Comunidade indígena fará cogestão de UC paranaense


O Instituto Água e Terra (IAT) entregou nesta sexta-feira (18), ao Instituto Angelo Kretã, documento com a proposta de compartilhar a gestão da Floresta Estadual Metropolitana, localizada em Curitiba, com a comunidade indígena que habita o local. A minuta de acordo prevê a cooperação técnica para a cogestão e promoção de ações de educação ambiental na unidade de conservação (UC).

A iniciativa inédita faz parte do acordo firmado com a comunidade indígena que ocupa as dependências da floresta atualmente. Em agosto de 2021, indígenas das etnias Kaingangue e Guaraní-Nhandewa, formada por 25 pessoas atualmente, ocupou parte do terreno da Floresta Estadual Metropolitana. Neste momento, cabe à comunidade indígena analisar a proposta para depois oficializá-la.

O acordo de cooperação técnica é prevista no artigo 30 da Lei Federal nº 9985/2000. O objetivo é promover o desenvolvimento de ações de preservação e educação ambiental. Ademais, a permanência da comunidade no local atende também o estabelecido no Sistema Nacional de Unidade de Conservação (SNUC), em relação a abrigar populações tradicionais.

“Será a primeira vez que uma gestão compartilhada de unidade de conservação é realizada dessa maneira, com a sociedade civil, representada pelo Instituto Angelo Kretã”, diz o diretor-presidente do IAT, Everton Souza. “É preciso destacar a importância desse fato, pois as ações de preservação serão feitas com conhecimento e com o objetivo comum entre o Estado e a comunidade indígena. É importante envolver a comunidade, em especial populações tradicionais, na preservação e no reflorestamento do local”, enfatiza.

Desse modo, as partes acreditam que o intercâmbio beneficiará a comunidade indígena, que terá um local para vivenciar de forma plena a sua cultura; a população em geral, que terá a possibilidade de conhecer in loco como é o modo de vida destes povos originários; e a unidade de conservação, que terá sua vegetação natural regenerada, além de ser um local de construção de educação ambiental.

Sobre a Floresta Estadual Metropolitana

Criada em dezembro de 1988, a unidade de conservação de uso sustentável está localizada próxima da área urbana de Curitiba, no limite com a ferrovia Curitiba-Paranaguá, cortada pela Rodovia Contorno Leste.

A área foi historicamente marcada pelo intenso extrativismo florestal. O local pertencia anteriormente à extinta Rede Ferroviária Federal, que a utilizava para plantio de eucalipto, cuja madeira abastecia as antigas locomotivas a vapor.

Juntamente com o apoio de moradia, o IAT auxiliará a comunidade na reflorestamento da UC com árvores nativas da da Mata Atlântica. Deste modo, elas substituirão a vegetação exótica plantada pela antiga concessionária.

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