A equipe de pesquisadores do Projeto Ilhas do Rio comemorou o sucesso da 2ª etapa de retirada do capim-colonião, espécie invasora, das ilhas do arquipélago carioca protegidas pelo Monumento Natural das Ilhas Cagarras (RJ). A invasora já dominava parte da paisagem da Ilha Comprida e, para impedir seu avanço da planta invasora, foi feito o replantio de espécies nativas de Mata Atlântica adaptadas ao ambiente insular. O plantio foi feito há 7 meses e, desde então, as mudas são monitoradas pela equipe do projeto. Na última visita foi constatado que cerca de 50% delas venceram o duelo contra o capim, estão crescendo firmes e até mesmo dando frutos!
O 1º plantio de nativas foi feito em 2014. Cerca de 40 vingaram e já se destacam acima do capinzal. Metade das 50 nativas plantadas em dezembro de 2018 seguem o mesmo caminho de crescimento, se somando à paisagem da ilha. Desde então, a equipe do Ilhas do Rio visita periodicamente o local para manutenção e análise. Além de cortar o capim no entorno de cada muda, os pesquisadores avaliam altura e diâmetro das plantas. O acompanhamento será feito até ficar constatado que as plantas estão prontas para sobreviverem sozinhas.
A área de atuação do projeto corresponde a um setor de 800 m² da Ilha Comprida. De acordo com o botânico Massimo Bovini, pesquisador do Jardim Botânico do Rio de Janeiro e coordenador do projeto de restauração florestal da ilha, o objetivo é descobrir a técnica mais eficiente de erradicação do capim-colonião para que futuramente possa ser aplicada em outras áreas da Ilha Comprida e também em outras ilhas costeiras que enfrentam o mesmo problema. “Esperamos erradicar o capim de vez naquele trecho, o que vai trazer de volta a fauna e consequentemente um solo mais fértil”, ressalta Massimo. O capim-colonião, espécie invasora, nativa do continente africano, se espalha facilmente e diminui drasticamente a biodiversidade de onde se estabelece, além de representar grande perigo de incêndio por ser de fácil combustão.
O Monumento Natural das Ilhas Cagarras é composto por 4 ilhas principais: Redonda, Palmas, Comprida e a que dá nome ao arquipélago, a Cagarra. Nelas, a vegetação de Mata Atlântica é marcada por palmeiras, bromélias e orquídeas com aspecto semelhante à vegetação de restinga. Segundo Massimo, a espécie que deu melhor resultado foi a aroeira (Schinus terebinthifolius) com 90% de sucesso. “Isto indica que é uma espécie pioneira deste tipo de ambiente”, explica. Em contrapartida, todas as mudas da espécie Maytenus obtusifolia (conhecida popularmente como carne de anta) morreram, o que, segundo o pesquisador, indica que são plantas que necessitam um melhor sombreamento, o que são chamadas de espécies tardias. Ainda sim, o experimento teve resultado surpreendente. “Como é uma área bastante difícil, não só de acesso, mas também de uma grande biomassa de capim, os resultados têm se mostrado muito satisfatórios. As mudas já alcançaram um porte e volume considerável e dificilmente morrerão”, comemora.
A iniciativa da recuperação da flora nativa é uma parceria do Projeto Ilhas do Rio, patrocinado pela Petrobras, com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão gestor da área protegida, e o experimento de restauração florestal é pioneiro em ilhas costeiras.