Parque Nacional da Tijuca irá reintroduzir arara extinta localmente há 200 anos


A arara-canindé está extinta do Parque Nacional da Tijuca há 200 anos. Foto: Pixabay/Acervo

O fim do ano é época de escrever as tradicionais listas com as metas para o ano seguinte. Nesse clima de expectativa, o Parque Nacional da Tijuca (RJ) anunciou um baita objetivo para 2019: a reintrodução da arara-canindé e do jabuti-amarelo. Ambas as espécies estão extintas localmente do parque carioca, sendo a arara há mais de 200 anos! A iniciativa faz parte do projeto Refauna Tijuca, feito em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e que já reintroduziu na área protegida a cutia e o bugio.

O anúncio foi feito durante o 7º Encontro de Pesquisadores do Parque Nacional da Tijuca, realizado no último dia 14. A novidade foi anunciada junto com a notícia de que o projeto Refauna Tijuca, que existe desde 2010, será prorrogado por mais 5 anos. A previsão é de que, ainda em 2019, sejam reintroduzidos 60 jabutis-amarelos (Chelonoidis denticulata) e 20 araras-canindé (Ara ararauna). Atualmente, a ave está extinta no estado do Rio de Janeiro, apesar de sua ampla distribuição fazer com que ela não seja considerada ameaçada de extinção em nível nacional ou internacional (na Lista Vermelha da IUCN a espécie aparece como “pouco preocupante”).

Nos próximos anos está prevista também a reintrodução de 15 macacos bugios (Alouatta guariba) e mais 20 cutias (Dasyprocta leporina), que se juntarão aos indivíduos da espécie já realocados no parque anteriormente. A reintrodução dos bugios teve início em 2014 (leia matéria sobre) e a das cutias em 2010 (leia aqui). Parte dos novos animais virá do Jardim Zoológico do Rio de Janeiro (RioZoo), que é um dos parceiros do projeto, e outra parte de apreensões de animais silvestres.

Dois jabutis-amarelos são analisados por pesquisadoras da UFRJ. Foto: UFRJ/Divulgação

Tanto o bugio quanto a cutia, assim como a arara e o jabuti são espécies que desempenham um papel fundamental para manutenção da floresta: o de dispersor de sementes. O gestor do parque, Ernesto Viveiros de Castro, destacou a importância de reconstituir todo o ecossistema e das interações ecológicas através da reintrodução. “Vários projetos são bem-sucedidos em reintroduções com foco na conservação de espécies ameaçadas, mas o foco na reconstrução do ecossistema é pioneiro no país. Muitas espécies se extinguiram localmente no processo de destruição e recuperação dessa floresta. Apesar de estruturalmente parecer uma floresta saudável, temos o que se chama de uma floresta vazia, onde a falta de animais importantes para a dispersão de sementes pode condenar muitas espécies vegetais ao desaparecimento a médio e longo prazo”, ressalta.

O trabalho do Parque Nacional da Tijuca e dos pesquisadores da UFRJ vai acontecer em etapas. Da aquisição dos animais até a soltura na mata, o processo leva, no mínimo, seis meses. Mas, a reintrodução em si leva anos. Primeiro, será feito o levantamento dos animais disponíveis com parceiros, em cativeiros, a identificação do local onde eles serão adquiridos, para então serem feitos os trâmites de licenciamento ambiental e transporte das espécies. Antes da soltura, são construídos ambientes de aclimatação dentro do próprio parque para os animais irem se adaptando com a floresta carioca.

Uma vez soltos, o projeto irá monitorar as populações para verificar o sucesso da reintrodução e mesmo observar se há necessidade de reforço populacional por algum motivo. A avaliação também vai comparar resultados anuais de germinação de sementes e diversidade de árvores em áreas com e sem as populações dos animais reintroduzidos, para acompanhar o impacto do trabalho dos novos dispersores de sementes na floresta.

 

*Com informações da Assessoria de Imprensa do Parque Nacional da Tijuca

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