Parque Nacional das Araucárias realiza 7ª soltura de papagaios-de-peito-roxo


Papagaio voa para fora do viveiro. Foto: Gabriel Brutti/Instituto Espaço Silvestre

O Parque Nacional das Araucárias (SC) deu início à 7ª soltura de papagaios-de-peito-roxo (Amazona vinacea), espécie ameaçada de extinção que, graças aos esforços da área protegida em parceria com o Instituto Espaço Silvestre voltam a ocupar os céus catarinenses. Os pesquisadores abriram a porta do viveiro onde estão os 33 papagaios que serão reintroduzidos pela primeira vez no dia 17/03, mas alguns indivíduos demoram dias até decolarem em voo de volta para natureza. O processo de soltura pode demorar até 15 dias. Tudo é feito no tempo dos papagaios.

Até o ano passado, o projeto já havia devolvido 153 papagaios-de-peito-roxo a natureza. A espécie, vítima até hoje do tráfico ilegal de animais silvestres, já foi considerada extinta na região e, graças aos esforços de reintrodução, as aves voltaram a colorir os céus do parque. As solturas tiveram início em 2010 e são realizadas anualmente pelo Instituto. A diretora técnica do instituto, Vanessa Kaanan, comemora os resultados: “os papagaios são vítimas do tráfico, passaram por um processo longo de reabilitação, não seria justo que uma atitude tão covarde como essa acabasse com sua chance de viver livremente, de poder dispersar sementes, de poder procriar e talvez até ser predado, mas integrar a natureza, fazer parte dela como deve ser”.

Desde o dia 17 deste mês, a equipe de biólogos e voluntários do Instituto abre a porta do viveiro todos os dias pela manhã e só a fecha no final da tarde. Nesse meio-tempo, os pesquisadores observam cada movimento dos papagaios, que aos poucos saem e exploram o ambiente ao redor do viveiro. De acordo com Vanessa, que também é membro da Comissão de Especialistas em Conservação de Translocação da IUCN, alguns saem e voltam inúmeras vezes até se sentirem seguros para não voltar mais.

“O que os faz sair é a vontade de explorar. Nós obviamente também fizemos manejo ao redor do viveiro, colocamos poleiros um pouco mais baixos e próximos para que eles tenham segurança. Dificilmente sairão voando sem saber para onde ir. Colocamos plataformas de alimentação na região para que os que decidam sair tenham suporte alimentar enquanto aprendem a se virar sozinhos, para que aprendam que árvores existem em volta, reduzimos a oferta de alimento dentro do viveiro”, conta a pesquisadora.

O viveiro é equipado com folhas, frutas espetadas, galhos de todos os tipos, que se assemelham aos poleiros naturais que encontrarão na floresta: duros, espinhosos como os das Araucárias, que balançam ou muito flexíveis como o bambu,. Também são colocadas plataformas com alimentos. Ou seja, o ambiente é preparado minuciosamente para que eles se sintam bem no novo espaço e se acostumem com os sons, a presença de outros animais, o clima, as intempéries, o dia e a noite, e se sintam tranquilos para voar para fora do viveiro.

Outra estratégia para facilitar a reintegração dos animais à mata é a presença de papagaios de solturas anteriores, que já estão absolutamente integrados e podem ajudar os novatos. “Quando os novos papagaios chegaram, os das outras solturas estavam lá. Estes observaram, emitiram sons para se comunicar, subiram na tela para chegar mais perto e interagir. Esse encontro é muito importante no processo de ambientação também”, conta Vanessa.

“Percebemos, ao longo dos anos, que quanto mais gradual for o processo, maiores as chances de sucesso, tanto em termos de sobrevivência, como do estabelecimento de uma população, ou de um grupo no local”, completa.

 

*Com informações Conexão Planeta

 

 

 

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