Floresta Nacional do Ibura
Embora seja uma das menores Unidades de Conservação de Uso Sustentável do Brasil, possui importância no contexto nacional tendo em vista a preservação e conservação do que ainda existe da Mata Atlântica no Estado de Sergipe, abrigando algumas espécies ameaçadas de exinção da fauna e flora.
Floresta Nacional do Ibura |
Esfera Administrativa: Federal |
Estado: Sergipe |
Município: Laranjeiras (SE) e Nossa Senhora do Socorro (SE) |
Categoria: Floresta |
Bioma: Mata Atlântica |
Área: 144,14 |
Diploma legal de criação: Dec s/nº de 19 de setembro de 2005 |
Coordenação regional / Vinculação: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - CR6 - Cabedelo |
Contatos: Endereço: Rodovia BR-101, Km 85 - Zona Rural - Nossa Senhora do Socorro/SE - CEP: 49.160-000 E-mail: flonaibura.se@icmbio.gov.br<br. Telefone: (79) 3279-1818 |
Índice
Localização
Limita-se a norte com área de manguezal e Rio Cotinguiba, ao sul com a Ferrovia Centro Atlântica S/A e com propriedade da Prefeitura Municipal de Nossa Senhora do Socorro, a leste com a faixa de domínio da Rodovia BR-101 e a oeste com propriedade de terceiros.
Como chegar
O acesso à Flona efetuado a partir de Aracaju é realizado principalmente por meio da rodovia pavimentada BR-101 em direção ao norte, no trecho é pista dupla e se encontra em boas condições de trafegabilidade. Seguindo aproximadamente por 0,5 km nessa rodovia,após passar a entrada para o município de Nossa Senhora do Socorro, se econtra a entrada principal da Flona, porém o acesso não se dá diretamente, existe a necessidade de fazer o retorno no trevo que dá acesso a sede do Município de Laranjeiras a cerca de 3,5 km do pórtico de entrada da Flona, tendo em vista a duplicação da BR-10 nesse trecho.
O deslocamento no interior da Flona é realizado por cerca de 20 km de estradas e trilhas estabelecidas, 09 km são de estradas não pavimentadas, com aproximadamente 2 metros de largura, em razoável estado de conservação.
Ingressos
Onde ficar
Objetivos específicos da unidade
Promover o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais, a manutenção de banco de germoplasma in situ de espécies florestais nativas, inclusive do bioma Mata Atlântica com formações de floresta estacional semidecidual nos estágios médio e avançado de regeneração, em associação com manguezal, a manutenção e a proteção dos recursos florestais e da biodiversidade, a recuperação de áreas degradadas e a pesquisa científica.
Histórico
O nome “Ibura” decorre do antigo Horto Florestal que é a origem desta Unidade de Conservação da Natureza, tendo sido modificado apenas de Horto Florestal do Ibura para Floresta Nacional do Ibura. Para a denominação deste local como Ibura existem duas hipótese: i) comenta-se que seu nome remonta uma antiga fazenda que nos idos de 1917 existia na área e onde havia um muar que costumava fugir de sua pastagem para se abrigar no local e a comunidade da região comentava que “o burro do Ibura estava na área” e com isso o nome ficou instalado, ii) acredita-se que o nome Ibura tenha origem em tribos indígenas que habitavam a região porém não foi possível confirmar essas hipóteses. O nome Ibura, originário da língua tupi significa "água que arrebenta", possivelmente em decorrência de fontes de água existentes na localidade.
Como área pública, já teve várias destinações, sendo a mais antiga registrada no início do século passado, mais exatamente em 1917, quando a área foi adquirida pelo Estado de Sergipe para instalação do Posto Zootécnico, criado pelo poder público estadual para apoiar o desenvolvimento da pecuária em Sergipe.
Em 2004, deu-se o inicio da negociação e dos estudos para que a área tivesse uma destinação que melhor se enquadrasse nas categorias de Unidades de Consevação do SNUC.
Atrações
No entorno da Flona do Ibura, o Centro Histórico da Cidade de Laranjeiras teve seu conjunto arquitetônico, urbanístico e paisagístico tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 1996. A estrutura urbana da cidade está razoavelmente preservada em seu traçado urbano original, resultado de um padrão de colonização portuguesa, são cerca de 500 imóveis tombados no centro histórico.
Aspectos naturais
Solo
Predominam os solos do tipo vertissolos, com ocorrência de podzólicos vermelho amarelo e rendizinas.
