5 parques amazônicos com trilhas (terrestres) leves


Quando pensamos no bioma amazônico, o que vem à mente são as imensidões verdes da floresta e os largos e infindáveis rios. Para muitos, não seria uma paisagem que exatamente possibilitaria um passeio casual numa tarde de domingo. Imagina-se barcos para atravessar a Amazônia, não pés e bicicletas. Enganam-se. Dentro e fora dos parques, a Amazônia oferece trilhas terrestres leves que permitem aos visitantes absorver os muitos encantos naturais do bioma.

Uma pequena definição: uma trilha leve é aquela que qualquer pessoa saudável pode fazer, mesmo sem preparo físico específico. São caminhadas simples, com duração de poucas horas e indicadas para iniciantes.

A seguir, algumas opções que os parques amazônicos têm a oferecer para quem quiser esticar as pernas debaixo do dossel da maior floresta tropical do mundo. Mas, fiquem atentos: antes de embarcar nessa aventura deve-se sempre consultar, previamente, os parques e suas regras, além das condições para percorrer a trilha.

Parque Nacional do Jaú, Amazonas

O Parque Nacional do Jaú abriga árvores que testemunharam muitas histórias. Sumaúma da Enseada. Foto: Josângela Jesus/ICMBio
O Parque Nacional do Jaú abriga árvores que testemunharam muitas histórias. Sumaúma da Enseada. Foto: Josângela Jesus/ICMBio
Trilha do Itaubal. Foto: Josângela da Silva Jesus/ICMBio
Trilha do Itaubal. Foto: Josângela da Silva Jesus/ICMBio

Criada em setembro de 1980, esta unidade de conservação federal de cerca de 2,3 milhões de hectares está localizada entre os municípios de Novo Airão e Barcelos, no Baixo Rio Negro, Amazonas. Períodos de seca e cheia na Amazônia proporcionam diferentes paisagens. Durante o período de seca, por exemplo, é possível visitar as praias e fica mais difícil adentrar a mata de igapó, mas o Parque Nacional do Jaú oferece atrativos durante todo o ano.

De trilhas curtas às de longo curso, é possível adentrar a floresta amazônica e apreciar suas belezas, avistar animais, encontrar árvores gigantes e mergulhar nas águas de pequenas cachoeiras. O parque possui um sistema de trilhas que busca atender as expectativas dos diferentes perfis de visitantes.

Com 3,5 km de extensão em formato circular, a Trilha do Itaubal situa-se próxima à comunidade de Seringalzinho e começa na margem do rio Jaú. A mais procurada das trilhas do parque, ela oferece a possibilidade de avistamento de diversas espécies da flora e da fauna nativa, além de banho na pequena cachoeira do Itaubal. A trilha apresenta um grau médio de dificuldade com terreno ondulado, tipo platô, algumas subidas e descidas com travessia de pequenos riachos.

A Trilha do Pesquisador, com extensão de 5km em formato linear, passa por ambientes como a mata alagada de igapó, capoeira, mata de terra firme, campinarana alta e baixa e campina, com grande potencial para observação de aves.

Trilha dos Igapós do Carabinani. Foto: Josângela da Silva Jesus/ICMBio
Trilha dos Igapós do Carabinani. Foto: Josângela da Silva Jesus/ICMBio

A Trilha dos Igapós do Carabinani possui aproximadamente 3km de extensão em formato linear, e em sua grande parte margeia o rio Carabinani, facilitando o acesso às corredeiras localizadas em áreas inacessíveis a embarcações.

A Trilha do Seringalzinho, localizada na comunidade de mesmo nome, possui 2,5km de percurso linear, com grande variedade de flora e possibilidade de ver animais silvestres e termina em um buritizal, ideal para observação de aves.

Parque Estadual do Cantão, Tocantins

Parque Estadual do Cantão. Foto: Divulgação/Governo do Tocantins
Parque Estadual do Cantão. Foto: Divulgação/Governo do Tocantins

A primeira unidade de conservação de proteção integral criada no Tocantins, esta área protegida de 90 mil hectares é considerada uma das mais importantes da Amazônia brasileira, devido a sua grande riqueza biológica. Ela protege 325 espécies de aves, 299 espécies de peixes, além das maiores populações de botos-do-araguaia e de ariranhas. O parque também é casa das onças-pintadas, dos jacarés-açu, das harpias e outros animais.

Localizado a 259 km de Palmas, capital do Tocantins, o ecossistema do Parque Estadual do Cantão é uma combinação única, com características de três biomas distintos: Cerrado, Pantanal e, predominantemente, Amazônico.

Trilha do Ferrugem, na Zona de Uso Especial do Parque Estadual do Cantão. Foto: Janete Tavares/Governo do Tocantins
Trilha do Ferrugem, na Zona de Uso Especial do Parque Estadual do Cantão. Foto: Janete Tavares/Governo do Tocantins

Com aproximadamente 2,8 km de extensão, a Trilha do Ferrugem é uma trilha de terra batida e cercada de vegetação bem preservada. Ela percorre desde formações florestais à savânicas e campestres, algumas totalmente preservadas e outras parcialmente antropizadas. Uma parte significativa do percurso margeia o Lago do Ferrugem, que dá o seu nome e por atravessar toda a unidade de conservação, é uma boa opção para conhecer o Parque Estadual do Cantão a pé .

Refúgio de Vida Silvestre Metrópole da Amazônia, Pará

 Refúgio de Vida Silvestre Metrópole da Amazônia. Foto: Ideflorbio
Refúgio de Vida Silvestre Metrópole da Amazônia. Foto: Ideflorbio

O Refúgio de Vida Silvestre Metrópole da Amazônia ocupa 6,3 mil hectares da Região Metropolitana de Belém (RMB), a 23km de distância da capital do Pará. Criada em 2010, a unidade abrange os municípios de Ananindeua, Benevides, Marituba e Santa Isabel do Pará, e tem como objetivo a conservação das florestas primárias da RMB, confirmando seu grande destaque para conservação ambiental no Estado.

