Na última quinta-feira (30/11), o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) lançou o site “Visite Parques Estaduais do Rio de Janeiro” com o objetivo de divulgar as unidades à população e promover o uso público. A nova plataforma reúne informações como uma lista das trilhas, atrativos e dos condutores credenciados para guiar os visitantes e você pode ler aqui a matéria completa que o WikiParques fez sobre o lançamento.
Uma das principais responsáveis pela criação do site, um trabalho que começou há dois anos, a coordenadora de Visitação, Negócios e Sustentabilidade, Manuela Tambellini, conversou com o WikiParques sobre o conteúdo e as expectativas do órgão ambiental para o futuro da visitação nas 12 unidades de conservação abertas ao turismo.
Leia a entrevista que o WikiParques fez com a coordenadora após o lançamento:
WikiParques: Como nasceu o projeto do site “Visite Parques Estaduais do Rio de Janeiro”?
Manuela Tambellini: Esse foi um projeto que nasceu há dois anos, mas é uma ferramenta que já é desejada há muito mais tempo, há uns quatro anos que nós adotamos essa política pública de incentivo à visitação. Porque o grande objetivo dos parques, sejam nacionais, estaduais ou municipais, é a visitação, o ecoturismo. Mas não adianta a gente convidar as pessoas para visitarem os parques se nós não damos o endereço, não mostramos para eles o que vão encontrar. Mas se a nossa casa não estivesse arrumada, como nós iríamos receber as visitas? Então nós tivemos todo um cuidado de “arrumar a casa”, ou seja, preparar as trilhas, fazer a aproximação e capacitação dos condutores de visitantes. E na medida em que isso foi acontecendo e que os visitantes foram chegando, nós percebemos que cada vez mais pessoas queriam essas informações, como chegar, fotos dos atrativos, e nós não tínhamos essa ferramenta. E nada melhor do que um site para isso. Talvez hoje algumas pessoas achem que seria melhor um aplicativo, mas há quatro anos atrás nós pensamos em um site e como todo projeto público, é necessário licitar, e isso leva tempo. Para fazer um site com informações do estado inteiro, sobre múltiplos atrativos naturais, envolve o setor de turismo e setor ambiental, e você precisa contar com os braços que estão nas unidades. Então os gestores e os guarda-parques, que vivem o dia-a-dia da unidade, foram fundamentais para nos ajudar com conteúdo, desde fotos até o mapeamento das trilhas, com a classificação do nível de dificuldade e a duração. Isso tudo foi com ajuda deles e com o apoio do Instituto Terra de Preservação Ambiental.
E como foi o processo de construção dessa plataforma?
O site reúne também informações que vieram de outros momentos, como por exemplo os guias de trilha, disponíveis para os parques estaduais do Desengano, da Serra da Tiririca e da Pedra Branca. Esses livros são um outro produto, feitos dentro de uma outra linha, mas que também agrega para nós nesse site. Porque a verdade é que o site hoje é o resultado de um trabalho que vem sendo construído pelo Inea há 10 anos e engloba tudo: o Programa de Guias e Condutores; o Programa de Voluntário Ambiental, que devemos lançar na segunda quinzena de dezembro. Engloba também o nosso recorde de 160 quilômetros manejados de trilha no ano, assim como a sinalização que envolve toda uma discussão de identidade visual, representada pelos logos personalizados de cada unidade. Nós agregamos também o Vem Passarinhar RJ, o nosso programa de observação de aves, e ali oferecemos um produto bem palpável que é o guia de aves que, inclusive, contou com a doação de fotos de dezenas de observadores de aves. E com esse material conseguimos produzir um guia de aves para cada parque e para Reserva Ecológica Estadual da Juatinga. Isso é lindo e reforça nosso convite, nós queremos vocês aqui e esses são os materiais para vocês usarem.
Além disso, é interessante ressaltar que o site foi financiado com recursos de compensação ambiental e isso é muito legal porque a compensação ambiental é muito direcionada à regularização fundiária ou outros projetos que não estão voltados ao incentivo à visitação. E essa é uma possibilidade de uso do recurso, melhorando a infraestrutura e informação para visitantes, através do qual você consegue facilmente dar um retorno desse investimento à sociedade.
Quais são os dados atuais de visitação dos parques?
