5 travessias em parques para conhecer o país a pé


Em 2017, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) comemorou seu aniversário de 10 anos com um projeto de realizar dez travessias em trilhas de longo curso no interior de parques nacionais, com a participação de visitantes, turistas, trilheiros, montanhistas, ambientalistas e a população em geral.

A jornalista Duda Menegassi calçou uma bota de trilhas, colocou a mochila nas costas, pendurou a câmera no pescoço e o bloquinho no bolso, e se juntou a essa jornada pelas unidades de conservação federais. Foram cerca de 400 km percorridos da maneira mais natural possível: a pé. O resultado dessa aventura foi “Travessias: uma aventura pelos parques nacionais do Brasil”. 

O livro é fruto de uma parceria entre ((o))eco e o ICMBio e, principalmente, do esforço físico da nossa repórter andarilha. A obra narra as trilhas feitas entre junho de 2017 e março de 2018. Nesta lista, vamos passear por algumas dessas travessias que contemplam algumas das mais belas paisagens naturais do país, com percursos que cruzam rios e cachoeiras em meio à fauna e flora nativas.

Para quem quiser conhecer a lista completa e ler as impressões em primeira mão da nossa repórter, “Travessias” está disponível em formato digital no site do ICMBio (link). Alternativamente, a versão física (e assinada pela autora!) deste guia é recompensa para assinantes da campanha de assinaturas do ((o))eco. Confira!

Parque Nacional Serra do Cipó, Minas Gerais

Cachoeira do Tombador, Parque Nacional Serra do Cipó. Foto: Gabriel Ribeiro Vallim
Cachoeira do Tombador, Parque Nacional Serra do Cipó. Foto: Gabriel Ribeiro Vallim

Localizada no encontro entre o Cerrado e a Mata Atlântica, a Serra do Cipó, em Minas Gerais, é caracterizada pela sua diversidade. Com uma história geológica que remonta há centenas de milhões de anos, ela apresenta uma grande variedade de rochas-calcárias, quartzitos, granitos e solos. Além disso, ali está uma das floras mais diversas e de maior grau de endemismo do planeta, com mais de 1700 espécies já registradas. Sem contar a fauna variada de insetos, anfíbios, pássaros, mamíferos e répteis. Com a missão de proteger toda essa exuberância, em setembro de 1984, o Parque Nacional da Serra do Cipó foi criado com uma área total de quase 34 mil hectares.

A Travessia Alto Palácio x Serra dos Alves é uma caminhada de dificuldade moderada para quem decide encarar os seus 40 km de extensão. O passeio de três dias começa em Alto Palácio, próximo a uma das bases de brigadistas, e percorre cenários de Cerrado, de campos rupestres e termina num trecho de Mata Atlântica, no sopé do povoado de Serra dos Alves, limite sul do parque. Para conhecer e contemplar a beleza da unidade de conservação nessa trilha de longo curso, é necessário agendamento prévio na página do Ecobooking. A companhia de um guia local é recomendada. Não há cobrança de ingresso para entrada no parque, que pode ser visitado durante o ano todo. 

Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, Mato Grosso

Cidade de Pedra: paredões e formações rochosas em arenitos com 300 metros de alturas. Parque Nacional da Chapada dos Guimarães. Foto: Antonio Sergio Barbosa da Silva
Cidade de Pedra: paredões e formações rochosas em arenitos com 300 metros de alturas. Parque Nacional da Chapada dos Guimarães. Foto: Antonio Sergio Barbosa da Silva

Dividido entre o município de Chapada dos Guimarães e a capital Cuiabá, o Parque Nacional da Chapada dos Guimarães ocupa uma área total de 33 mil hectares na região central do Mato Grosso. O parque criado em abril de 1989 está inserido no bioma Cerrado, mas apresenta forte influência do Pantanal e da Amazônia, abrigando espécies de fauna e flora dos três biomas. Além da diversidade de relevos, o parque faz parte da bacia hidrográfica do Alto Paraguai e protege as cabeceiras do rio Cuiabá, um dos principais formadores do Pantanal Mato-grossense.

Com 23 km de extensão e duração de dois dias, a Travessia do Morro de São Jerônimo é um passeio pela história da Chapada que começou há cerca de 500 milhões de anos atrás, quando ela surgia muito diferente do que é hoje. O cenário do Cerrado, que já foi território de mar e deserto, sofreu transformações durante as eras geológicas, mas manteve a riqueza cênica e a biodiversidade. A travessia é uma oportunidade de conhecer melhor este rico patrimônio natural.

Atualmente a entrada do parque nacional é gratuita. Outros atrativos da Chapada dos Guimarães são a famosa Cachoeira do Véu de Noiva e Cachoeira dos Namorados, ambos dispensam a presença de um guia credenciado. Há ainda o Circuito das Cachoeiras e a Cidade de Pedras que, como a Travessia do Morro de São Jerônimo, exigem o acompanhamento de condutores. Na página da unidade de conservação, o interessado encontra mais informações sobre visitação ao parque.

Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, Pernambuco

Pôr do sol, visto do Mirante Boldró. Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha. Foto: Sabrina S Saito
Pôr do sol, visto do Mirante Boldró. Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha. Foto: Sabrina S Saito

A cerca de 360 km do litoral de Pernambuco, o Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha abrange 70% da ilha principal do arquipélago e todas as outras 21 ilhas secundárias. Criado em setembro de 1988, o parque nacional preserva um frágil ecossistema e espécies que estão ameaçadas de extinção em outras regiões do país e do mundo. Tamanho o seu valor para a biodiversidade global, este santuário de espécies foi reconhecido e tombado pela UNESCO como patrimônio mundial da humanidade em 2001 e, em 2018, ele foi designado como Sítio Ramsar, título dado às áreas úmida de importância internacional.

O arquipélago de Fernando de Noronha constitui um grande banco de alimentação e reprodução para toda a fauna marinha do Nordeste brasileiro, além de representar um local de alimento e descanso para espécies migratórias. Ademais, lá se encontram os últimos vestígios de Mata Atlântica insular e o único manguezal oceânico do Atlântico Sul.

A travessia da Volta à Ilha é a possibilidade do visitante dar uma volta na ilha e percorrer este paraíso de uma ponta a outra a pé, acompanhado por um guia credenciado. O percurso de 32 km conecta trilhas já consolidadas dentro da unidade de conservação e possui um nível de dificuldade elevado, graças a trechos de escalaminhada. Ainda que não seja oficialmente um produto turístico, este percurso é oferecido por operadoras de turismo. Além das trilhas e praias, para quem quiser, existe a possibilidade explorar as águas cristalinas do arquipélago com as diversas operadoras de mergulho. O parque cobra um ingresso, válido por 10 dias. As informações para visitação estão na página oficial da unidade de conservação.

Parque Nacional da Tijuca, Rio de Janeiro

A cascatinha Taunay. Parque Nacional da Tijuca. Foto: Plínio Marcos Leal Dos Santos

Com quase 4 mil hectares de extensão, o Parque Nacional da Tijuca é um símbolo de preservação da Mata Atlântica em pleno meio urbano. Por estar pressionada pelo avanço urbano por todos os lados, a área protegida é um importante remanescente do bioma.

A localização e o fácil acesso ao parque ajudaram a colocar o parque entre as unidades de conservação mais visitadas no Brasil. Além de abrigar um dos símbolos mais reconhecidos do país, o Cristo Redentor, o parque oferece uma longa lista de atrativos que inclui cumes como a Pedra da Gávea e o Pico da Tijuca, cachoeiras como a do Jequitibá e a do Horto, além de uma vasta rede de trilhas e inúmeros mirantes. Não há cobrança de ingresso no parque, com exceção do acesso ao Cristo Redentor.

A unidade também abriga trechos da Trilha Transcarioca, percurso de 183 km que cruza a cidade do Rio de Janeiro. De dificuldade moderada, o traçado de 32 km dentro do parque corresponde aos seis primeiros trechos da Trilha Transcarioca. A caminhada de dois dias começa por uma antiga estrada de pedras aos pés da estrada Grajaú-Jacarepaguá e, seguindo as pegadas amarelas que sinalizam a trilha, termina no Museu Histórico da Cidade do Rio de Janeiro, no bairro da Gávea. Para informações sobre a Trilha Transcarioca, acesse o site oficial.

Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, Goiás

Corredeiras do Rio Preto, Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. Foto: Victor Lazarini

O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, localizado no nordeste do estado de Goiás, protege uma área de 240 mil hectares de Cerrado de altitude, abriga espécies e formações vegetais únicas, centenas de nascentes e cursos d’água, rochas com mais de um bilhão de anos, além de paisagens de rara beleza, com feições que se alteram ao longo do ano. Não à toa, o parque foi declarado Patrimônio Natural da Humanidade pela UNESCO em 2001.

Inaugurada em 2013, a Travessia das Sete Quedas foi a primeira trilha com pernoite sinalizada em um parque nacional e pode ser feita de forma autoguiada. Bem sinalizada e com baixo nível de dificuldade, a travessia de 23 km costuma ser percorrida em dois dias e  o pernoite é feito no Acampamento Sete Quedas, única área de camping do parque. As quedas são cachoeiras de pequeno porte que proporcionam uma visão cênica de 360º. Ali é possível se banhar nas piscinas naturais, subir nas quedas e avistar o Rio Preto. O passeio pede um agendamento prévio, necessário para controlar o limite máximo de visitantes no camping, estipulado em 30 pessoas.

Para quem quiser fazer a travessia, o sistema para a reserva e pagamento do(s) pernoite(s) na área de acampamento está disponível na página da concessionária Sociparques. Dúvidas e maiores informações entre em contato pelo telefone (62) 99642-9828.

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