Estudo traz 12 propostas para desenvolver o potencial do turismo em áreas parques naturais brasileiros


O Instituto Semeia lançou esta semana o estudo Parques como vetores de desenvolvimento para o Brasil: Ecoturismo e potencial econômico do patrimônio natural brasileiro. A pesquisa inédita confirma que, por meio do turismo, os parques naturais do Brasil têm um grande potencial ainda subaproveitado e podem gerar impactos consideráveis para a economia e o desenvolvimento do país.

Com base em dados de visitação dos parques brasileiros e de experiências de sucesso em outros países, o estudo projeta que nossos parques poderiam passar a receber até 56 milhões de visitantes por ano, número quatro vezes maior que o total de 2019. 

Para melhor entender os caminhos para transformar esse potencial em realidade, os principais desafios do setor foram mapeados e, então, sistematizados em 12 alavancas para um melhor desenvolvimento do turismo de natureza no país. Articulação de visão comum, governança para implementação da agenda, fontes alternativas de receita, esforços ativos para a promoção dos destinos, certificação de melhores práticas, concessões e parcerias com o setor privado e oferta coordenada de recursos são algumas delas. Em comum, todas têm a necessidade de maior integração de políticas públicas orientadas à agenda. 

Lago Norte, Brasília, DF, Brasil 23/8/2017. Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília.
Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília/Flickr (CC BY 2.0)

“O objetivo do estudo é quantificar o reconhecido potencial do turismo de natureza no Brasil e apresentar um norte para articulações de políticas e soluções estruturantes que, necessariamente, envolvem toda uma cadeia relacionada ao turismo nos parques”, afirma o diretor-presidente do Instituto Semeia, Fernando Pieroni. “Para alcançar o sucesso, é necessário engajar os diversos atores, de forma transversal a muitos setores como turismo, cultura e meio ambiente”, complementa. 

O potencial turístico dos recursos naturais brasileiros é internacionalmente reconhecido, mas sua contribuição para a economia ainda é pequena. Enquanto o Brasil ocupa a 2ª posição no mundo no Índice de Competitividade Turística – publicado pelo Fórum Econômico Mundial em 2019 –, no que diz respeito a seu patrimônio natural, a participação do turismo de natureza em parques no PIB nacional é de cerca de 0,13% – entre R$ 8 bilhões e R$ 10 bilhões –, e corresponde a 209 mil empregos gerados, aproximadamente. 

O crescimento da taxa de visitação leva a uma ampliação nos gastos totais dos turistas na região dos parques, uma vez que se aumenta também a demanda por alimentação, hospedagem, passeios guiados e outros serviços turísticos. Os resultados podem representar 978 mil postos de trabalho vinculados à visitação de parques naturais e seus entornos, com um impacto total no Produto Interno Bruto do País é estimado em R$ 44 bilhões – ou 0,61% do PIB, em valores de 2019, – multiplicando em mais de quatro vezes a participação dos parques na economia. 

“Essa taxa deve ser alcançada de forma sustentável e gradual, visando a conservação do meio ambiente. O aumento da visitação só faz sentido se acontecer de maneira ordenada, gerando benefícios às áreas e às populações locais”, ressalta o coordenador de projetos do Instituto Semeia, Rodrigo Góes. 

Faça aqui o download do estudo Parques como vetores de desenvolvimento para o Brasil: Ecoturismo e potencial econômico do patrimônio natural brasileiro

Desafios para o turismo de natureza 

Turistas tiram fotos das cataratas no Parque Nacional do Iguaçú. Foto: Deni Williams
Foto: Deni Williams/Flickr (CC BY 2.0)

O estudo identificou quais são os principais gargalos que impedem os parques brasileiros de concretizar esse potencial do turismo de natureza, divididos em dois níveis: em escalas nacional e regional

Os entraves nacionais incluem a visão desalinhada sobre a agenda de transformação dos parques naturais em âncoras de turismo; iniciativas desarticuladas e, em alguns casos, conflitantes, como as diferentes priorizações de parques e destinos; restrições orçamentárias; e o baixo reconhecimento dos parques brasileiros pelos públicos nacionais e internacionais. 

Já os entraves regionais abrangem a dificuldade de acesso aos destinos; infraestrutura de visitação inadequada; oferta limitada de atrativos e serviços; e instrumentos de gestão e fiscalização sub-ótimos, como a defasagem dos planos de manejo dos parques, a falta de incentivos para aumentar a visitação e dificuldades para desenvolver e fiscalizar parcerias. 

Alavancas 

A partir dos entraves identificados e com base em uma análise de benchmark com parques naturais do exterior, foram mapeadas 12 alavancas, ou seja, possíveis soluções a serem acionadas para superar um ou mais desses desafios. 

Para os entraves nacionais, o estudo propõe uma articulação de visão comum entre o setor público, bem como uma implementação efetiva de ações essenciais alinhadas à visão para o ecoturismo; fontes alternativas de receita, como a negociação de créditos de carbono para restaurar áreas degradadas; a criação de uma marca nacional para o turismo que ressalte os atributos naturais e culturais do país; esforços ativos para a promoção do ecoturismo; e a adoção de certificações de melhores práticas socioambientais e de segurança em toda a cadeia associada ao turismo de natureza. 

Com um olhar para os desafios regionais, as alavancas propostas são: a estruturação de parcerias em parques que apoiem o desenvolvimento do destino; oferta coordenada de recursos financeiros para o desenvolvimento regional; estímulo para atividades de turismo de natureza em áreas privadas próximas aos parques; capacitações para empreendedores e trabalhadores das comunidades locais; e o fortalecimento dos órgãos ambientais, seja para a fiscalização e gestão de contratos, seja com incentivos para a expansão sustentável da visitação.

Foto: Clodoaldo Lima/Flickr
Foto: Clodoaldo Lima/Flickr (CC BY-NC-SA 2.0)

Sobre o Instituto Semeia 

Criado em 2011, o Instituto Semeia é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos. Com sede em São Paulo (SP), trabalha para transformar áreas protegidas em motivo de orgulho para brasileiras e brasileiros. Atua nacionalmente no desenvolvimento de modelos de gestão e projetos que unam governos, sociedade civil e iniciativa privada na conservação ambiental, histórica e arquitetônica de parques públicos e na sua transformação em espaços produtivos, geradores de emprego, renda, e oportunidades para as comunidades do entorno, sem perder de vista sua função de provedores de lazer, bem-estar e qualidade de vida. São pilares de sua atuação: a geração e sistematização de conhecimento sobre a gestão de unidades de conservação; o compartilhamento de informações por meio de publicações e eventos; a implementação e o acompanhamento de projetos com governos de todos os níveis, como forma de testar e consolidar modelos eficientes e que possam ser replicados no país. 

 

  • Com informações do Instituto Semeia

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