Geologia
A constituição geológica predominante é de rochas carbonáticas, de idade cretácea, pertencente ao grupo Sergipe da Bacia Sedimentar Sergipe - Alagoas, representado pela formação Cotinguiba, membro Sapucarí. Em menores proporções aparecem os sedimentos terciários da formação Barreiras.
Hidrografia
Está situado na sub-bacia do rio Cotinguiba que compõe a bacia hidrográfica do rio Sergipe.
Relevo e clima
Relevo
A topografia predominante do Ibura é a de relevo suave ondulado, com elevações de altitude relativas da ordem de 22 metros apresentando declive suaves, de 3 a 8%.
Clima
A Floresta Nacional do Ibura localiza-se na porção do Estado cujo clima é da região tropical úmida, caracterizado por uma alta precipitação (média de 1.355 mm/ano) e umidade relativa alta (média anual de 80%). Os períodos, chuvoso e seco, são bem marcados, sendo o inverno chuvoso, com maior precipitação de abril a julho e uma estação de verão seca de outubro a janeiro. A evaporação é um pouco abaixo das observadas nas regiões interiores do Estado com valores acima de 1.000 mm/ano, sendo os valores mais altos observados no verão. A média de temperatura fica em torno de 25ºC, com uma temperatura mínima média anual em torno de 20ºC e uma média máxima acima de 29°C.
A pluviometria na área da Flona é o padrão dessa região, com maiores valores supostamente registrados para o período de abril a agosto, porém, desde 2006, quando foi iniciado o registro destes parâmetros, por meio de um pluviômetro agrícola instalado na Flona, não foram observados padrões fixos para as quantidades de chuva e nem ao menos para períodos.
Fauna e flora
Fauna
A fauna da Flona do Ibura caracteriza-se por poucas espécies e essas têm ampla distribuição geográfica em Sergipe e no nordeste. Provavelmente a baixa riqueza se deve: à Flona do Ibura ter um tamanho muito pequeno, à proximidade com a BR 101 (asfaltada, duplicada e com barreira entre as pistas), pressão de caça e coleta, e à facilidade de acesso que favorece os atos ilícitos, em razão de sua localização (Grande Aracajú). O uso da área no passado, com substituição de parte dos ambientes originais, condicionando o atual estagio de regeneração dos mesmos, também contribui para este quadro.
Entretanto, mesmo com toda a modificação na composição e diversidade da fauna, a Floresta Nacional do Ibura ainda pode ser considerada uma área importante para conservação dos grupos faunísticos, pois muitas destas espécies da mata atlântica acham aí o seu refúgio, por ser um dos últimos fragmentos de mata da região e pela diversidade de habitat.
Já foram registradas, na Unidade, 107 espécies de aves distribuídas em 37 famílias e 15 ordens, dentre elas, está catalogada como vulnerável segundo a UICN, a chorozinho-de-papo-preto Herpsilochmus pectoralis.
A riqueza de mastofauna observada até o momento na Flona foi de 37 espécies distribuídas em 18 famílias e 8 ordens. Por meio de pesquisa científica foram confirmadas a presença de 7 ordens, 11 famílias e 17 espécies de mamíferos não voadores, além de 4 famílias e 13 espécies de morcegos.
Duas espécies de mamíferos registradas na Flona do Ibura constam na lista brasileira de espécies ameaçadas de extinção: a preguiça-de-coleira Bradypus torquatus, na categoria de vulnerável (VU), e a lontra Pteronura brasiliensis, classificada como como em perigo (EN).
Flora
A vegetação da Flona do Ibura, segundo a Classificação do IBGE, compreende formações de floresta estacional semidecídual e manguezal associado.
A vegetação está, em sua grande maioria, nos estágios médio e avançado de regeneração. Da área total da Flona do Ibura, 81% está coberta pela Mata Atlântica, 6% por Manguezal, 9% por Bosques de Eucalipto e 4% Pastagens.
As comunidades do entorno utilizam a vegetação da Flona do Ibura Flona para diferentes usos, tais como lenha, matéria prima para artesanato, frutos, estacas e madeiras para uso na construção e reforma de suas residências, mesmo sendo uma atividade ilegal. Os artesãos da região têm pretensão de usar o cipós existentes na Unidade, entretanto não existe ainda um documento que oficialize e estabeleça as regras para tornar a atividade como sustentável.
Problemas e ameaças
Roubo de madeira e o corte de árvores para extrativismo de seus frutos. A madeira, em sua grande maioria, é utilizada para lenha pela comunidade no entorno imediato da Flona.