Minas Gerais pode ganhar uma nova área protegida. A proposta de criação do Parque Estadual Serra Negra da Mantiqueira (MG), uma área de 6.800 hectares na região sul do estado, será debatida nas próximas semanas em consultas públicas com os municípios envolvidos. O limite proposto para unidade de conservação abrange quatro: Olaria, Lima Duarte, Rio Preto e Santa Bárbara do Monte Verde. Segundo o Instituto Estadual de Florestas (IEF-MG), as audiências devem ocorrer até o dia 20/10. Nelas, serão fornecidas informações sobre a proposta para população local e outros atores interessados, que poderão se posicionar sobre a criação da unidade.
Área inserida no maciço da Serra Negra da Mantiqueira, a unidade será marcada pela presença de campos rupestres, e pelo encontro dos biomas Mata Atlântica e Cerrado. De acordo com o estudo técnico que serviu como base para proposta, o objetivo da criação do parque é “a preservação de áreas estratégicas para conservação da biodiversidade, especificamente da fauna e flora ameaçadas de extinção e endêmicas, bem como a proteção de importantes mananciais tributários dos rios do Peixe e Preto, como os ribeirões do Funil, Conceição e o rio Monte Verde, áreas de recarga hídrica, além de ordenar a atividade turística aos inúmeros atrativos existentes, possibilitando o fortalecimento do turismo na região e consequentemente a melhoria da renda das comunidades localizadas no entorno da futura Unidade de Conservação”.
O sudeste de Minas Gerais já é um conhecido destino de ecoturismo graças ao Parque Estadual do Ibitipoca (MG), localizado no município de Lima Duarte, a cerca de 28 quilômetros de onde espera-se criar a nova unidade de conservação estadual. Os atrativos da Serra Negra da Mantiqueira não deixarão a desejar aos fãs de Ibitipoca: são inúmeras cachoeiras, grutas, cânions, montanhas e mirantes. Além disso, a região possui um grande potencial para receber travessias de caminhada.
Segundo o levantamento do IEF, “está em estudo preliminar a possibilidade da formatação de cinco travessias diferentes, cruzando trilhas em toda a sua extensão e culminando em diferentes comunidades e municípios no entorno. Estas travessias darão acesso aos principais atrativos da futura UC, utilizando os caminhos já existentes e novos acessos que poderão ser determinados após a elaboração de estudos específicos. O potencial de desenvolvimento de novos produtos e roteiros turísticos na Serra Negra e em seu entorno poderá se concretizar em curto prazo, devido à grande demanda já existente na região, atualmente atraída pelo Parque Estadual do Ibitipoca”.
Riqueza na flora e fauna
Entre os dados levantados pelo estudo na Serra Negra da Mantiqueira, estão números que dão provas da rica biodiversidade do local. Na categoria flora, por exemplo, foram identificadas 31 espécies ameaçadas de extinção, como o xaxim (Dicksonia sellowiana), o palmito-doce (Euterpe edulis) e o sabugo-do-diabo (Arthrocereus melanurus subsp. magnus). Foram registradas também cinco espécies de flora endêmicas da Serra Negra.
A biodiversidade se estende aos céus, onde o levantamento de avifauna identificou 118 espécies em apenas 4 dias. Um dado que “seguramente, com a realização de novas vistorias de campo, pode ultrapassar o número de 300 espécies”, aponta o estudo. Com relação aos mamíferos, foram registradas 24 espécies, quatro consideradas como quase ameaçadas e uma classificada como vulnerável à extinção, de acordo com as listas vermelhas de espécies ameaçadas de extinção nacional e global (IUCN Red List). Entre elas o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), o gato do mato (Leopardus tigrinus) e a lontra (Lontra longicaudis).
O estudo está disponível para download através do link do IEF-MG.