A Caatinga é o bioma exclusivamente brasileiro: ele ocupa cerca de 844 mil quilômetros quadrados, o equivalente a 11% do território do país, e engloba os estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Sergipe e o norte de Minas Gerais. Apesar de ser conhecida pela vegetação sem folhas e os troncos de árvores esbranquiçados e secos – a “mata branca” dos tupi -, a Caatinga apresenta grande variedade de paisagens e de biodiversidade.
Ali estão 178 espécies de mamíferos, 591 de aves, 177 de répteis, 79 espécies de anfíbios, 241 de peixes, 221 de abelhas e 932 espécies de plantas. Apesar dessa riqueza, parte do bioma corre o risco de virar deserto. Há tempos, a Caatinga é alvo do desmatamento desenfreado causado pelo consumo de lenha nativa, explorada de forma ilegal e insustentável; o sobrepastoreio e a conversão de terras para pastagens e agricultura. Além do desmatamento e da perda de água, o bioma sofre ainda com queimadas, com destaque para a região da fronteira agrícola entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
Unidades de Conservação guardam cenários que mostram ao visitante os muitos encantos do bioma. Para quem quiser conhecer mais, o WikiParques selecionou algumas áreas protegidas que revelam um pouco a exuberância da Caatinga.
Monumento Natural Monólitos de Quixadá, Ceará
Um território de cerca de mais de 28 mil hectares no município de Quixadá, no interior do Ceará, abriga o Monumento Natural Monólitos de Quixadá. A unidade de conservação foi estabelecida em outubro de 2002 para a proteção de formações rochosas únicas do local: os inselbergs ou, como são chamados por lá, os serrotes ou monólitos. O nome, que significa “curral de pedras”, se refere às montanhas pré-cambrianas, geralmente monolíticas, de gnaisse e granito que emergem abruptamente do plano que as cerca.
Além de preservar os inselbergs, a unidade proporciona à população local técnicas apropriadas de uso do solo; assegurar o uso sustentável dos recursos naturais; ordenar o turismo ecológico, científico e cultural e as demais atividades econômicas compatíveis com a conservação ambiental; e desenvolver na população uma consciência ecológica e conservacionista. Em 2004, o Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) tombou a área e lhe deu o atributo de Parque Nacional dos Serrotes de Quixadá.
Os principais atrativos da unidade são: o Açude do Cedro, a trilha na Galinha Choca, a Gruta de São Francisco, a Serra do Padre, o Santuário Nossa Senhora Imaculada Rainha do Sertão, a Serra do Estevão e a Fazenda Não Me Deixes Tarde. Os, visitantes também podem praticar voo livre e rapel no monumento. O principal acesso se dá, partindo de Fortaleza, pela Rodovia CE 060. Para mais informações sobre visitação, os interessados devem buscar a administração pelo telefone (85) 31015550 ou pelo e-mail [email protected].
Reserva Natural Serra das Almas, Ceará
A Reserva Particular do Patrimônio Natural Serra das Almas, unidade mantida pela Associação Caatinga, abriga uma amostra significativa da flora e fauna da Caatinga no sertão de Crateús, município do Ceará. Por esta razão, a Unesco reconheceu a reserva como Posto Avançado da Reserva da Biosfera. Seus 6.146 hectares resguardam três nascentes e variadas espécies ameaçadas de extinção.
Na reserva são desenvolvidas atividades de pesquisa científica, recreação, visitação escolar e projetos de educação ambiental. Além disso, a unidade promove o desenvolvimento sustentável junto às comunidades do entorno, combinando preservação ambiental com geração de renda e melhoria da qualidade de vida.
Para os visitantes, a Reserva Natural Serra das Almas possui duas estruturas de atendimento. O Centro de Visitantes na sede oferece alojamento, cozinha, refeitório, academia ao ar livre, trilhas ecológicas, observação de aves e áreas de convivência. Outra é o Centro Ecológico Samuel Johnson, que possui auditório, alojamento, cozinha, refeitório e um viveiro de mudas com capacidade para produção de 100 mil mudas/ano. A reserva dispõe de guias e está aberta para visitação todos os dias, mas é necessário agendamento prévio de, pelo menos, 4 dias. Os contatos se dão através do telefone (88) 99955-6570 ou do e-mail [email protected].