Com uma exuberante natureza, o refúgio oferece mais de 15km de trilhas abertas e sinalizadas onde o visitante pode realizar atividades como caminhada, ciclismo, observação de fauna e a contemplação da paisagem. As principais trilhas leves da unidade são: da Samambaia, com 1,82 km de extensão, em um ambiente de floresta de seringais; do Seringal, com 528m; do Bambú, com 377m; e a do Quati, com 2,38km. Para a realização de visitas e atividades científicas, institucionais e educativas nas trilhas, é necessário o acompanhamento de guias.

Trilhas mapeadas e sinalizadas para contemplação da fauna e flora amazônica em meio a seringais e áreas de várzea e terra firme. Existem condutores de visitantes que residem dentro da UC devidamente capacitado pela Secretaria de Estado de Turismo em uma parceria com o Ideflorbio. Foto: Julio Cesar Meyer Junior
Trilhas mapeadas e sinalizadas para contemplação da fauna e flora amazônica em meio a seringais e áreas de várzea e terra firme. Existem condutores de visitantes que residem dentro da UC devidamente capacitado pela Secretaria de Estado de Turismo em uma parceria com o Ideflorbio. Foto: Julio Cesar Meyer Junior

Parque Nacional do Viruá, Roraima

Parque Nacional do Viruá (RR). Foto: ICMBio
Parque Nacional do Viruá (RR). Foto: ICMBio
 Passarela da Samaúma. Foto: ICMBio
Passarela da Samaúma. Foto: ICMBio

Localizado no município de Caracaraí, os 240 mil hectares do parque abrangem um mosaico de florestas aluviais, campinaranas e florestas de terra firme, em uma região com características típicas de um pantanal, no norte da Amazônia. O Parque Nacional do Viruá é um centro de referência para pesquisas ecológicas de longa duração, e tem a missão de integrar atividades de pesquisa e conhecimentos de biodiversidade ao desenvolvimento local.

O Sistema de Trilhas da unidade de conservação foi implantado justamente para dar suporte a inventários de biodiversidade e pesquisas de longa duração nos ecossistemas florestais do parque. Composto por doze trilhas de 5km cada, o sistema oferece 60km de trilhas para caminhadas em florestas e áreas abertas. Acessíveis a partir da sede da unidade, os percursos têm níveis variados de dificuldade.

A caminhada leve recomendada é a Trilha da Samaúma, onde uma passarela instalada para permitir a visitação de uma floresta alagável por pessoas com necessidades especiais e dificuldades de locomoção, assegura conforto e proteção aos visitantes. O curto percurso de 230m permite o contato com árvores de grande porte, como o amarelão e a belíssima Samaúma, e com a fauna da unidade, onde podem ser vistos pica-paus, primatas, esquilos e até mesmo peixes de igarapés nas épocas úmidas.

Parque Nacional de Anavilhanas, Amazonas

Parque Nacional de Anavilhanas. Foto: WikiParques
Parque Nacional de Anavilhanas. Foto: WikiParques

Uma expansão de 350 mil hectares localizada entre os municípios de Manaus e Novo Airão abriga um dos maiores arquipélagos fluviais do mundo. O Parque Nacional de Anavilhanas foi criado com o objetivo de preservar esta impressionante formação e suas diversas formações florestais. Além disso, visa estimular a produção de conhecimento por meio da pesquisa científica e valorizar a conservação do bioma Amazônia com base em ações de educação ambiental e turismo sustentável.

A área do Parque compreende 70% de florestas de terra firme e 30% de áreas de ilhas e igapó, legalmente protegidas. Nos períodos de seca, o visitante pode percorrer trilhas na floresta de igapó e as florestas de terra firme o ano todo. Nelas é possível conhecer e desfrutar de ecossistemas característicos do bioma amazônico.

A Trilha do Bariaú acompanha o rio de mesmo nome, considerado um dos mais bonitos do Parque por suas belas corredeiras, que ficam cobertas durante parte da estação da cheia. Corredeiras do Bariaú. Foto: Priscila Santos
A Trilha do Bariaú acompanha o rio de mesmo nome, considerado um dos mais bonitos do Parque por suas belas corredeiras, que ficam cobertas durante parte da estação da cheia. Corredeiras do Bariaú. Foto: Priscila Santos

A Trilha do Bariaú acompanha o rio de mesmo nome, considerado um dos mais bonitos do Parque por suas belas corredeiras, que ficam cobertas durante parte da estação da cheia. Entre as corredeiras, curtas e rasas, existem vários pontos para recreação e banho. Com uma duração de 2h00, o percurso de cerca de 1,5 km está localizado em uma das áreas mais remotas do parque, local que oferece boas chances para o avistamento de mamíferos diversos, como antas, pacas, porcos do mato e ariranhas. Apesar do baixo grau de dificuldade, recomenda-se a presença de um condutor, uma vez que a trilha não se encontra sinalizada.

Localizada na confluência dos rios Negro e Apuaú, que fazem limite com o parque, a Trilha do Apuaú somente pode ser acessada de barco. De dificuldade moderada, devido à extensão e declividade em alguns trechos, o visitante pode optar por percorrer trajetos mais curtos. O percurso total da trilha (ida e volta) é de cerca de 4 km, com duração aproximada de 2h30. A trilha atravessa igarapés e áreas de floresta em diferentes estágios de sucessão, sendo possível encontrar várias espécies frutíferas. É comum avistar tucanos, papagaios e outras espécies de aves se alimentando destes frutos na área.

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