Refúgio de Vida Silvestre Bicudinho-do-Brejo-Paulista é criado para proteger ave ameaçada de extinção


O bicudinho-do-brejo-paulista (Formicivora paludicola) é uma espécie criticamente ameaçada de extinção (CR) endêmica do estado de São Paulo. Descoberta em 2004, sua área de ocorrência é bastante restrita, podendo ser encontrado somente em brejos, como os do município de Guararema onde será o Refúgio de Vida Silvestre. Foto: Marco Silva

Na noite da última quinta-feira (24/10), a Prefeitura de Guararema (SP) assinou o decreto que cria o Refúgio de Vida Silvestre do Bicudinho-do-Brejo-Paulista (SP), a primeira unidade de conservação a proteger essa espécie rara, que somente ocorre na região e é criticamente ameaçada de extinção. A criação do refúgio contou com a participação da SAVE Brasil (Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil), em parceria com organizações locais da sociedade civil, como o Instituto Suinã e a Guaranature. 

O bicudinho-do-brejo-paulista é uma espécie criticamente ameaçada de extinção (CR) endêmica do estado de São Paulo, que só foi descoberta em 2004. Sua área de ocorrência é bastante restrita, podendo ser encontrado somente em brejos dos municípios de Guararema, Salesópolis, Mogi das Cruzes, São José dos Campos, Biritiba-Mirim e Santa Branca. Em 2016, a então Secretaria de Meio Ambiente de Guararema tomou conhecimento da ocorrência do bicudinho-do-brejo-paulista (Formicivora paludicola) na região por meio de ambientalistas e observadores de aves dos municípios vizinhos de Salesópolis e Mogi das Cruzes. A partir disso, a Prefeitura buscou por informações e parceiros que pudessem ajudar na preservação da espécie. 

Além de proteger o meio ambiente, o Refúgio deverá atrair pessoas do mundo todo para a observação de espécies ameaçadas de extinção, como a ave que dá nome à reserva. Foto: Thiago Costa

A concepção de uma unidade de conservação que protegesse o bicudinho e outras espécies de fauna da região foi discutida com a Fundação Florestal do Estado de São Paulo, que deu orientações acerca dos trâmites para criação de uma unidade de conservação. Além disso, a SAVE Brasil realizou, com apoio da American Bird Conservancy, da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e outras iniciativas, diversos levantamentos sobre a ocorrência e censo das populações da espécie em Guararema. A vasta pesquisa sobre o bicudinho e a implementação de ações relacionadas à conservação da espécie forneceram insumo para a discussão da criação do refúgio de vida silvestre.

De acordo com Ricardo Moscatelli, da Secretaria de Meio Ambiente e Planejamento Urbano do município, a unidade de conservação “protegerá não só o bicudinho-do-brejo-paulista, uma ave extremamente rara e ameaçada de extinção, como todos os elementos naturais da Bacia do Putim, outros animais ameaçados ou vulneráveis, a flora e os recursos hídricos. O Ribeirão Putim, que está todo dentro do Refúgio, é um importante tributário do Rio Paraíba do Sul, um dos rios mais importantes do país, cumprindo assim uma função ímpar na proteção e produção de água de boa qualidade.”

Além do bicudinho, a área também abriga outras espécies ameaçadas de extinção como o sagui-da-serra-escuro (Callithrix aurita), um primata endêmico da Mata Atlântica considerado como globalmente ameaçado de extinção, dentro da categoria Vulnerável. Os levantamentos da SAVE Brasil indicaram a existência de 253 espécies de aves em Guararema. Foram registradas também no município outras duas espécies ameaçadas de extinção em nível global e nacional: águia-cinzenta (Urubitinga coronata) e o pixoxó (Sporophila frontalis), que é uma das maiores vítimas do comércio ilegal de animais silvestres.

 

*Com informações da SAVE Brasil

 

 

 

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