Nós atualmente recebemos mais de 3 milhões de visitantes ao longo do ano. Os mais visitados são o Parque Estadual Costa do Sol, com cerca de 1.700.000 visitantes; seguidos pelo Parque Estadual da Ilha Grande, com 800 mil; pelo Parque Estadual da Serra da Tiririca, com 320 mil; pelo Parque Estadual da Pedra Branca, com 200 mil; e, em quinto, a Reserva Ecológica Estadual da Juatinga, com 160 mil visitantes. Os outros parques ainda contabilizam menos de 50 mil visitas anuais.
Conforme você mencionou, muita gente hoje em dia prefere um aplicativo para navegar no celular. Essa é uma possibilidade futura para o projeto?
Atualmente, em termos de melhorias, nós temos um projeto para transformar o site em bilíngue, e os recursos para isso já estão aprovados. Quanto a se tornar um aplicativo, isso ainda está em discussão, porque há quem ache que os usuários já estão saturados de apps. Eu realmente não sei, a única coisa definida até então é transformá-lo em bilíngue. Mas com o apoio da GETEC [Gerência de Tecnologia da Informação do Inea] nós vamos discutir outras ferramentas que podemos trazer para dentro do site, como um espaço para avaliação dos usuários. São infinitas possibilidades.
No site, há uma seção que fala sobre os atrativos do entorno. Qual a estratégia por trás disso?
Essa é uma chance de você promover turisticamente o município. Normalmente o parque se estende por mais de um município e com isso você divulga os atrativos dessas cidades. Essa é uma ferramenta para que cada secretaria municipal de turismo possa divulgar e colaborar também com o site. Nossa interlocução com as prefeituras foi feita através da Secretaria de Estado de Turismo e a TURISRIO e nós precisamos muito do apoio deles para melhorar o site no que diz respeito à informação dos municípios.
Como é a relação com os condutores credenciados do Inea e como foi a recepção deles ao site?
Os condutores comemoraram mais ainda a criação desse site porque eles nos cobravam muito à respeito disso. Nós já tínhamos a lista dos condutores credenciados dentro do portal tradicional do Inea, mas esse portal não fala a língua do turista, do cidadão comum, ele fala a linguagem de quem quer fazer um licenciamento ambiental. E o grande objetivo do site também é esse, trazer uma interface acessível e atraente para turistas. Para os condutores isso é ótimo. O diálogo com eles é muito próximo e essa é mais uma ferramenta para eles na relação junto ao visitante. Cada um deles participou de um processo de cerca de seis meses para concluir sua capacitação, portanto são fruto de um investimento do estado naquela localidade, principalmente para pensar o parque como vetor de desenvolvimento econômico, cultural e de sustentabilidade local.
Qual a importância de separar um espaço de destaque dentro do site para o Programa Voluntário Ambiental e o que você pode adiantar sobre o iniciativa?
A previsão de lançamento oficial do programa é entre 7 e 15 de dezembro, mas por enquanto os interessados em participar já podem fazer um pré-cadastro no site. Atualmente nós já temos voluntários e o programa já acontece, mas em formato piloto e por isso ainda não houve o lançamento. Já existe a norma nº 138 [de 2016] em que você institui os tipos de voluntários. Há voluntariado nos hortos e até mesmo na Gerência dos Serviços Florestais (GESEF), não apenas nas unidades de conservação. O nosso grande objetivo com esse programa é o desenvolvimento da cidadania. Você dá a oportunidade para o cidadão contribuir de fato com a gestão ambiental do estado. Existe uma portaria até bem antiga sobre trabalho voluntário ainda da época do IEF, mas era um processo extremamente burocrático que dava lentidão ao programa. Então nós trouxemos mais agilidade a esse processo e trouxemos também um maior reconhecimento ao voluntário. Nós damos crachá, camiseta, oferecemos um plano de trabalho. E ter essa chamada no site já direciona as pessoas a dizerem em qual parque elas querem se doar.
Agora que o convite está oficialmente feito aos visitantes e o site está pronto, qual o desafio?
Nós possuímos uma visitação grande em alguns parques e esperamos aumentar ainda mais o número de visitantes com a divulgação no site, mas nós queremos, principalmente, que o visitante saiba que está dentro de um parque. Porque isso traz uma sensibilização maior quanto à importância da existência – e permanência – daquela unidade de conservação. Nós queremos que os visitantes saibam para onde estão indo. E nós queremos também melhorar o site. Ele ainda não está totalmente pronto, muito menos perfeito, e nós precisamos dos municípios contribuindo com as informações, precisamos do retorno dos usuários, e por aí vai, o objetivo é melhorar.