Pesquisadores rastreiam onças na Estação Ecológica Taiamã


Um dos 15 animais pesquisado, o macho Fião foi capturado no dia 30 de novembro de 2011. Recebeu o nome em homenagem ao servidor Oélio Falcão de Arruda, o Fião, que auxiliava os pesquisadores em campo desde os primeiros projetos com onça pintada no Pantanal, em 1994. Foto: Acervo ESEC Taiamã

Em setembro de 2017, uma parceria entre o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (CENAP/ICMBio) e o Instituto Smithsonian Conservation Biology deu início ao projeto Movement of Life [Movimento da Vida], que se propõe a monitorar o movimento de onças pintadas (Panthera onca) na Estação Ecológica do Taiamã (MT). Há algum tempo, observadores perceberam que esses animais têm se aproximado dos humanos, algo incomum nos hábitos da espécie. Os resultados do estudo, conduzido por pesquisadores da unidade de conservação e das 2 instituições de pesquisa estão disponíveis e podem ser conferidos aqui.

O projeto selecionou 15 onças para o monitoramento: 8 machos e 7 fêmeas, todas adultas e capturadas ao acaso. Todas pertencentes ao bioma Pantanal, onde a espécie é classificada como “vulnerável”. Os animais foram monitorados entre 2013 a 2015 e os dados gerados devem subsidiar estudos para a estação ecológica e para compreender mais sobre a dinâmica desses animais.

O monitoramento utiliza colares GPS com transmissão de dados através do sistema Iridium que dispõe de 66 satélites. Os pesquisadores também utilizam armadilhas tipo laço que são instaladas em locais previamente avaliados. Antes da expedição de captura a equipe da estação ecológica registra as coordenadas e instala armadilhas fotográficas na região para identificar com precisão os locais de passagem dos animais.

Descobertas

Onças são rastreadas através de colares GPS. Foto: Acervo CENAP/ICMBio

Os dados gerados têm ajudado os pesquisadores a compreender o padrão de movimento e assim identificar quais áreas a espécie prefere, aumentando a confiabilidade na identificação de áreas prioritárias e corredores de movimento. São ações importantes para o estabelecimento de políticas públicas ambientais. De acordo com o chefe da unidade de conservação, Daniel Kantek, os dados obtidos até agora têm sido úteis para propor a criação de novas áreas com o fim de preservar melhor a população. Existe uma proposta de criação de um parque nacional no entorno da estação ecológica e um dos argumentos são as áreas de vida das onças.

Informações genéticas também subsidiam estudos maiores para comparar com outras populações do Pantanal. A indicação é de que existe um fluxo gênico entre as porções norte e sul do bioma sendo o Rio Paraguai o principal canal de fluxo. O que faz com que projetos de conservação para este rio também sejam fundamentais para a conservação destes felinos.

Os dados estão disponíveis em plataforma de livre acesso, o Movebank. Além disso, na página do CENAP, no GitHub, também é possível acessar mais informações.

Além da onça-pintada, conhecida em outros países como jaguar, o projeto Movement of Life monitora outras espécies como o elefante asiático (Elephas maximus), em Myamar; o órix-de-cimitarra (Oryx dammah), no Chade; a girafa-reticulada (Giraffa reticulata), no Quênia; o pelicano-marrom (Pelecanus occidentalis) e o tubarão-touro (Carcharhinus leucas), nos Estados Unidos.

 

*Com informações da Comunicação do ICMBio

 

 

 

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