Parque Estadual Pico do Jabre, Paraíba
Quem chega ao município de Maturéia, no alto sertão da Paraíba, logo avista o imponente Pico do Jabre. Com seus 1.197 metros de altura, este é o ponto mais elevado do estado. O pico está localizado dentro dos 852 hectares do Parque Estadual Pico do Jabre, unidade de conservação criada em outubro de 1992 para não apenas preservar a formação geológica, mas toda a fauna e flora da região.
A mata do Pico do Jabre é um dos ecossistemas mais ricos do estado, lar de árvores típicas da Mata Atlântica e da Caatinga. Destacam-se ali espécies ameaçadas de extinção,como o angico, o cedro, a umburana e a quixabeira. A fauna da região é representada por animais como o tamanduá, o gato maracajá, a raposa, o veado catingueiro, a suçuarana e a coral-verdadeira, além de várias espécies de aves raras.
O Mirante do Sertão, localizado no Pico do Jabre, permite que o visitante aviste paisagens dos estados do Rio Grande do Norte e de Pernambuco. As duas trilhas que dão acesso ao pico são outro atrativo para os amantes de esportes radicais. A trilha pavimentada é a preferida dos ciclistas e a trilha Pai Dantas é ideal para quem gosta de caminhar em contato com a natureza.
A Prefeitura de Maturéia instalou no local uma Unidade de Apoio ao Turista. O posto que funciona durante finais de semana e feriados oferece aos turistas informações e apoio logístico. Há mapas com as principais trilhas existentes, além de contatos dos guias cadastrados na prefeitura.
Parque Nacional de Sete Cidades, Piauí
Situado a nordeste do Piauí, nos municípios de Piracuruca e Brasileira, o Parque Nacional das Sete Cidades é um lugar de incrível beleza cênica. Os paredões e formações rochosas servem de moldura para uma viagem ao passado, ilustrada por pinturas rupestres. Passado e presente se misturam nos mais de 6 mil hectares do parque, que também é uma zona de encontro dos biomas Caatinga e Cerrado. Lá, pés de pequi e juazeiros se juntam na mesma paisagem, que une flora e fauna típica dos dois biomas.
A unidade de conservação também preserva um dos mais importantes sítios arqueológicos do Brasil, com monumentos geológicos e nascentes que brotam do semiárido do Piauí. Espalhadas pelo parque, as curiosas formações rochosas, monumentos com aproximadamente 190 milhões de anos, foram divididas em sete conjuntos nomeados de “Sete Cidades”. Para quem gosta de aventura, o local é propício para trilhas entre as rochas.
Não há cobrança de ingresso para entrar no parque, no entanto, é necessário contratar um guia.
Parque Nacional da Furna Feia, Rio Grande do Norte
Criado em junho de 2012, o Parque Nacional da Furna Feia é o primeiro parque nacional do estado do Rio Grande do Norte. Sua criação objetiva a preservação da biodiversidade da Caatinga e do complexo espeleológico da Furna Feia, uma importante concentração de 206 cavidades naturais no estado. A área de 8 mil hectares também tem o objetivo de realizar pesquisas científicas; de desenvolver atividades de educação e interpretação ambiental e de turismo ecológico e recreativo.
As cavernas Furna Feia e Furna Nova são as principais cavidades naturais da unidade de conservação e, também, grandes atrativos turísticos. A caverna da Furna Feia, que deu nome ao Parque, é a maior caverna do complexo, com 739 metros e um hotspot para espécies de morcegos. Existem, ainda, outras cavidades com singularidades únicas, sejam pelas espécies raras que preservam, seja pelas pinturas rupestres que guardam.
Apesar de ter seu Plano de Manejo aprovado em dezembro de 2020, o acesso do público à unidade ainda não foi oficialmente inaugurado.