 1991, o Parque Estadual da Serra da Tiririca é a primeira unidade de conservação do Estado do Rio de Janeiro que surgiu a partir da mobilização de movimentos ambientalistas e comunitários. Com cerca de 3.500 hectares, está situado nos municípios de Niterói e Maricá com trilhas e atrativos diversos. O parque recebe visitantes durante todo o ano, sendo uma importante área conservada em perímetro urbano.