Uma conversa com Peterson de Almeida


Alberto Peterson de Almeida. Foto: Arquivo Pessoal
Alberto Peterson de Almeida. Foto: Arquivo Pessoal

No dia a dia, Alberto Peterson de Almeida trabalha na manutenção de trilhas, na prevenção e combate a incêndios florestais e na guia de visitantes perdidos nas trilhas do Parque Nacional da Tijuca (RJ). Nas horas vagas, este jornalista de formação se rende à sua paixão pela fotografia em trabalhos pessoais e como freelancer. Na união destas duas vocações nasceu a foto que lhe rendeu a vitória da 2ª etapa do Concurso WikiParques 2015.

O Blog do WikiParques conversou com Peterson para saber mais sobre parques, fotografia e a foto que lhe deu a vitória da etapa. Leia:

WikiParques: O que o levou a se interessar pela fotografia de natureza?

Peterson de Almeida: Acho que o que me levou para este lado da fotografia foi a admiração que tenho pelos Parques Nacionais do Brasil. São biomas tão diferentes em um mesmo país que fico impressionado. Como pode ser tão bela a Caatinga, por exemplo, com todos os seus espinhos e seca e aquela beleza tão particular. Aqui mesmo no Rio, o mar e a montanha tão próximos no verde das florestas que se mistura com o acinzentado das rochas e o azul do mar. Quando subo no alto de uma montanha fico muito feliz por poder ver todas estas tonalidades, diversidade de cores e texturas. A minha maneira de expressar esta felicidade é fotografar e poder mostrar para outras pessoas tudo que eu pude ver. É a oportunidade que tenho de congelar aquele momento para ver no futuro e compartilhar com os amigos.

Mas acho que o start mesmo se deu quando eu vi o trabalho do fotógrafo Marcos Sá Corrêa no livro ‘Itatiaia: O Caminho das Pedras’. Saí de Volta Redonda, cidade onde nasci e morava na época, para ir ao lançamento deste livro no Jardim Botânico do Rio de Janeiro e ganhei uma cópia autografada pelo Marcos. Acho que devo ter ficado o mês inteiro vendo o livro e não acreditando naquelas imagens. Como aquilo era possível? Todas aquelas fotos em macro de sapos e besouros minúsculos, as paisagens, as diversas formas de olhar e interpretar a natureza. Fiquei com uma vontade enorme de fazer fotos parecidas com aquelas. Quase que devorava o livro na procura de dicas e técnicas usadas por ele. Até hoje tenho o livro la na minha estante, junto com outros (o mais novo deles o do Araquém Alcântara) e de tempos em tempos recorro a eles para ter inspiração e buscar novos desafios.

Quais foram as áreas protegidas mais bonitas que você já fotografou?

Fotografo muito o Parque Nacional da Tijuca pela proximidade, mas a parte alta do Parque Nacional do Itatiaia também me encanta. Todas aquelas rochas espalhadas e vegetação característica da altitude. Incrível! Ali no entorno do Parque do Itatiaia tem também a Pedra Selada, onde acho que foi o mais belo nascer do sol que já vi e, felizmente, também fotografei. Sempre que visito a região de Itatiaia é certeza de muitos cliques.

Qual área protegida você gostaria de fotografar mais ainda não teve a oportunidade? O que você fotografaria por lá?

Putz, tem tantos… Posso fazer uma lista para você. (risos) Mas se for pra escolher um eu acho que iria para o Parque Nacional da Chapada Diamantina. Gosto muito dessa história de fotografar as coisas do alto. Subir numa montanha e poder ver as coisas lá de cima, até onde a visão alcança. E lá, o horizonte parece não ter fim. O que me chama a atenção na Chapada são os cânions, mas vistos de baixo: aquele corredor com imensos paredões.

Conte um pouco sobre a foto vencedora do concurso. Onde ela foi tirada? Foi uma foto difícil de fazer?

Gosto muito dessa fotografia, principalmente pelo fogo, a imagem distorcida pelo calor e o brigadista lá atrás, meio que ‘guerreiro solitário’. A imagem me transporta para aquele cenário e eu gosto muito quando isso acontece. Agradeço muito por ter tido a oportunidade de fazer esta fotografia.

Esta imagem foi feita durante uma queimada no entorno do Parque Nacional da Tijuca, mas que arriscava avançar para dentro da UC (mais precisamente na área da Pedra Bonita). A maior dificuldade foi que tive que pensar em várias coisas ao mesmo tempo: fazer a fotometria, o enquadramento, resistir ao calor intenso — já que por não estar com uma lente zoom precisei ficar próximo da cena –, sem falar na preocupação com a câmera que já estava quente pelo forte sol do dia. O calor das chamas piorava a situação mais ainda e o medo também de entrar fuligem na lente. Um monte de preocupações e receios, mas achei o resultado incrível!

Alguma dica para amadores que querem fotografar a natureza?

É engraçado eu dando dicas, já que vivo procurando, pesquisando e conversando (sempre que posso) com os fotógrafos mais experientes atrás dessas dicas. (risos) Mas uma coisa que sempre digo para os amigos é: “Esteja sempre com a câmera!” Porque de nada adianta estar no lugar certo, na hora certa, se você não estiver com o equipamento. Ainda mais quando se trata de fotografias de animais e insetos, que se não fizer a foto na hora dificilmente terá outra chance.

 

 

 

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