O vídeo de uma onça-pintada (Panthera onca) no interior do Parque Nacional de Brasília (DF) foi motivo de festa entre pesquisadores e ambientalistas. A comemoração tem motivo: desde 1961, ano de criação do parque, o maior felino das Américas não era registrado por lá. Foram 58 anos no escuro sobre a presença – ou não – do animal na área protegida, que chegou a ser considerada localmente extinta. Graças a tecnologia das armadilhas fotográficas, que ajudam a registrar espécies naturalmente discretas, como a onça-pintada, veio a prova de que ainda há esperança para o felino no Distrito Federal.
O vídeo de apenas 10 segundos que mostra a onça, aparentemente um macho, caminhando em meio à mata foi feito em uma zona distante da área aberta para visitação, no final de 2017, e foi divulgado recentemente pelos pesquisadores (assista abaixo). Responsável pela descoberta, o grupo de 6 biólogos da instituição Brasília é o Bicho está agora monitorando o local onde a onça-pintada foi encontrada para entender se ela está de passagem ou se estabeleceu seu território no parque. No mês passado, os pesquisadores encontraram pegadas da onça no mesmo lugar.
“É fantástico ter ocorrido esse registro, pois trata-se de um animal ameaçado de extinção e atualmente com escassos registros no Cerrado”, comemora o agente da fiscalização e analista ambiental do parque nacional e da Reserva Biológica da Contagem (DF), Leonardo Mohr. O Cerrado já perdeu cerca de 50% da sua cobertura original e a fragmentação e destruição do habitat da onça no bioma é a principal ameaça para sobrevivência do animal na região.
De acordo com um dos biólogos do grupo Brasília é o Bicho, Fábio Hudson Souza Soares, a descoberta da onça depois de 58 anos é um sinal de que o ambiente está cumprindo seu propósito de conservação. “Se ela está lá, é sinal de qualidade do meio ambiente, já que a onça é um animal exigente, necessita de uma grande área para circular e de alimentos como porco selvagem, viado, capivara”, explica Hudson.
Há poucos dias, o Parque Nacional de Brasília registrou a presença de outro animal ameaçado de extinção, o tatu-canastra (Priodontes maximus).