Pesquisadores descobrem sítio arqueológico na Floresta Nacional de Tefé


A expedição na região da Floresta Nacional de Tefé envolveu mais de 40 pessoas durante um mês de trabalho. Foto: Divulgação

Uma expedição arqueológica à comunidade Bom Jesus da Ponta da Castanha, na Floresta Nacional de Tefé (AM) encontrou indícios de que o local pode ter sido densamente povoado antes da chegada dos europeus. A expedição envolveu mais de 40 pessoas durante um mês de trabalho e encontrou uma grande quantidade vestígios arqueológicos de pelo menos 5 ocupações humanas diferentes no local.

Diferentes tradições indígenas são reveladas em conjuntos de vestígios em cerâmica, como vasos e urnas funerárias, com padrões decorativos e adornos similares e que estão relacionadas a períodos específicos. Dentre as descobertas estão cerâmicas da tradição Pocó que podem ser datadas de até 3.000 anos atrás. Além do material cerâmico, foram coletados carvões de sementes e material lenhoso, que permitirão uma maior compreensão das datas associadas às diferentes ocupações encontradas no local e de como elas se relacionavam com a paisagem.

O complexo arqueológico também é marcado pela presença de um vasto castanhal. O padrão não natural na dispersão das castanheiras é mais um indício de que a área abrigou uma grande quantidade de pessoas que, provavelmente, já manejavam essa e outras espécies vegetais há centenas ou milhares de anos. Outra evidência é a presença de terra preta – solo extremamente fértil associado a ocupações humanas de longa duração em um mesmo local.

Peças podem ser datadas de até 3.000 anos atrás. Foto: Divulgação

Rafael Lopes, pesquisador associado do Grupo de Pesquisa em Arqueologia e Gestão do Patrimônio Cultural da Amazônia do Instituto Mamirauá, conta que o impressionante do sítio foi a diversidade do contexto arqueológico. “Foi um mês de trabalho e se conheceu apenas 1% do sítio”, conta.

O trabalho de campo do Instituto Mamirauá também envolveu pesquisadores do seu Grupo de Pesquisa em Ecologia Florestal, que realizaram um inventário florístico do local procurando entender como o manejo humano pode ter influenciado na paisagem local. Os pesquisadores contaram com o apoio dos moradores da comunidade Bom Jesus da Ponta da Castanha que, além de trabalharam nas escavações, emprestaram suas casas e o centro comunitário para abrigar os cientistas. Também participaram da expedição pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal de Sergipe (UFS) e a Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa).

Eduardo Neves, arqueólogo do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP, considera que o sítio tem grande potencial para o estudo das diferentes ocupações que ocorreram nessa região da Amazônia. Não só pela parte da arqueologia, mas essa perspectiva de integração entre a arqueologia e a história da paisagem.

Assista aqui ao vídeo sobre o trabalho

 

*Com informações do ICMBio

 

 

 

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