Armadilhas fotográficas instaladas no entorno do Parque Estadual do Lagamar de Cananéia (SP) registraram a presença de um grupo de micos-leões-da-cara-preta (Leontopithecus caissara). A espécie de primata é considerada endêmica, isto é, existente apenas em uma área restrita nos Estados do Paraná e de São Paulo, na porção central da Grande Reserva Mata Atlântica, uma área que abrange 2 milhões de hectares contínuos desse bioma.
O registro faz parte da atividade de monitoramento da população realizada pelo Projeto de Conservação do Mico-leão-da-cara-preta, que teve início em março. Com os dados coletados por meio do monitoramento da espécie, a equipe do Projeto busca entender como os micos utilizam o local e qual é o estado de conservação da área, além de apoiar a gestão do Parque Estadual Lagamar de Cananéia (SP) e do Parque Nacional do Superagui (PR), moradia de boa parte da população da espécie.
A população estimada do mico-leão-da-cara-preta, classificada atualmente como ‘em perigo’ pela Lista Nacional de Espécies Ameaçadas de Extinção, é de apenas 400 indivíduos. De acordo com a coordenadora do projeto, Elenise Sipinski, as principais ameaças estão relacionadas ao isolamento de populações causado pela construção de um canal que separou o continente da ilha (Canal do Varadouro), promovendo desconexão de habitat, além de outros fatores, como a perda e fragmentação de áreas naturais continentais de distribuição da espécie.
Além disso, eventos climáticos extremos também representam uma grave ameaça a estes animais. A área dos registros foi atingida, em dezembro de 2018, por um forte ciclone, destruindo aproximadamente 2,7 mil hectares de florestas. Diante da preocupação com o impacto deste fenômeno sobre a espécie, a equipe do Projeto escolheu justamente a área atingida para instalação das câmeras. O registro dos micos nesta porção reforça a necessidade e a importância das ações de conservação como forma de manter condições adequadas à sobrevivência da espécie.
Como uma forma de engajar a comunidade nesta iniciativa e alertar para a importância da conservação do bioma, além de auxiliar na geração de novos postos de trabalho, dois moradores da comunidade local foram contratados pelo Projeto para auxiliar no trabalho de localização dos micos. Além disso, o Projeto prevê a realização de diversas ações de educação e mobilização, reuniões e encontros com representantes de órgãos governamentais e com as comunidades locais.
A iniciativa é executada pela Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS) com apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. Também conta com apoio do Primate Action Fund, Mohamed bin Zayed Species Conservation Fund e de instituições parceiras como a Fundação Florestal do Estado de São Paulo, o Departamento de Fauna da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do estado de São Paulo (DeFau), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o Instituto de Pesquisas Cananéia (IPEC), a Associação Mico-Leão-Dourado (AMLD), a Universidade Federal do Paraná (UFPR), da Plataforma Institucional Biodiversidade e Saúde Silvestre da Fiocruz, além das Prefeituras de Guaraqueçaba e de Cananéia.
Veja o registro
*Com informações da Assessoria de Imprensa PG1