Nova espécie de lagarto é descoberta no Parque Nacional Serra de Itabaiana, em Sergipe


O nome Glaucomastix itabaianensis é uma referência à Serra de Itabaiana, o habitat do lagarto descoberto. Foto: Divulgação

No início dos anos 2000, a espécie de lagarto Glaucomastix abaetensis foi descoberta no Parque Nacional Serra de Itabaiana (SE). Anos depois, em 2019, a unidade de conservação é novamente terreno fértil para descobertas: uma profunda divergência genética entre as populações daquela espécie foi revelada na revista ZooTaxa, o Glaucomastix itabaianensis.

A nova espécie foi batizada em referência à Serra de Itabaiana, seu habitat mais preservado. A Glaucomastix itabaianensis apresenta uma pequena diferença da Glaucomastix abaetensis: a cor da cauda, verde – a de sua “irmã” é amarela. No entanto, “em outros aspectos não tão visíveis, perceberam-se distinções genéticas e morfológicas, como uma variação no número de escamas”, afirma Eduardo José dos Reis Dias, orientador da pesquisa que identificou o novo lagarto. 

Concluído em 2013, o estudo foi realizado como parte da tese de mestrado de Igor Rios do Rosário para a Universidade Federal da Bahia. A pesquisa planejava detectar padrões geográficos e eventos históricos responsáveis distribuição atual do abaetensis. Igor Rosário explica que as diferenças que separam as espécies não ocorreram há pouco tempo. “A divergência genética entre as populações, as quais constituem duas linhagens, aconteceu há, aproximadamente, 2,4 milhões de anos. E foi com base nessas novas características, tanto genéticas quanto morfológicas, que foi proposta essa nova espécie”, explica.

Além do Parque Nacional Serra de Itabaiana, o Glaucomastix itabaianensis também pode ser encontrado em restingas, que são as faixas de vegetação e dunas costeiras. Apesar de localmente abundante, a espécie corre risco de extinção devido a um hiato em sua distribuição – ela ocorre somente no parque nacional e no litoral de Sergipe, duas regiões geograficamente distantes – e à perda de seu habitat.

“Em um passado recente, as restingas ocupavam 70% da costa brasileira, mas agora estão altamente fragmentadas como resultado da exploração e ocupação humana ao longo dos últimos séculos. Logo, preservar esta espécie passa por proteger as já drasticamente reduzidas áreas onde encontramos este ecossistema”, explica Igor.

O Parque Nacional Serra de Itabaiana é a única área de proteção integral ao longo de toda a distribuição da população do itabaianensis, apesar de também estar suscetível à pressão que atividades econômicas fazem ao seu redor. Igor ressalta a importância dessas áreas para a continuidade dos ecossistemas. “Esperamos criar apelo adicional para estimular o estabelecimento de novas áreas protegidas na região que, por sua vez, contribuirão para a proteção de tantas outras espécies”, conclui.

 

*Com informações da comunicação da Universidade Federal de Sergipe

 

 

 

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